terça-feira, 28 de agosto de 2012

Missões, um investimento de consequências eternas - Hernandes Dias Lopes



Jesus, o Filho de Deus, deixou a glória que tinha com o Pai, no céu, e veio ao mundo, encarnou-se e habitou entre nós. Veio como nosso representante e substituto. Veio para morrer em nosso lugar. Seu nascimento foi um milagre, sua vida foi um exemplo, sua morte foi um sacrifício vicário, sua ressurreição uma vitória retumbante. Jesus concluiu sua obra redentora e comissionou sua igreja a ir por todo o mundo, proclamando o evangelho a toda a criatura. Por essa razão, a obra missionária merece nossos melhores investimentos. Destacamos, aqui, dois investimentos que devemos fazer na obra missionária:

Em primeiro lugar, o investimento de recursos financeiros. A Bíblia diz que aquele que ganha almas é sábio (Pv 11.30). Investir na obra missionária é fazer um investimento para a eternidade; é fazer um investimento de consequências eternas. Nada trouxemos para este mundo nem nada dele levaremos. Os recursos que Deus nos dá não são apenas para o nosso deleite. Devemos empregar, também, esses recursos para promover o reino de Deus, levando o evangelho até aos confins da terra. A contribuição cristã não é um peso, mas um privilégio; não é um fardo, mas uma graça. Deus nos dá a honra de sermos cooperadores com ele na implantação do seu reino. Não fazemos um favor para Deus contribuindo com sua obra; é Deus quem nos dá o favor imerecido de sermos seus parceiros. Estou convencido, portanto, de que a melhor dieta para uma igreja é a dieta missionária. Quando Oswald Smith chegou à Igreja do Povo, em Toronto, com vistas a assumir o pastorado daquela igreja, fez uma série de conferências de uma semana. Nos três primeiros dias pregou sobre missões. A liderança da igreja reuniu-se e disse ao pastor que a igreja estava com muitas dívidas e que aquele não era o momento oportuno de falar sobre missões. Smith continuou nessa mesma toada e no final da semana fez um grande levantamento de recursos para missões. O resultado é que aquela igreja, por longas décadas, jamais enfrentou crise financeira. Até hoje, ela investe mais de cinquenta por cento de seu orçamento em missões mundiais.

Em segundo lugar, investimento de vida. A obra de Deus não é feita apenas com recursos financeiros, mas, sobretudo, com recursos humanos. Fazemos missões com as mãos dos que contribuem, com os joelhos dos que oram e com os pés dos que saem para levar as boas novas de salvação. Tanto os que ficam como os que vão são importantes nesse processo de proclamar o evangelho de Cristo às nações. Os missionários que vão aos campos e as igrejas enviadoras precisam estar aliançados. William Carey, o pai das missões modernas, disse que aqueles que seguram as cordas são tão importantes como aqueles que descem às profundezas para socorrer os aflitos. Os que guardam a bagagem e os que lutam no campo aberto recebem os mesmos despojos. Devemos fazer missões aqui, ali e além fronteiras concomitantemente. Devemos empregar o melhor dos nossos recursos, o melhor do nosso tempo e da nossa vida para que povos conheçam a Cristo e se alegrem em sua salvação. Alexandre Duff, missionário presbiteriano na Índia, retornou à Escócia, seu país de origem, depois de longos anos de trabalho. Seu propósito era desafiar os jovens presbiterianos a continuarem a obra missionária na Índia. Esse velho missionário, numa grande assembleia de jovens, desafiou-os a se levantarem para essa mais urgente tarefa. Nenhum jovem atendeu seu apelo. Sua tristeza foi tamanha, que ele desmaiou no púlpito. Os médicos levaram-no para uma sala anexa e massagearam-lhe o peito. Ao retornar à consciência, rogou-lhes que o levassem de volta ao púlpito, para concluir seu apelo. Eles disseram: "O senhor não pode". Ele foi peremptório: "Eu preciso". Dirigiu-se, então, aos moços nesses termos: "Jovens presbiterianos, se a rainha da Escócia vos convidasse para ir a qualquer lugar do mundo como embaixadores, iríeis com orgulho. O Rei dos reis vos convoca para ir à Índia e não quereis ir. Pois, irei eu, já velho e cansado. Não poderei fazer muita coisa, mas pelo menos morrerei às margens do Ganges e aquele povo saberá que alguém o amou e se dispôs a levar-lhe o evangelho". Nesse instante, dezenas de jovens se levantaram e se colocaram nas mãos de Deus para a obra missionária!

terça-feira, 17 de julho de 2012

A pregação triunfalista e a Fiel

 


Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas? Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus. 2Co 2:14-17

Indo direito ao ponto, a pregação moderna é triunfalista e falsa. Triunfalista por estar contaminada e comprometida com o chamado evangelho da prosperidade. Falsa por estar divorciada do puro evangelho, o evangelho da glória de Deus. Da pouca pregação que há nas igrejas, a maior parte é diluída para agradar o paladar dos que não suportam a sã doutrina e poluída com filosofias humanistas, para atender a interesses monetários dos profetas da confissão positiva.

E os tais não são poucos, pois Paulo se referiu aos "tantos outros" que estavam "mercadejando a Palavra de Deus". Se em seus dias era assim, nos nossos a proporção de mascates da fé parece ter aumentado, cumprindo-se o alerta de que viria um "tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências" (2Tm 4:3). Hoje, a sã doutrina não apenas é negligenciada, mas acusada de ser causa de divisão na igreja. Por isso rareiam os que firmam posição ao lado da verdade e pululam os que buscam popularidade e ganho fácil junto aos que preferem uma mensagem conforme às suas concupiscências.

