domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Falsa Santificação - Thomas Watson


Há coisas que parecem santificação, mas não são.

a. A primeira imitação da santificação é a virtude moral

Ser justo, temperante, de bom comportamento, não ter a fama manchada com um escândalo vergonhoso é bom, mas não é o suficiente, não é santificação. Um campo florido é diferente de um jardim. Pagãos se apegaram à moralidade, como Catão, Sócrates e Aristides.90 A boa educação é somente uma natureza refinada, não há nada de Cristo nela, o coração pode ser impuro e abominável. Debaixo dessas folhas de boa educação, o verme da descrença pode estar escondido. Uma pessoa virtuosa tem uma antipatia secreta contra a graça, odeia o vício e também a graça tanto quanto o vício. A serpente tem uma bela cor, mas pica. Uma pessoa enfeitada e alimentada com uma virtude moral pode ter um afeto secreto contra a santidade. Os estóicos, que eram os principais pagãos moralistas, foram os inimigos implacáveis de Paulo (At 17.18).

b. A segunda imitação da santificação é a devoção supersticiosa

Isso é abundante no papado. As adorações, as imagens, os altares, as vestimentas e a água benta, coisas que eu entendo como frenesi religioso, e que estão longe da santificação. Nada disso acrescenta nenhum bem intrínseco ao homem, não faz o homem melhor. Se as purificações e as lavagens da lei, que eram orientações do próprio Deus, não fizeram daqueles que as praticaram mais santos, e os sacerdotes que vestiram vestimentas santas e tiveram óleo derramado sobre si só eram santos com a unção do Espírito, então, certamente, as inovações supersticiosas na religião, que Deus nunca orientou, não podem contribuir para qualquer santidade dos homens. Uma santidade supersticiosa não custa muito, não há nada do coração nela. Se santidade fosse dizer orações com uso de um rosário, curvar-se diante de uma imagem, benzer-se com água benta, e tudo aquilo que é requerido daqueles que crêem nessas coisas para salvação, então o inferno estaria vazio, ninguém entraria lá.

c. A terceira imitação da santificação é a hipocrisia

Hipocrisia é fingir uma santidade que se não tem. Assim como um cometa pode brilhar e se parecer com uma estrela ou como um lustre pode brilhar em seu lugar a tal ponto de ofuscar os olhos dos que o contemplam. "Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder" (2Tm 3.5). São lâmpadas sem óleo, sepulcros caiados como os templos egípcios que eram bonitos do lado de fora, mas dentro havia todo tipo de podridão. O apóstolo fala da santidade verdadeira em Efésios 4.24, implicando que há uma santidade que é espúria e fingida. "Tens nome de que vives e estás morto" (Ap 3.1), são como quadros e estátuas destituídas de um princípio vital: "Nuvens sem água" (Jd 12). Fingem estar cheios do Espírito, mas são nuvens vazias. Isso mostra a santificação como uma auto-alucinação. Quem pega o cobre no lugar do ouro engana a si mesmo. Os santos mais falsos enganam os outros enquanto vivem, mas enganam a si mesmos quando morrem. Fingir a santidade quando não há nenhuma é uma coisa vã. Que vantagens levaram as virgens néscias que tinham lâmpadas fulgurantes quando precisaram de azeite? Qual é a utilidade de uma lâmpada sem o azeite da graça salvadora? Que consolo uma demonstração de santidade trará no final? Será que algo pintado com a cor de ouro pode enriquecer? A pintura de água pode refrescar aquele que está com sede? Ou a santidade imaginária será um sofrimento na hora da morte? Não se deve acomodar com uma pretensa santificação. Muitos navios que tinham o nome de Esperança, Triunfo e Vigilante foram lançados contra as rochas, assim, muitos que tiveram o nome de santos foram lançados no inferno.

d. A quarta imitação da santificação é a graça suprimida

Isso acontece quando os homens se abstêm do vício, embora não o odeiem. O lema de um pecador pode ser assim: "Eu estaria disposto, mas não tenho coragem". O cão só pensa no osso, mas tem medo do bastão, assim os homens têm a mente para a luxúria, mas suas consciências se posicionam como aquele anjo com uma espada flamejante e, assim, ela os amedronta: eles têm a mente para a vingança, mas o medo do inferno é como um freio de cavalo que os adverte. Não há mudança de coração, o pecado é freado, mas não exterminado. Um leão pode estar enjaulado, mas ainda é um leão.

e. A quinta falsificação da santificação é a graça comum

É uma obra tênue e passageira do Espírito, mas que não ajuda na conversão. Há um pouco de luz em um julgamento, mas não o é para a humilhação pessoal. Alguns têm peso na consciência, mas não acordam.

