quarta-feira, 2 de março de 2011

Um Tipo Diferente de Fariseu



por Brad Ruggles
Cresci em um ambiente legalista e rígido, que dava muito valor à aparência externa – como você se veste, o que você disse, o que você escutou, etc. Eu tinha três ternos para ir à igreja (3 vezes por semana) para vestir o meu melhor para Deus. Eu não tive uma televisão na maior parte da minha infância, por causa da “influência do mundo”. E ouvia apenas música cristã bem conservadora, porque me ensinaram que todas as outras músicas me afastariam de Deus.
Resumindo: eu era um bom fariseuzinho.

Com vinte e poucos anos, lentamente passei a fugir das armadilhas do legalismo. Comecei a ver que Deus era muito maior que a caixinha em que eu O havia confinado. Comecei a experimentar a alegria da liberdade e da graça, e me permita dizer: foi maravilhoso!
Eu troquei meus ternos e gravatas por camisas de rock e jeans rasgado.
Eu assisti a alguns filmes. Eu nunca pude vê-los enquanto crescia.
Eu troquei meus hinos por algo com mais batida e guitarra.
Eu percebi que Deus estava mais preocupado sobre meu coração que sobre como eu me apresento exteriormente. Ele queria um relacionamento, não religião.
Quanto mais eu começava a experimentar a graça de Deus, mais reagia e me afastava do legalismo em que cresci. Eu não queria nada mais com a subcultura cristã de “camisetas cristãs” e adesivos bregas de para-choque. Comecei a rir um pouco disso… eu usava uma camisa que estampava simplesmente “CAMISETA CRISTÔ (tenho que admitir, ainda é uma das minhas camisas favoritas).
Decidi que, se algum dia eu plantasse uma igreja, “Autenticidade” estaria no topo dos nosso valores fundamentais, pois se você não está sendo autêntico, você é um “deles”. E por “eles”, quero dizer as pessoas que vão à igreja todo domingo usando ternos enquanto ligam a rádio cristã em seus carros com adesivos de para-choque cristãos.
Tenho visitado igrejas nos últimos anos e escolhido meu guarda-roupa somente para “testar as águas”. Meu jeans e camiseta esburacados terão uma reação? Queria ter uma tatuagem para mostrar… o que eles pensariam disso? Embora eu talvez não expressasse minhas intenções tão descaradamente se me perguntassem, as atitudes estavam definitivamente sob a superfície.
Então, há algumas semanas, estávamos visitando uma igreja (eu estava vestindo jeans e camiseta, claro) em que a mensagem era sobre fariseus contemporâneos. Eu seguia tudo o que era dito, porque se havia uma coisa que eu não podia suportar era alguém que tenta vestir, falar e agir de uma certa maneira para provar seu relacionamento com Deus.
E então o pastor disse algo que me atingiu como uma tonelada de tijolos:
“Deus não está mais impressionado com nossas camisetas que com nossas gravatas”.
Espere um pouco: ele realmente quis dizer “Deus não está mais impressionado com nossas gravatas que com nossas camisetas”, certo? Afinal, eu estou vestindo uma camiseta na igreja, o que prova quão autêntico eu sou…
Oh.
Sem perceber, eu tinha trocado uma forma de hipocrisia por outra mais nova e legal. Desenvolvi uma autenticidade autojustificadora que me levou a rebaixar alguém que vestisse ternos ou cantasse hinos. Minha fé era mais real, mais “autêntica” que a deles.
Eu era apenas um tipo diferente de fariseu.
Eu tinha caído na mesma armadilha de que tentei fugir por tantos anos – comecei a agir como se Deus, de alguma forma, se impressionasse com o quão “autêntico” eu era exteriormente.
“Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura… porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração.” (1 Samuel 16.7)
Autenticidade é uma coisa engraçada. Deus a deseja, mas Ele não precisa dela. Ele já nos conhece interiormente. Não podemos guardar segredos de Deus. Autenticidade é mais sobre como agimos em relação aos outros. É importante ser “verdadeiro” com os outros, mas se não formos cuidadosos, nossa autenticidade pode tornar-se um distintivo que carregamos. Deus odeia máscaras… mas ele também odeia distintivos.
Não deixe sua calça hipster, suas bandas de louvor atuais ou Bíblia no iPhone te ludibriarem a pensar que você é de alguma forma mais perto de Deus que o cara de terno sentado no banco.
Talvez isso seja apenas algo que tive de combater. Mas, se alguma coisas dessas ressoam em você também, então minha oração é que possamos arrancar toda “autenticidade” farisaica que obstrui um relacionamento genuíno com Deus.

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