Tais pregadores estão “mercadejando a Palavra de Deus”. Mercadejar refere-se a vendedores ambulantes, que percorriam ruas e cidades oferecendo suas mercadorias. Eles não tinham escrúpulos em adulterar seus produtos para lucrar mais, por isso o termo tanto significa comercializar como falsificar. Apropriadamente, a ARC os chama de "falsificadores da palavra de Deus”. O que a Bíblia está dizendo é que tais pregadores não apenas falsificam a Escritura, mas o fazem de forma deliberada com o sórdido objetivo de obter lucro para si. São comerciantes da Palavra de Deus, e comerciantes desonestos.

É o caso quando usam a declaração "graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo" (2Co 2:14) para afirmar que Deus faz o crente triunfar "sempre" (em todo o tempo, constantemente) e "em todo lugar". Pois não é isso que Paulo está ensinando. Pelo contrário, ele refere-se ao desfile em triunfo que um general romano fazia ao retornar vitorioso de uma batalha, trazendo despojos e cativos. Ele desfilava pela cidade, seguido pelos prisioneiros, enquanto o povo o aclamava e queimava incenso. Para os prisioneiros que seriam poupados e serviriam como escravos, o perfume era agradável, pois significava a vida, mas para os que estavam destinados à execução, era um cheiro de morte. Paulo se incluía entre os primeiros, colocando-se como um escravo voluntário do Conquistador Jesus.

Assim, mesmo aparentando estar frustrado com os resultados da sua pregação em Trôade, ele diz "graças sejam dadas a Deus", pois sendo um escravo conquistado e poupado da morte por Jesus, reconhecia o Seu direito de o levar num desfile triunfal por onde quisesse. Mas o triunfo, reitere-se, é de Jesus e não do escravo, que se contenta em ser "para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem", pois o Senhor, "por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento". E isso se dá pela pregação fiel.

Esse tipo de pregação fiel apresenta algumas características que a distingue da pregação triunfalista. Começa com o reconhecimento da posição do pregador como escravo conquistado e conduzido numa procissão triunfal, como vimos. Ele não prega onde quer ou quando quer, mas onde o seu Senhor o levar. E reconhece a própria incapacidade de responder à altura de seu chamado, dizendo: "quem, porém, é suficiente para estas coisas?". Reconhece também que a fonte de sua mensagem não é ele próprio, nem os engodos dos profetas da prosperidade, pois fala "da parte do próprio Deus". Sendo a mensagem de Deus, ele a prega ciente da supervisão divina, prega "na presença de Deus". E pregando na presença de Deus, não lhe resta outro modo de pregar que não seja "em sinceridade".

O pregador fiel não tem dúvidas quanto aos resultados de seu ministério. Sabe que a Palavra não volta vazia, antes cumpre o que Deus determinou. Nos eleitos, produzirá fé salvadora, como“aroma de vida para vida”. Mas para os réprobos, a mesma pregação produz mais endurecimento, como um “cheiro de morte para morte”. De uma forma ou de outra, Deus é glorificado e o pregador regozija-se nisso. Logo, o pregador fiel não se ilude quanto à levar multidões à fé, nem se aflige se os resultados parecem poucos, pois não se desespera sabendo que nenhum eleito deixará de ouvir e crer no Senhor. E que os que não derem crédito à pregação e forem após os vendilhões de um evangelho corrompido é porque foram entregues à operação do erro, por não aceitarem a verdade.
Soli Deo Gloria



Qual é o coração do evangelho? - John MacArthur


Fonte: http://www.vemver.tv/

Um só livro




Por Norma Braga

Não entendo que muitos que se denominam “cristãos” hoje consigam tranquilamente negar a base de toda a nossa fé: a unidade da Bíblia.

Em primeiro lugar, eles demonstram com isso uma tremenda falta de confiança nos irmãos que tanto trabalharam, antes deles, durante séculos, nas mais variadas áreas, para reconhecer e confirmar a autenticidade de todos os 66 livros das Escrituras. Exibem-se assim não só como pretensos “descobridores da pólvora” – e Deus sabe o quanto a tentação do ineditismo, em nossos dias, é avassaladora – , mas sobretudo como desdenhosos (e, não duvido, ignorantes) de todo o generoso encaminhamento investigativo que Deus permitiu para que tivéssemos esse impressionante Livro, coeso, em nossas mãos.

Em segundo lugar, fazem com a Bíblia algo que jamais fariam com seu autor literário predileto: ignoram pedaços inteiros como “corpos estranhos” para dar coerência a uma ideia previamente estabelecida por eles, imputando-a ao todo como uma camisa-de-força. Agem assim como verdadeiros Jacks Estripadores do livro que sustenta todo o cristianismo. Fico imaginando um crítico literário que, diante de um romance de Albert Camus como A peste, tentasse provar intenções espúrias do personagem principal, doutor Rieux, argumentando que todas as páginas que descrevem seus esforços contra a praga “não foram, na verdade, escritas por Camus e não pertencem ao livro”. Será que daríamos tanta atenção a esse crítico quanto damos aos teólogos universalistas, por exemplo – que, contra toda palavra do próprio Cristo sobre o inferno, preferem “pular” os trechos que os tiram de sua zona de conforto ou, pior, preferem interpretá-los esotericamente? Por que levaríamos as Escrituras menos a sério, em sua inteireza, do que consideramos uma obra de literatura? Posso entender essa leitura afrouxada por parte de um descrente, mas não de um crente em Cristo, sobretudo quando pensamos o quanto Cristo conhecia, estudava e amava a Palavra que tinha em suas mãos: o Antigo Testamento.