Parece santificação, mas não é. Os homens têm as convicções formadas neles, mas abrem mão dessa convicção, como o animal que, ao ser flechado, livra-se da flecha. Depois da convicção, os homens vão à casa da alegria, pegam a harpa para expulsar o espírito de tristeza e tudo morre e não se chega a nada.

Como os apóstolos morreram



Conforme a tradição e história da igreja os apóstolos morreram assim:
1. Mateus foi martirizado na Etiópia por uma espada afiada.
2. Marcos morreu em Alexandria, Egito, depois de ser arrastado por cavalos pelas ruas da cidade até que foi dado por morto.
3. Lucas foi enforcado na Grécia porque era muito ousado na pregação do evangelho aos perdidos.
4. João enfrentou o martírio quando foi colocado dentro de um caldeirão de óleo fervente durante uma onda de perseguição em Roma. Salvo milagrosamente da morte, foi sentenciado a trabalhos forçados na ilha de Patmos. Ali teve a revelação de Cristo e escreveu o Apocalipse. Mais tarde foi libertado, retornou para Edessa, atual Turquia moderna, e morreu farto de dias. Foi o único dos apóstolos a morrer em paz.
5. Pedro foi crucificado de cabeça pra baixo numa cruz em forma de X e pediu aos seus algozes que queria ser crucificado assim, porque não era digno de morrer do mesmo jeito que seu Senhor.
6. Tiago, o Justo, líder da igreja em Jerusalém foi jogado de uma altura de trinta metros, do pináculo do templo, por se recusar negar a Cristo. Sobreviveu à queda, mas seus inimigos bateram nele com um porrete até morrer. Este foi o mesmo pináculo para onde Satanás levou a Jesus na tentação.
7. Tiago, o Grande, filho de Zebedeu, pescador, chamado por Jesus à beira-mar. Líder forte foi decapitado por Herodes em Jerusalém. O oficial romano que o vigiava ouviu atentamente a defesa de Cristo feita por Tiago. Depois, o oficial ficou ao lado de Tiago na hora da execução, e convicto, declarou sua nova fé aos juízes e se ajoelhou ao lado de Tiago para ser martirizado como um cristão.
8. Bartolomeu, conhecido também como Natanael foi missionário na Ásia e testemunhou a respeito de Jesus onde hoje é a atual Turquia. Bartolomeu foi martirizado na Armênia onde sucumbiu a morte debaixo de açoites.
9. André foi crucificado numa cruz em forma de X em Pátara na Grécia. Depois de ser surrado severamente por sete soldados, amarraram seu corpo à cruz para aumentar sua agonia. Testemunhas disseram que quando ele era levado para a cruz, André a saudou nesses termos: ‘Sempre anelei por esse momento feliz. A cruz foi consagrada pelo Cristo que nela morreu”. E ali, amarrado, continuou pregando aos seus algozes durante dois dias até expirar.
10. Tomé foi atingido por uma lança na Índia durante uma de suas viagens missionárias para estabelecer a igreja naquele continente.
11. Judas morreu atingido por várias flechas por se recusar negar sua fé em Cristo.
12. Matias, o apóstolo escolhido para substituir Judas Iscariotes, foi apedrejado e depois decapitado.
13. Paulo foi torturado e decapitado pelo imperador Nero em Roma no ano 67. Paulo enfrentou um longo tempo de prisão o que lhe permitiu escrever muitas epístolas às igrejas recém começadas em todo o império romano. Suas cartas fazem parte hoje do fundamento doutrinário do Novo Testamento. Quem sabe isso nos serve de alerta de que os sofrimentos que enfrentamos nos dias de hoje são incomparáveis a crueldade sofrida pelos discípulos e apóstolos.
Tradução de João A. de Souza Filho

Fanáticos ou Defensores da Verdade?