Diante de qualquer texto, requer-se do leitor que não projete seus próprios anseios e preconceitos por sobre a leitura. Caso proceda assim, será um mau leitor e não conseguirá formar uma ideia adequada do que está lendo, seja uma narração, uma descrição ou uma peça argumentativa. A Bíblia precisa de leitores que a abordem, no mínimo, como a um texto coerente, não um amontoado de frases ou livros sem conexão entre si. Mas, sobretudo, precisa de leitores que se aproximem dela como se aproximariam do próprio Cristo: com “ouvidos para ouvir”, ou seja, humildade para aprender e coração fértil para as mudanças que Deus quer operar em nós, para a Sua glória. Só para esse leitor humilde a Bíblia será, como foi para Timóteo, “as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm 3.15).

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Evangelização, a urgência de uma tarefa - Hernandes Dias Lopes




Jesus concluiu sua obra na cruz. Triunfou sobre o diabo e suas hostes e levou sobre si os nossos pecados. Agora, comissiona sua igreja a levar essa mensagem ao mundo inteiro. O projeto de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, a toda criatura, em todo o mundo. Três verdades devem ser destacadas sobre a evangelização. 

1. A evangelização é ordem de Deus. 

O mesmo Deus que nos alcançou com a salvação, comissiona-nos a proclamar a salvação pela graça mediante a fé em Cristo. Todo alcançado é um enviado. Deus nos salvou do mundo e nos envia de volta ao mundo, como embaixadores do seu reino. Jesus disse para seus discípulos que assim como o Pai o havia enviado, também os enviava ao mundo. Isso fala tanto de estratégia como de ação. Jesus não trovejou do céu palavras de salvação; ele desceu até nós. A Palavra se fez carne; o Verbo de Deus vestiu pele humana. A evangelização não é uma tarefa centrípeta, para dentro; mas centrífuga, para fora. Não são os pecadores que vêm à igreja, mas é a igreja que vai aos pecadores. Deus tirou a igreja do mundo (no sentido ético) e a enviou de volta ao mundo (no sentido geográfico). Não podemos nos esconder, confortavelmente, dentro dos nossos templos. Precisamos sair e ir lá fora, onde os pecadores estão. Jesus, antes de voltar ao céu e derramar seu Espírito, deu a grande comissão aos seus discípulos. Essa grande comissão está registrada nos quatro evangelhos e também no livro de Atos. Não evangelizar é um pecado de negligência e omissão. Na verdade, é uma conspiração contra uma ordem expressa de Deus.

2. A evangelização é tarefa da igreja. 

Nenhuma outra entidade na terra tem competência e autoridade para evangelizar, exceto a igreja. A igreja é o método de Deus. Não podemos nos calar nem nos omitir. Se o ímpio morrer na sua impiedade, sem ouvir o evangelho, Deus vai requer de nós, o sangue desse ímpio. Em 1963, quando John Kennedy foi assassinado em Dalas, no Texas, em doze horas, a metade do mundo ficou sabendo de sua morte. Jesus Cristo, o Filho de Deus, morreu na cruz, pelos nossos pecados, há dois mil anos e, ainda, quase a metade do mundo, não sabe dessa boa notícia. O que nos falta não é comissionamento, mas obediência. O que nos falta não é conhecimento, mas paixão. O que nos falta não é método, mas disposição. Encontramos o Messias, e não temos anunciado isso às outras pessoas. Encontramos o Caminho e não temos avisado isso aos perdidos. Encontramos o Salvador e não proclamamos isso aos pecadores. Encontramos a vida eterna e não temos espalhado essa maior notícia aos que estão mortos em seus delitos e pecados. Precisamos erguer nossos olhos e ver os campos brancos para a ceifa. Precisamos ter visão, paixão e compromisso. Precisamos investir recursos, talentos e a nossa própria vida nessa causa de consequências eternas. 

3. A evangelização é uma necessidade do mundo. 

O evangelho de Cristo é o único remédio para a doença do homem. O pecado é uma doença mortal. O pecado é pior do que a pobreza. É mais grave do que o sofrimento. É mais dramático do que a própria morte. Esses males todos, embora sejam tão devastadores, não podem afastar o homem de Deus. Mas, o pecado afasta o homem de Deus no tempo, na história e na eternidade. Não há esperança para o mundo fora do evangelho. Não há salvação para o homem fora de Jesus. As religiões se multiplicam, mas a religião não pode levar o homem a Deus. As filosofias humanas discutem as questões da vida, mas não têm respostas que satisfazem a alma. As psicologias humanas levam o homem à introspecção, mas nas recâmaras da alma humana não há uma fresta de luz para a eternidade. O mundo precisa de Cristo; precisa do evangelho. Chegou a hora da igreja se levantar, no poder do Espírito Santo e proclamar que Cristo é o Pão do céu para os famintos, a Água viva para os sedentos e a verdadeira Paz para os aflitos. Jesus é o Salvador do mundo!

Os três processos da Reforma Protestante



A antiga verdade que Calvino, Agostinho e o apóstolo Paulo pregaram é a verdade que eu também devo pregar hoje; do contrário deixaria de ser fiel à minha consciência e ao meu Deus. Charles H. Spurgeon
A Reforma protestante foi o marco de uma nova fase da História da Humanidade. Com ela o Cristianismo retomou sua verdadeira identidade, contribuindo assim para a restauração do homem caído e para uma grande visão bíblica de valorização humana.

Mas a Reforma não aconteceu da noite para o dia. Foram séculos de pequenas manifestações e reações por parte daqueles que enxergavam uma igreja em decadência, que precisava urgentemente rever seus valores. Muitos foram ridicularizados, calados á força e mortos á fogueira da inquisição, isto é, a “igreja” estava tão decadente que dia a dia levava o Evangelho a empedernir a ponto de matar até mesmo seus próprios filhos.

Para a conclusão do propósito divino de restauração da Igreja de Cristo, a Reforma passou por três grandes processos em sua execução: A Reforma Teológica, a Reforma Litúrgica, e a Reforma Missionária, ou missiológica.

1º Processo: A Reforma Teológica: A reforma teológica significou o resgate da pureza do Evangelho e foi a base do retorno ás Escrituras. Foi o momento do rompimento definitivo com o paganismo religioso que a Igreja Romana havia abraçado e o estabelecimento dos valores e princípios da Bíblia, centrados em Cristo, sua Graça, na Fé verdadeira e na Glória somente a Deus. Estes cinco valores fundamentais conhecidos em Latim como Sola Scriptura, Solo Christus, Sola Gratia, Sola Fide e Soli Deo Gloria se tornaram o fundamento da Teologia Reformada. A Igreja Romana havia cometido um desvio teológico tão flácido e vexatório que nem mesmo o povo tinha acesso á leitura da Bíblia, excluindo assim uma prática nobre da igreja de Cristo (Atos 17.11). Os Bispos se auto intitularam papas. A instituição da intercessão aos mortos e a substituição do culto cristão pelas rezas e missas davam ar de que a verdadeira teologia havia sido destruída. No ano 416 d.C teve início ao batismo de crianças recém nascidas e pouco tempo depois, em 431, é estabelecido o culto a Maria, mãe de Jesus. Mas os desvios teológicos vão além com a oficialização do purgatório e com o culto às imagens. Por fim, a venda de indulgência, ou seja, pagar pela salvação foi o maior golpe da Igreja Romana contra a pureza do Evangelho.

Coube aos teólogos Martinho Lutero e John Calvino esse resgate bíblico. Lutero em 31 de outubro de 1517, afixou na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, suas 95 teses e Calvino com a sistematização teológica lançou a grande obra “Instituição da Religião Cristã” em 1536. Esses acontecimentos de comportamento guapo dos líderes cristãos deram início á reforma teológica na cristandade.

2º Processo: A Reforma Litúrgica: O vocábulo “Liturgia“, em grego, formado pelas raízes leit- (de “laós”, povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no mundo grego, o ofício religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um caráter eminentemente público. A liturgia é considerada por várias denominações cristãs o momento da adoração e celebração ao Deus vivo. É o culto ao Senhor, pelo povo do Senhor. Mas o Romanismo havia deturpado o culto também, e com as cansadas missas, cheias de artifícios religiosos, transformou o momento de devoção á Deus num período de tristeza e escravidão religiosa, sem vida e sem a graça de Deus. As missas como eram conhecidas, pareciam mais uma prisão obrigatória de um ritual que não oferecia ao cristão a oportunidade de uma nova experiência com Deus e seu Espírito, e nem mesmo transmitia a alegria da Salvação uma vez conquistada por Cristo. Faltava a Bíblia, a pregação poderosa pela unção, o compartilhamento da fé entre membros do corpo. Faltava a essência da verdadeira adoração, do tempo-momento, da edificação espiritual.

Os reformadores foram unânimes na Reforma litúrgica e começaram com a música, com o louvor ao Deus Trino. Lutero, exemplo de musicista compôs hinos que marcaram gerações. Louvores que ecoaram em toda a Europa.

Mas a liturgia envolvia também o momento do ensino da palavra. Nesse âmago o reformador suíço Úlrico Zwínglio revelou sua ousadia na exposição e ampla visão bíblica. Zwínglio morreu, mas o movimento iniciado por ele não morreu. As igrejas que surgiram como resultado do movimento iniciado por Zwínglio são chamadas de igrejas reformadas em alguns países.

A restauração do Culto ao Senhor foi o resultado do espírito jocoso de nossos reformadores.

3º Processo: A Reforma Missiológica: O que foi então a Reforma missiológica? O que isso teve haver com o processo da Reforma Protestante?

Acontece que a Igreja Romana havia perdido de vez a verdadeira visão missionária de pregação do Evangelho em todo o mundo. Suas preocupações políticas e econômicas cegavam a verdadeira responsabilidade para com os perdidos. A obra de expansão do Evangelho não era mais exequível, pois dera lugar á busca de conquistas territoriais e guerras religiosas.

O período da Reforma missiológica começa com John Knox (1515-1587) passando por ilustres homens como Moody, Hudson Taylor, Bunyan, George Whitefield e muitos outros. Mas ninguém se destacou tanto na restauração da visão missionária do que Guilherme Carey conhecido como o “pai das missões modernas”.

O sapateiro que tinha em sua oficina um grande mapa-mundi, olhou para o mundo com o coração, e levou o Evangelho ás vidas mais distantes, enfrentando os mais diversos desafios.

Além de atingir a Reforma missiológica, a atitude para com a Igreja abrangia ao mesmo tempo algo muito expressivo que havia também se deteriorado: A pregação relevante e seu poder transformador.