Por John Kennedy

Em tempos como o nosso é fácil alguém parecer fanático, se mantém uma firme convicção sobre a verdade e quando se mostra cuidadoso em ter certeza de que sua esperança procede do céu. Nenhum crente pode ser fiel e verdadeiro nesses dias, sem que o mundo lhe atribua a alcunha de fanático. Mas o crente deve suportar esse título. É uma marca de honra, embora a sua intenção seja envergonhar. É um nome que comprova estar o crente vinculado ao grupo de pessoas das quais o mundo não era digno, mas que, enfrentando a ignomínia por parte do mundo, fizeram mais em benefício deste do que todos aqueles que viviam ao seu redor. O mundo sempre sofre por causa dos homens que honra. Os homens que trazem misericórdia ao mundo são os que ele odeia.
Sim! Os antigos reformadores eram homens fanáticos em sua época. E foi bom para o mundo eles terem sido assim. Estavam dispostos a morrer, mas não comprometeriam a verdade. Submeter-se-iam a tudo por motivo de consciência, mas em nada se sujeitariam aos déspotas. Sofreriam e morreriam, mas temiam o pecado. Esse fanatismo trouxe liberdade para a sua própria terra natal, como bem demonstra o exemplo dos reformadores escoceses. O legado deixado por esses homens - cujo lar eram as cavernas na montanha e cuja única mortalha era a neve, que com freqüência envolvia seus corpos quando morriam por Cristo - é uma dádiva mais preciosa do que todas as oferecidas por reis que ocuparam o trono de seus países ou por todos os nobres e burgueses que possuíam suas terras. Sim, eles eram realmente fanáticos, na opinião dos zombadores cépticos e perseguidores cruéis; e toda a lenha com a qual estes poderiam atear fogueiras não seria capaz de queimar o fanatismo desses homens de fé.
Foram esses implacáveis fanáticos, de acordo com a estimativa do mundo, que encabeçaram a cruzada contra o anticristo, quando na época da Reforma desceu fogo do céu e acendeu em seus corações o amor pela verdade. Esses homens, através de sua inabalável determinação, motivados por fé viva, venceram em épocas de severas provações, durante as quais eles ergueram sua bandeira em nome de Cristo. Um lamurioso Melanchthon teria barganhado o evangelho em troca de paz. A resoluta coragem de um Lutero foi necessária para evitar esse sacrifício. Em todas as épocas, desde o início da igreja, quando a causa da verdade emergiu triunfante sobre o alarido e a poeira da controvérsia, a vitória foi conquistada por um grupo de fanáticos que se comprometeram solenemente na defesa dessa causa. Existe hoje a carência de homens que o mundo chame de 'fanáticos'. Homens que possuem pulso fraco e amor menos intenso pouco farão em benefício da causa da verdade e dos melhores interesses da humanidade. Eles negociarão até sua esperança quanto à vida por vir em troca da honra proveniente dos homens e da tranqüilidade resultante do comprometimento do evangelho. Há muitos homens assim em nossos dias, mesmo nas igrejas evangélicas e na linha de frente do evangelicalismo; homens que se gloriam de uma caridade indiscriminada em suas considerações, de um sentimento que rejeita o padrão que a verdade impõe; homens que aprenderam do mundo a zombar de toda a seriedade, a queixarem- se da escrupulosidade de consciência e a escarnecer de um cristianismo que se mantém através da comunhão com os céus! Esses têm os seus seguidores. Um amplo movimento emergiu afastado do cristianismo vital, de crenças fixas e de um viver santo. As igrejas estão sendo arrastadas nessa corrente. Aproxima-se rapidamente o tempo em que as únicas alternativas serão ou a fé viva ou o cepticismo declarado.
Uma violenta maré se abate sobre nós nessa crise, e poucos mostram-se zelosos em resistir. Não podemos prever qual será o resultado nas igrejas, nas comunidades e nos indivíduos, tampouco somos capazes de tentar conjeturá-lo sem manifestar sentimentos de tristeza. Contudo, uma vitória segura é o destino da causa da verdade. E, até que chegue a hora de seu triunfo, aqueles que atrelaram seus interesses à carruagem do evangelho perceber ão que fazem parte de um grupo que está diminuindo, enquanto avançam até àquele dia; seu sentimento de solidão se aprofundará, enquanto seus velhos amigos declinarão à negligência, a indiferença se converterá em zombaria, e as lamúrias se transformar ão em amarga inimizade. Eles levarão adiante a causa da verdade somente em meio aos escárnios dos incrédulos e às flechas dos perseguidores.
Mas nenhum daqueles que amam a verdade - aqueles cujos olhos sempre descansaram na esperança do evangelho - deve acovardado fugir das provações. Perecer lutando pela causa da verdade significa ser exaltado no reino da glória. Ser massacrado até à morte, pelos movimentos de perseguição, significa abrir a porta da prisão, para que o espírito redimido passe da escravidão ao trono. Em sua mais triste hora, aquele que sofre por causa da verdade não deve recusar a alegria que os lampejos da mensagem profética trazem ao seu coração, quando brilham através das nuvens de provação. O seu Rei triunfará em sua causa na terra e seus amigos compartilharão da glória dEle. Todas as nações sujeitar-se-ão ao seu domínio. As velhas fortalezas de incredulidade serão aniquiladas até ao pó. A iniqüidade esconderá sua face envergonhada. A verdade, revelada dos céus, receberá aceitação universal e será gloriosa no resplendor de seu bendito triunfo aos olhos de todos.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Como Vencer a Carne?


Carne x Espírito. Desejos x Cruz. Egoísmo x Renúncia.
Todos os dias travamos uma batalha contra nós mesmos. Muitas vezes, fazemos o mal que não queremos, e não fazemos o bem que queremos (Rom. 7:19). E Jesus falou diversas vezes que o caminho é estreito, e que é difícil entrar no Reino de Deus!
Mas por que temos que vencer a carne? Por que não podemos desfrutar dos prazeres deste mundo?
“Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus,” (Rom. 8:8) e “se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão” (Rom. 8:13). Ou você vive para crucificar seus desejos – imoralidade sexual, impureza, egoísmo, inveja – ou você não herdará o Reino de Deus.
Não se engane – se você está vivendo uma vida em que seus desejos imorais não são crucificados dia após dia, você não herdará o Reino de Deus. Parece impossível? Para nós, realmente é. Mas para Deus não há nada impossível. É fato que nós pecamos todos os dias, mas isso é diferente de estar em pecado.
Qual a diferença entre pecar e estar em pecado?
Leia Romanos 6. É muito bom para explicar essa diferença.
Em resumo, estar em pecado é ser escravo do desejo.
Estar em Cristo (ou aceitar a Cristo) é morrer para o pecado.
Você vai continuar tendo pecados, mas esse não vai ser o seu estilo de vida, e o pecado não mais te dominará. 
“Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos.” (Rom. 6:12)
Jesus respondeu: “Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado. (João 8:34)
E agora vem a grande pergunta. Se fosse fácil não precisaria escrever sobre isso. Mas espero que estas dicas te ajudem na luta contra o pecado.
Como vencer a carne? 
Em seu livro “Uma Vida Cheia do Espírito”, Charles Finney escreveu um capítulo Como Vencer o Pecado. Seus principais pontos são:
1. O pecado não é um movimento muscular ou um desejo involuntário. É um ato ou estado voluntário da mente.
Muitas vezes me iludi, falando pra mim mesmo, ‘minha carne é fraca, e incontrolável.’ Será? A Bíblia fala que o pecado não nos dominará, porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça. (Rom. 6:14) Isso significa que você pode até pecar, mas como você está debaixo da graça de Deus, você não vai se submeter à escravidão do pecado.
Sendo mais claro – se você, jovem, olhar para uma mulher com malícia, você está pecando. Mas você pode parar de olhar e falar pra Deus ‘me dá forças, pois não quero fazer isso.’ E então você para de olhar. E quando passa uma outra mulher, você não olha. Você não é um escravo desse desejo. Você é livre para não olhar. 
E se você, moça, falar mal de sua colega por trás, com maldade em seu coração, você está pecando. Mas se você resolver parar de praticar a fofoca, se decidir não falar mal e odiar a ninguém, você está se libertando. Você não precisa estar na rodinha em que todas falam besteiras. Você é livre para não falar mal.
O pecado é voluntário. Só é escravo do pecado quem quer.
 2. Todos os esforços dessa natureza para vencer o pecado são inúteis, e ainda em desacordo com a Bíblia
Você nunca vai vencer a carne se esforçando. É impossível ser santo sem depender do Espírito Santo. É impossível ser salvo sem confessar a morte e ressureição de Cristo.
Um exemplo – desde minha adolescência tinha a tendência de ser perfeccionista. Fazia o meu melhor possível nos estudos, no trabalho e na vida em geral. E quando caia em pecado, sempre me frustrava comigo mesmo, e não me perdoava. Tentava ser uma “pessoa melhor”. Não conhecia a plena graça de Deus, e me esforçava muito para ser um filho bom, e tinha muito medo em desagradar a Deus. Um dia, estava orando com um grupo de amigos, e senti Deus falando “você precisa se perdoar”. Eu não achei que fazia sentido nenhum, mas depois entendi. A graça de Deus é o que nos salva, não o fato de sermos perfeitos. Meus esforços para ser perfeito não faziam sentido. Jesus havia dado tudo por mim e o que eu precisava fazer era depender dele. Assim, descobri que poder de Jesus é maior até do que o peso do pecado.
 3.  Nada, senão a vida e energia do Espírito de Cristo dentro de nós, pode salvar-nos do pecado
Leia essa passagem, que é demais:
Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne. Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. Mas, se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei. Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Gálatas 5:16-24
Conclusão
Como vencer a carne? 
Pertença a Jesus, tome sua cruz, e você vencerá.