Enfim, a Reforma missionária definia os caminhos verdadeiros da Igreja de Cristo. Onde quer que esteja a Igreja do Senhor, estaria ali também um povo livre, de uma teologia pura e restaurada, da liturgia que exalta unicamente a Deus e não ao homem, e de uma chama missionária que jamais se apagou.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Qual tradução da Bíblia devo usar? - Augustus Nicodemus


Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/

Resolvi! - As 70 Resoluções de Jonathan Edwards


Fonte: http://www.jonathanedwards.com.br/

Os adversários da verdade são muitos - C .H. Spurgeon



Ele respondeu: Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles.

2 Reis 6.16


Carros, cavaleiros e um grande exército sitiaram o profeta em Dota. Seu jovem servo ficou alarmado. Como eles poderiam escapar de tão numerosa companhia de homens armados? Mas o profeta tinha olhos que o seu servo não tinha e podia ver uma hoste ainda maior, com armas superiores, guardando-o de qualquer dano. Cavalos de fogo são mais poderosos do que cavalos de carne, e carros de fogo são mais preferíveis a carros de ferro.

Isso também acontece hoje. Os adversários da verdade são muitos; são influentes, eruditos e habilidosos. A verdade sofre danos severos às mãos deles. Apesar disso, o homem de Deus não tem motivo para tremer. Agentes, visíveis e invisíveis, da mais poderosa qualidade estão do lado da justiça.

Deus tem exércitos em emboscadas, os quais se revelam na hora necessária. As forças que estão ao lado do bem e da verdade excedem em muito os poderes do mal. Portanto, mantenhamos nossos espíritos em firmeza e andemos na postura de homens que possuem um revigorante segredo que nos coloca acima de todos os temores.

Estamos do lado dos vencedores. A batalha pode ser ferrenha, mas sabemos como ela terminará. A fé, tendo Deus consigo, encontra-se em evidente maioria. "Mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”.


sexta-feira, 1 de junho de 2012

As características do Insensato - Martyn Lloyd-Jones




Quais as características do insensato? 
A primeira é que ele vive com pressa. Os tolos estão sempre com pressa; querem fazer tudo de uma vez; não têm tempo para esperar. Quantas vezes a Escritura nos adverte contra isso! Ela nos fala que o homem piedoso e reto «não se precipitará». Ele nunca se rende à agitação, à excitação e à pressa.



Fonte: http://www.martynlloyd-jones.com/

Se fosse por obras, onde estaria você? – C. H. Spurgeon





O maior conforto do pecador é saber que a salvação é pela graça. Se os homens fossem salvos por mérito, por boas obras, aonde estaria você? E aonde estariam os bêbados, os blasfemadores e os impuros? Aqueles entre vocês que amaldiçoam a Deus em seus corações e não O amam, aonde estariam?

Quando a salvação é inteiramente pela graça, sua vida passada, por mais impura que tenha sido, não é motivo para detê-lo de vir a Jesus. Cristo recebe pecadores. Deus escolheu alguns dos piores pecadores. Por que não então você? Ele recebe a todos que vêm a Ele. Ele não o lançará fora. Alguns chegaram a odiar a Cristo.

Eles O insultaram frontalmente. Mas tão logo que eles clamaram: "Deus, tem piedade de mim, um pecador!" Ele teve misericórdia deles. Ele terá misericórdia de você, se o Espírito Santo o guiar a buscar misericórdia. Não haveria esperança alguma para você se me fosse necessário lhe dizer que você precisa conquistar sua própria salvação à parte da graça.

Contudo, a salvação é pela graça. Se você está morto em pecados, existe vida para você. Se você está nu, existe vestimenta para você. Se você se sente arruinado, existe salvação completa para você. Que você tenha a graça para se apoderar da salvação de Deus.

Então, você e eu cantaremos juntos os louvores da glória da graça divina.

domingo, 20 de maio de 2012

As Melhores Coisas - Thomas Watson


As melhores coisas
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito.” (Romanos 8.28)
Em um trecho de sua obra A Divine Cordial (“Um Tônico Divino”), publicada pela primeira vez em 1663, Thomas Watson escreveu:
Nós vamos considerar, primeiro, quais coisas cooperam para o bem do homem piedoso, e aqui nós vamos mostrar que tanto as melhores coisas quanto as piores coisas cooperam para o seu bem. Nós começamos com as melhores coisas. [...]
O supremo motivo pelo qual todas as coisas cooperam para o bem é o íntimo e carinhoso interesse que Deus tem pelo Seu povo. O Senhor fez uma aliança com eles. “Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus” (Jeremias 32.38). Em virtude desse pacto, todas as coisas cooperam, e devem mesmo cooperar, para o bem deles. “Eu sou Deus, o teu Deus” (Salmo 50.7). Essa expressão, “o teu Deus”, é a mais doce expressão em toda a Bíblia; ela revela as melhores relações, e é impossível que haja tais relações entre Deus e o Seu povo e, ainda assim, todas as coisas não cooperem para o bem deles.
Depois de vermos as piores coisas, veremos nesta série como as melhores coisas cooperam para o nosso bem.

A vontade de Deus para os Escravos - Paul Washer


Fonte: http://www.vemver.tv/

Como examinar teu coração! - Jonathan Edwards

Você poderia pensar que já temos mais informação sobre nós mesmos do que sobre qualquer outra coisa. Afinal de contas, estamos sempre junto de nós. Somos totalmente conscientes dos nossos atos. Instantaneamente sabemos tudo o que acontece conosco, e tudo o que fazemos.
 