Ordem e decência no culto



Você chega ao teatro. A peça começa, mas um monte de gente continua entrando, falando alto, procurando lugar para sentar. Quando você se dá conta, perdeu boa parte das falas dos atores porque os atrasildos chamaram tanto sua atenção que prejudicaram a compreensão da peça. Ou então você vai ao cinema. Chegam os atrasildos. Pedem licença para passar, pois querem se sentar nas cadeiras vazias da sua fileira. Esbarram em você, esmagam suas pernas, pipocas caem no seu colo, desconcentração total. Ou entao aquele concerto de música maravilhoso. A Orquestra Sinfônica Brasileira dá os acordes iniciais da sua sinfonia preferida e, quando o maestro está a pleno vapor… lá vêm os atrasildos de plantão, fazendo barulho, caminhando por entre as fileiras, esbarrando em você para passar e prejudicando totalmente o seu deleite musical.
Pergunto eu: em alguma dessas situações você ficaria feliz?
Qualquer pessoa acharia esses atrasildos muitíssimo incômodos. Pois sua atitude demonstra desrespeito com o público que chegou na hora certa, com os artistas, com o significado daquele evento. E, convenhamos, se você e um dos atrasildos, por qualquer razão que seja, perdeu boa parte da programação simplesmente porque não chegou na hora. Tenho certeza de que você não chega atrasado ao cinema, ao teatro,  a um concerto: chega antes, com calma, compra seu ingresso, escolhe seu assento, não incomoda ninguém… Tudo com ordem e decência.
Curiosamente, quando o assunto é igreja parece que a lógica muda completamente. Muitos e muitos chegam com o culto já iniciado. E aí pronto: aquele irmão que chegou cedo, fez suas orações e começou a louvar na hora certa é quem sai prejudicado pelos atrasildos. Não
existe nada pior do que você estar de olhos fechados, cantando louvores para seu Deus, em total comunhão  e, de repente, umas batidinhas no ombro: “Dá licença para eu passar?”, diz o atrasildo. Parece que você despenca do Céu. O mínimo que se poderia esperar de uma pessoa educada é que, chegando atrasada, esperasse o fim da música para pedir licença. Mas não. Muitos não se incomodam de atrapalhar quem está num momento de profunda devoção, de olhos fechados, em adoração: “Dá licença pra eu passar?”. Tremendo desrespeito. O correto? Esperar em pé no corredor a música terminar, para não penalizar os demais por um desleixo seu com a hora.
Geralmente os cultos se iniciam com o louvor. Então parece na cabeça de muitos que aquilo ali é só um prelúdio musical para o culto de fato, que seria somente a pregação. Que engano enorme! O culto começa no “bom dia” ou no “boa noite” do pastor. O louvor é um momento importantíssimo, quando dizemos a Deus quem Ele é, o que representa para nós, destacamos seus feitos e o entronizamos em seu lugar de honra e glória. Mas para os atrasildos isso parece que não é importante, como se fosse apenas uma cantoria chata e dispensável.
E há ainda aqueles que, quando a pregação ou a ceia termina, pegam suas coisas e saem antes do final. Desprezam a benção de encerramento, a comunhão, os apertos de mão e os abraços que encerram o culto. Desprezam a oração final. E por quê? Em geral porque querem evitar a pequena fila que se forma na saída da igreja. Meu Deus, abrem mão de momentos preciosíssimos para evitar uma filinha! Deixam de receber a oração e a benção finais para não ter de levar 30 segundos a mais para sair da igreja! Claramente não entendem o que é o culto.
Um culto público em uma igreja tem começo, meio e fim. Cada parte tem sua razão de ser e sua importância. Chegar atrasado ou sair antes do final simplesmente é desrespeitar e incomodar quem chegou e vai embora na hora, é desprezar os momentos abençoadores do início e do fim e, honestamente, demonstra que a pessoa não compreende a importância de um culto a Deus vivido em sua plenitude. Ser pontual na igreja é uma atitude espiritual. E mais: é educado. É polido. Demonstra respeito por Deus e pelo próximo.
Chegue aos cultos como você gostaria que Jesus respondesse as suas orações: o mais cedo possível. E, de preferência, até mesmo antes do que se esperaria. E fique até o momento em que gostaria que Jesus ficasse na sua vida: o último instante.
Comportamento sintomático