Fonte: http://www.jonathanedwards.com.br/

Precisamos depender do Espírito - C. H. Spurgeon




Precisamos depender do Espírito de Deus em nossos resultados. Nenhum homem dentre nós realmente acha que poderia regenerar uma alma. Não somos tão tolos a ponto de reivindicar poder para mudar um coração de pedra. Talvez não ousemos presumir algo tão grandioso, contudo, podemos achar que, pela nossa experiência, podemos ajudar as pessoas a passar por suas dificuldades espirituais. Será que podemos? Podemos ter esperança que nosso entusiasmo mova a igreja viva diante de nós e empurre o mundo morto para trás de nós. Isso pode acontecer? Quem sabe, imaginamos que se pudéssemos apenas conseguir um avivamento, poderíamos facilmente assegurar um grande acréscimo à igreja? Vale à pena conseguir um avivamento? Os verdadeiros avivamentos não são presenteados?

         Podemos nos persuadir que tambores e trompetes e gritos farão muito. No entanto, meus irmãos, "o SENHOR não estava no vento" (1Rs 19.11). Resultados que valem à pena vêm daquele silencioso, mas onipotente Obreiro, cujo nome é o Espírito de Deus: nele, e somente nele, precisamos confiar para a conversão de uma única criança da escola dominical e para todo avivamento genuíno. Devemos olhar para ele para conservar nosso povo junto e edificá-los em um templo santo. O Espírito poderia dizer, assim como disse nosso Senhor: "Sem mim vocês não podem fazer coisa alguma" (Jo 15.5).

         O que é a igreja de Deus sem o Espírito Santo? O que seria o Hermom sem o orvalho ou o Egito sem o Nilo? Veja a terra de Canaã, quando a maldição de Elias caiu sobre ela, por três anos não sentiu orvalho nem chuva: assim seria o cristianismo sem o Espírito. O que os vales seriam sem seus córregos, ou as cidades sem seus poços, o que os campos de milho seriam sem o sol, ou a safra de vinho sem o verão--assim seriam nossas igrejas sem o Espírito. Como não podemos pensar no dia sem luz, na vida sem respiração, no céu sem Deus, também não podemos pensar no culto cristão sem o Espírito Santo.

         Nada pode substituí-lo: os pastos são um deserto, os campos frutíferos são áridos, o Sarom definha e o Carmelo é consumido pelo fogo. Bendito Espírito do Senhor, perdoa-nos por tê-lo desprezado, por tê-lo esquecido, por nosso orgulho auto-suficiente, por resistir a sua influência e apagar seu fogo! Daqui em diante opere em nós de acordo com sua excelência. Faça nosso coração ternamente impressionável, depois nos faça como cera para o sinete e estampe em nós a imagem do Filho de Deus. Com tal oração e confissão de fé, deixe-nos perseguir nosso objetivo no poder do bom Espírito de quem falamos.

         O que o Espírito Santo faz? Amado, que boa ação ele não faz? Ele desperta, convence, ilumina, limpa, guia, preserva, consola, confirma, aperfeiçoa e usa. Quanto pode ser dito de cada uma dessas ações! É ele quem opera em nós para o querer e o fazer. Ele que operou todas as coisas é Deus. Glória seja dada ao Espírito Santo por tudo que realizou em naturezas tão pobres e imperfeitas como a nossa! Nada podemos fazer à parte da seiva de vida que flui para nós de Jesus, a Videira. Aquilo que é de nós mesmos só serve para nos causar vergonha e confusão. Não damos um passo em direção ao céu sem o Espírito Santo. Não guiamos outros para o caminho do céu sem o Espírito Santo. Não temos nenhum pensamento aceitável, nem palavra, nem ato sem o Espírito Santo.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Solilóquio, uma conversa no espelho - Hernandes Dias Lopes




A marca distintiva da sociedade contemporânea é a superficialidade. Somos rasos em nossas avaliações. Falta-nos reflexão. Falta-nos introspecção. Estamos atarefados demais e cansados demais para examinarmo-nos a nós mesmos. Corremos atrás de coisas e perdemos relacionamentos. Sacrificamos no altar das coisas urgentes, as coisas que de fato são importantes. Como muito bem afirmou George Carlin, num artigo sobre o paradoxo do nosso tempo: “Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Falamos demais, amamos raramente e odiamos freqüentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à lua, mas temos dificuldade de cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço sideral, mas não o nosso próprio espaço. Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito. Construímos mais computadores para armazenar mais informação, mas nos comunicamos cada vez menos. Estamos na era do fast-food e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados”. 

Solilóquio é conversar consigo mesmo. É olhar nos olhos daquele que vemos no espelho e enfrentá-lo sem subterfúgios. É entrar pelos corredores da alma e não escapar pelas vielas laterais. É lidar com o nosso mais difícil interlocutor. É falar com o nosso mais exigente ouvinte. A introspecção, porém, é uma viagem difícil de fazer. Olhar para dentro é mais difícil do que olhar para fora. É mais fácil falar para uma multidão do que conversar com a nossa própria alma. É mais fácil exortar os outros do que corrigir a nós mesmo. É mais fácil consolar os aflitos, do que encorajar-nos a nós mesmos. É mais fácil subir ao palco e pregar para um vasto auditório do que conversar com aquele que vemos diante do espelho. 

O salmista, certa feita, estava muito triste e percebeu que precisava endereçar sua voz não para fora, mas para dentro. Então disse: “Por que estás abatida ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 42.11). É preciso dizer à nossa alma que a tristeza não vai durar para sempre. Devemos levantar nossos olhos e saber que Deus está no controle da situação, ainda que agora isso não seja percebido pelos nossos sentidos. Devemos proclamar, em alto e bom som para nós mesmos, que o louvor e não o gemido; a alegria e não o choro é que nos esperam pela frente. Não nos alarmemos com nossas angústias; consolemo-nos com as promessas de Deus. 

Não basta reflexão, é preciso introspecção. Não basta falarmos aos outros, precisamos falar a nós mesmos. Não basta lançarmos mão do diálogo, precisamos de solilóquio. O salmista, disse certa feita: “Volta minha alma ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo” (Sl 116.7). 

Muitas vezes, ficamos desassossegados, quando deveríamos estar em paz. Curtimos uma grande dor na alma, quando deveríamos estar experimentando um bendito refrigério. E por que? Porque deixamos de pregar para nós mesmos. Deixamos de exortar nossa própria alma. Deixamos de fazer viagens rumo ao nosso interior. Deixamos de conversar diante do espelho. Deixamos o solilóquio. É preciso alertar, entretanto, que o solilóquio só é saudável, quando estamos na presença de Deus, quando nossa esperança está em Deus, quando encontramos em Deus nosso refúgio e fortaleza, quando podemos dizer como o salmista: “Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”.

Evidência da veracidade de nosso Cristianismo - Jonathan Edwards




Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele verdadeiramente tem sido aperfeiçoado o amor de Deus" (I Jo. 2:4-5).

A prática cristã aperfeiçoa fé e amor. São como uma semente. A semente não chega à perfeição por ser plantada na terra. Nem por desenvolver raízes e brotos, ou por sair do chão, nem por desenvolver folhas e botões. Entretanto, quando produz frutos bons e maduros, chegou à perfeição - completou sua natureza. O mesmo ocorre com fé e amor e todos os outros dons. Chegam à perfeição em frutos bons e maduros da prática cristã. A prática, então, deve ser a melhor evidência de que esses dons existem.

As Escrituras dão mais ênfase à pratica do que a qualquer outra evidência de salvação. Espero que isso esteja claro agora. Temos que nos manter nessa ênfase. É perigoso dar importância a coisas que a Bíblia não endossa. Teremos perdido nosso equilíbrio bíblico se dermos maior importância aos sentimentos e experiências que não se expressem em obediência prática. Deus sabe o que é melhor para nós, e tem salientado certas coisas porque precisam ser salientadas. Se ignorarmos a ênfase clara, de Deus, na prática cristã, e insistirmos em outras coisas como testes de sinceridade, estamos no caminho da ilusão e hipocrisia.

As Escrituras falam muito claramente sobre a prática cristã como o verdadeiro teste de sinceridade. Não é como se isso fosse alguma doutrina obscura, somente mencionada algumas vezes em passagens difíceis. Suponhamos que Deus desse uma revelação nova hoje, e declarasse: "Conhecereis meus discípulos por isso, sabereis que são da verdade por isso, sabereis que são Meus por isso" - e então desse uma marca ou sinal especial. Não veríamos nisso um teste claro e enfático de sinceridade e salvação? Bem, isto é o que tem ocorrido! Deus tem falado dos céus - na Bíblia! Ele nos disse muitas e muitas vezes que a prática cristã é a prova mais alta e melhor da fé verdadeira. Vejam como Cristo repete isso no texto do capítulo 14 do Evangelho de João: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (v. 15). "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama" (v. 21). "Se alguém me ama, guardará a minha palavra" (v. 23). "Quem não me ama, não guarda as minhas palavras" (v. 24). E no capítulo 15: "Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos" (v. 8). "Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando" (v. 14). E encontramos a mesma coisa em I João: "Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos" (2:3). "Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele verdadeiramente tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele" (2:5). "Não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade. E nisto conheceremos que somos da verdade" (3:18-9). Acaso não está claro?

Deus nos julgará por nossa prática no Dia do Juízo. Ele não pedirá que demos nosso testemunho pessoal. Não examinará nossas experiências religiosas. A evidência pela qual o Juiz nos aceitará ou rejeitará será a nossa prática. Essa evidência, é claro, não será para o benefício de Deus. Ele conhece nossos corações. Mesmo assim, Ele exporá a evidência de nossa prática por causa da natureza aberta e pública do julgamento final. "Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou mal que tiver feito por meio do corpo" (II Cor. 5:10). Se a nossa prática é a evidência decisiva que Deus usará no Dia do Juízo, é o teste que deveríamos aplicar a nós mesmos aqui e agora.

Conforme esses argumentos, penso que está claro que a prática cristã (como a defini) é a melhor evidência, para nós mesmos e para os outros, que somos verdadeiros cristãos.

O homem natural odeia a Graça – C. H. Spurgeon




O teor do evangelho gira em torno do fato de que o homem está morto em seus pecados, e que a vida eterna é um dom de Deus, e se colocaria contra a totalidade deste teor básico do evangelho quem defendesse que o homem pode conhecer e amar a Cristo sem a atuação do Espírito Santo. O Espírito Santo encontra os homens tão desprovidos de vida espiritual, como aqueles ossos secos na visão de Ezequiel; o Espírito tem de juntar cada osso com seu osso, até reconstituir o esqueleto, e depois, vindo dos quatro cantos, precisa soprar sobre esses ossos mortos a fim de que recebam vida. A não ser pelo Espírito de Deus, as almas dos homens teriam de permanecer no vale de ossos secos, mortas, e mortas para sempre.