Esse fenômeno é sintomático. Nós externalizamos o que vivemos interiormente. Este texto que você está lendo na verdade é a união de dois artigos que escrevi para duas edições do Jornal Sal da Terra a pedido do meu mano Carlos Alberto Simões sobre esse tema: “Ordem e decência no culto”. Pois quando ele me pediu que escrevesse um texto sobre isso, minha reação imediata foi falar sobre as instruções de Paulo em 1 Coríntios 14. No contexto, o apóstolo está falando sobre a igreja da cidade de Corinto, em que a manifestação dos dons espirituais estavam transformando as reuniões em uma tremenda bagunça, com irmãos falando em línguas e profetizando sem nenhum controle ou organização. Com isso, os cultos da igreja grega tornavam-se balbúrdias em que não se conseguia de fato cultuar Deus. Sempre que lemos esse capítulo, em especial o versículo 40, vemos como é importante que os encontros na igreja ocorram segundo uma liturgia em que haja um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar.
A grande dificuldade para se falar disso em nossos dias é que a Igreja no Brasil se tornou tão heterogênea que o que é confusão em uma pode ser a prática normal em outra. Na congregação pentecostal em que me converti, por exemplo, é normalíssimo e até esperado que durante a pregação as pessoas fiquem dando glórias a Deus em altos brados. Se isso não ocorrer é capaz de dizerem que “o pregador nao tinha unção”. Já na igreja em que congrego hoje, ao contrário, certamente isso seria um problema, pois o hábito local é que todos ouçam o sermão em silêncio. Então, o conceito de ordem e decência no culto é muito variável, dependendo da denominação e da cultura local de cada igreja.
Mas há um conceito que podemos absolutizar em toda e qualquer igreja evangélica brasileira, em toda denominação, em todo culto: não a manifestação externa de ordem e decência, mas a manifestação interna. As perguntas que traduziriam esse conceito seriam: como anda sua alma e sua vida com Deus fora das paredes do templo? Em ordem? Em decência? Pois bagunça interior leva a bagunça exterior.
Mais importante do que um culto coletivo em que não haja balbúrdia nem desorganização é um culto individual em que o adorador se aproxime de Deus com o coração ordenado e decente. Pois de que adianta o irmão chegar e partir domingo da igreja com a alma parecendo uma cama desarrumada? Com pecados não confessados, atitudes hipócritas e falta de amor no coração? Isso sim é bem mais grave.
Pois, dependendo da cultura de sua denominação, você pode glorificar em alta voz, falar em línguas, saltar e erguer as mãos no louvor… Mas se sua alma estiver indecente diante de Deus isso tudo é inócuo. Ou, se o hábito na sua igreja for cultuar em silêncio, de forma mais formal e sem grandes manifestações externas… Se seu coração estiver desordenado isso tudo também é inócuo.
Importa que nossos cultos transcorram em paz. Que a expressão de entrega do fiel a Deus aconteça coerentemente dentro do contexto de cada cultura denominacional e local. Você sabe bem o que se espera em termos de comportamento dentro da tradição da igreja em que congrega e não preciso lhe ensinar isso – seu pastor o fará. Mas importa muito mais, e isso nunca é demais lembrar, que você se achegue ao Santo dos Santos com sua vida em ordem e decência. Isso em qualquer contexto em que esteja. Portanto, se você notar que está vivendo um pecado constante, busque limpar-se. Se existe alguém com quem você cortou relações e não fala mais, reconcilie-se com ele antes de levar a oferta ao altar. Se o Espírito Santo lhe mostra que algo em sua vida precisa ser mudado, não espere o dia de amanhã.
Conserte-se hoje. Aprume-se. Dê a outra face. Caminhe a segunda milha. Perdoe setenta vezes sete vezes. Purifique-se dos pecados. Humilhe-se. Suplique por misericórdia. Peça forças naquilo em que está fraco. Faça o que tiver de fazer! E isso pode começar com uma oração aqui, neste instante, com este post diante de seus olhos. Dirija-se a Deus em oração onde você estiver. Confesse seus pecados – você sabe quais são. E ponha sua vida em situação de ordem e decência. Se você fizer isso, seu culto a Deus será sempre bem recebido
Paz a todos vocês que estão em Cristo
.Fonte: http://apenas1.wordpress.com/

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O contraste entre o justo e o ímpio - Hernandes Dias Lopes

Por Rev. Hernandes Dias Lopes

O livro dos Salmos é uma coletânea de cânticos, orações e lamentos do povo de Deus, escrito por vários autores, desde os dias de Davi até o período pós-cativeiro babilônico. Há mais de cem citações do livro de Salmos no Novo Testamento. Isso prova sua relevância na história da redenção. Esse livro tem sido uma fonte de consolo para a igreja de Deus ao longo dos séculos até aos dias atuais.
O Salmo 1 é a porta de entrada deste, que é o maior livro da Bíblia. Destacaremos, aqui, três lições importantes deste Salmo.

Em primeiro lugar, um contraste profundo é apresentado. 

O autor sagrado faz um profundo contraste entre o ímpio e o justo. Enquanto o ímpio é como uma palha que o vento dispersa, o justo é como uma árvore plantada junto à fonte. Enquanto o ímpio está seco espiritualmente, o justo tem verdor mesmo nos tempos de sequidão. Enquanto o ímpio não tem frutos que agradam a Deus, o justo produz frutos na estação certa. Enquanto o ímpio não tem estabilidade e é jogado de um lado para o outro pelo vendaval, o justo tem suas raízes firmadas no solo da fidelidade de Deus. Enquanto o ímpio tem suas obras reprovadas por Deus, o justo tem sucesso em tudo quanto faz. Enquanto o ímpio busca a roda dos escarnecedores, o justo se deleita na lei do Senhor. Enquanto o ímpio não terá assento na assembleia do santos nem prevalecerá no juízo, o justo será conduzido por Deus na história e recebido na glória. Enquanto o caminho do ímpio perecerá, o caminho do justo é conhecido por Deus. É tempo de você refletir sobre sua vida. Quem é você? Onde está o seu prazer? Onde está o seu tesouro? Em qual dessas duas molduras você pode colocar sua fotografia? Lembre-se: o ímpio pode parecer feliz, mas seu fim é trágico. Mas, o justo, mesmo passando por provas na vida, é bem-aventurado.


Em segundo lugar, um caminho de felicidade é descortinado. 

A felicidade existe e pode ser experimentada. É legítima e compatível com a fé cristã. Essa iguaria especial da alma não se encontra no conselho dos ímpios, daqueles que se esquecem de Deus. Esse tesouro tão cobiçado não é encontrado no caminho largo dos pecadores nem mesmo na mesa, onde os escarnecedores rasgam a cara em ruidosas gargalhas prenhes de escárnio. Onde está a felicidade? Você é feliz em primeiro lugar, por aquilo que evita. Você sorve o néctar da felicidade quando tapa os ouvidos ao conselho dos ímpios, quando afasta seus pés do caminho dos pecadores e quando não busca um lugar junto à mesa na roda dos escarnecedores. Em segundo lugar, você é feliz por aquilo que você faz. Uma pessoa feliz nutre sua alma com os jorros benditos que emanam da lei de Deus. A felicidade está em alimentar a mente com a verdade de Deus e ser governado por essa verdade. Em terceiro lugar, você é feliz por quem você é. Uma pessoa feliz é como uma árvore frondosa, de folhas viçosas e frutos excelentes, que mesmo na adversidade, não perde sua beleza nem escasseia seus frutos. Uma pessoa feliz tem sucesso constante, uma vez que tudo quanto faz será bem sucedido.

Em terceiro lugar, um juízo inevitável é anunciado. 

Os ímpios são aqueles que não levam Deus em conta. Esses não têm segurança diante das tempestades da vida e serão levados como a palha que o vento dispersa. Os pecadores são aqueles que deliberada e conscientemente andam na contramão da vontade de Deus e transgridem a lei de Deus. Esses, mesmo sendo religiosos e tendo seu nome no rol de membros de uma igreja não permanecerão na congregação dos justos. Os perversos são aqueles que, além de rejeitarem a verdade, escarnecem de Deus e zombam da fé cristã. Esses podem prevalecer no juízo dos homens, subornando os tribunais e amordaçando a justiça, mas jamais prevalecerão no juízo de Deus. Ímpios, pecadores e perversos podem vender uma imagem glamorosa do pecado e podem passar a imagem de que estão sorvendo todas as taças da felicidade, mas sua alegria é ilusória, sua vida é vazia e sua condenação no juízo é certa. É preciso abrir os ouvidos da alma para escutar a retumbante voz do salmista, quando conclui, dizendo: “Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá”.





sábado, 4 de fevereiro de 2012

Como um animal ou segundo o coração de Deus? - C. H. Spurgeon




Eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional a tua presença.