Mas as Escrituras não dizem apenas que o homem está morto em pecado; afirmam algo pior que isso: que ele, por natureza, é absoluta e totalmente contrário a tudo que seja bom e reto. "Portanto a intenção da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser" Rom. 8:7. Folheemos as páginas da Bíblia e continuamente é repetido que a vontade do homem é contrária às coisas de Deus. Que disse Cristo naquele texto tão freqüentemente citado pelos arminianos para negar a doutrina que tão claramente afirma? Que disse Ele aos que imaginavam ser possível ao homem vir a Ele sem a influência divina? Primeiramente afirmou: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer". Entretanto, disse algo ainda mais enfático: "E não quereis vir a mim para terdes vida".

O homem não quer vir. Aqui se encontra a coisa fatal; não é apenas que o homem se encontra sem forças para fazer o bem, e sim que é suficientemente poderoso para fazer o mal, de modo que a sua vontade está perversamente disposta a ir contra tudo que é reto. Vá, arminiano, e diga a seus ouvintes que eles podem vir a Cristo, se assim o desejam, mas saiba que o seu Redentor o observa face a face e lhe diz que você está proferindo uma mentira! Os homens não querem vir. Nunca virão por si mesmos. Ninguém pode induzi-los a vir, nem mesmo forçá-los a vir com todas as suas ameaças, nem seduzi-los com todos os seus convites. Eles não querem vir a Cristo para terem vida. Até que o Espírito os traga, não quererão vir, nem poderão vir.

E é pelo fato de que a natureza humana é hostil ao Espírito de Deus, que o homem odeia a graça, despreza a maneira pela qual se oferece esta graça, e é contrário à sua natureza orgulhosa o humilhar-se para receber a salvação pelos méritos de outro. Daí, pois, surge a necessidade de que o Espírito opere diretamente no homem para mudar a sua vontade, corrigir as inclinações do seu coração, e depois de colocá-lo no caminho certo, dar-lhe forças para andar nele. Oh, se todos estudassem o homem e chegassem a compreendê-lo, não poderiam deixar de ser zelosos nesta doutrina da necessidade da obra do Espírito Santo! Com razão um grande escritor observou que jamais conheceu um homem que sustentasse algum erro teológico, que ao mesmo tempo não mantivesse alguma doutrina que atenuasse a depravação humana.

O arminiano diz que é verdade que o ser humano está espiritualmente caído, todavia acrescenta que ele ainda possui o poder da vontade e essa vontade é livre; ele pode levantar-se. Atenua-se dessa forma o caráter desesperador da queda do homem. Por outro lado, o antinomiano afirma que o homem não é responsável, pois nada pode fazer; por conseguinte não está obrigado a fazer nada. Não é sua obrigação crer, nem é sua obrigação arrepender-se. Vemos aqui que ele também atenua a condição pecaminosa do homem e lhe faltam idéias corretas a respeito da Queda. Entretanto, uma vez mantida a posição verdadeira, ou seja, a de que o ser humano não só está completamente caído, perdido e condenado, e sim também de que é culpado e por si mesmo impotente, então necessariamente você adotará a posição doutrinária correta em todos os demais pontos do grande evangelho do Senhor Jesus. Desde que se creia o que as Escrituras ensinam sobre o homem -posto que se aceite que o seu coração é depravado, seus afetos corrompidos, seu entendimento obscurecido e sua vontade pervertida, então você terá de sustentar que, se uma pessoa assim tão miserável há de ser salva, essa salvação deverá ser efetuada pelo Espírito de Deus, e por Ele somente.

Quando orar é completamente fútil – Martyn Lloyd-Jones



Conheço bom número de cristãos que têm uma resposta universal para todas as questões. Não importa qual seja a questão, eles dizem: «Ore sobre isso» . . . Quão simplista, superficial e falso pode ser tantas vezes esse conselho — e o digo num púlpito cristão! Você talvez pergunte: «É errado em algumas circunstâncias, dizer aos homens que façam dos seus problemas assunto de oração?» Nunca é errado, mas às vezes é completamente fútil...

A luta deste pobre homem (Salmo 73) era toda esta, que ele estava tão confuso em seus pensamentos acerca de Deus que não podia orar a Ele. Se temos na mente e no coração pensamentos confusos sobre a maneira como Deus nos trata, como podemos orar? Não podemos. Antes de podermos orar de verdade, precisamos pensar espiritualmente. Não há nada mais fátuo do que tagarelar sobre a oração, como se a oração fosse algo para o que você pudesse correr sempre e imediatamente. . .

Me permitam citar um dos maiores homens de oração que o mundo já conheceu. . . George Müller, fazendo preleção a ministros . . .disse-lhes o seguinte: Que durante muitos anos de sua vida, a primeira coisa que fazia todas as manhãs era orar. Por fim veio a descobrir que esse não era o melhor caminho. Percebera que para orar verdadeira e espiritualmente, tinha que estar no Espírito, e que deveria preparar-se primeiro.

Descobrira que isso era bom e da maior utilidade, e agora lhes recomendava que sempre lessem uma porção da Escritura e talvez algum livro de devoção antes de começarem a orar. Em outras palavras, ele descobriu que era necessário pôr-se a si mesmo e a seu espírito em correta condição, antes de poder orar verdadeiramente a Deus. . . Precisamos dedicar tempo à oração. Não começamos a orar a Deus enquanto não nos apercebemos da Sua presença. . . Assim, eis os passos perfeitamente certos — a casa de Deus, a Palavra de Deus, oração a Deus e comunhão com Deus.