Salmos 73.22

Lembre-se: esta é confissão de um homem segundo o coração de Deus. Ao falar-nos sobre a sua vida interior, Davi escreveu: "Eu estava embrutecido e ignorante".

A palavra embrutecido, neste versículo, significa muito mais do que expressamos na linguagem comum. Davi, no terceiro versículo do salmo, escreveu: "Eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos". Isto nos mostra que o embrutecimento sobre o qual ele se referia envolvia pecado. Davi se humilhou chamando-se embrutecido. Este era um embrutecimento pecaminoso, que tinha de ser condenado por causa de sua perversidade e ignorância obstinada, visto que Davi sentira inveja da prosperidade presente dos ímpios e se esquecera do terrível destino que os aguarda.

Somos melhores do que Davi, a ponto de nos chamarmos sábios? Confessamos que já atingimos a perfeição e que já fomos tão disciplinados por Deus, a ponto de a vara haver removido toda a nossa obstinação? Na verdade, isto seria orgulho! Se Davi estava embrutecido, quão embrutecidos seríamos nós, em nossa própria opinião, se pudéssemos ver a nós mesmos!


Crente, olhe para trás. Pense em suas dúvidas para com Deus, quando Ele se mostrou tão fiel para com você. Em seu clamor embrutecido: "Assim não, meu Pai", lembre de Jesus transpassado em aflição, a fim de lhe dar a maior bênção. Pense nas muitas vezes em que você leu suas orientações no escuro, interpretou erradamente suas dispensações e queixou-se: "Tudo está contra mim", quando elas cooperam para o seu bem! Pense em quão frequentemente você tem escolhido o pecado,- por causa dos seus prazeres, quando tais prazeres foram raízes de amargura para você! Com certeza, se conhecemos nosso coração, temos de nos declarar culpados ante a acusação de embrutecimento pecaminoso. Conscientes deste "embrutecimento", façamos da decisão de Davi nossa própria decisão: "Tu me guias com o teu conselho" (Salmos 73.24).

Há muito que o SENHOR me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí. Jeremias 31:3

Pregando a Cristo



A igreja do século XXI enfrenta muitas crises. Uma das mais sérias é a crise de pregação. Filosofias de pregação amplamente diversas competem por aceitação no clero contemporâneo. Alguns veem o sermão como um discurso informal; outros, como um estímulo para saúde psicológica; outros, como um comentário sobre política contemporânea. Mas alguns ainda veem a exposição da Escritura Sagrada como um ingrediente necessário ao ofício de pregar.

À luz desses pontos de vista, sempre é proveitoso ir ao Novo Testamento para procurar ou determinar o método e a mensagem da pregação apostólica apresentados no relato bíblico.

Em primeira instância, temos de distinguir entre dois tipos de pregação. A primeira tem sido chamada kerygma; a segunda, didache. Esta distinção se refere à diferença entre proclamação (kerygma) e ensino ou instrução (didache).

Parece que a estratégia da igreja apostólica era ganhar convertidos por meio da proclamação do evangelho. Uma vez que as pessoas respondiam ao evangelho, eram batizadas e recebidas na igreja visível. Elas se colocavam sob uma exposição regular e sistemática do ensino do apóstolos, por meio de pregação regular (homilias) e em grupos específicos de instrução catequética.

Na evangelização inicial da comunidade gentílica, os apóstolos não entraram em grandes detalhes sobre a história redentora no Antigo Testamento. Tal conhecimento era pressuposto entre os ouvintes judeus, mas não era argumentado entre os gentios. No entanto, mesmo para os ouvintes judeus, a ênfase central da pregação evangelística estava no anúncio de que o Messias já viera e inaugurara o reino de Deus.

Se tomássemos tempo para examinar os sermões dos apóstolos registrados no livro de Atos dos Apóstolos, veríamos neles uma estrutura comum e familiar. Nesta análise, podemos discernir akerygma apostólica, a proclamação básica do evangelho. Nestakerygma, o foco da pregação era a pessoa e a obra de Jesus. O próprio evangelho era chamado o evangelho de Jesus Cristo. O evangelho é sobre Jesus. Envolve a proclamação e a declaração do que Cristo realizou em sua vida, em sua morte e em sua ressurreição. Depois de serem pregados os detalhes da morte, da ressurreição e da ascensão de Jesus para a direita do Pai, os apóstolos chamavam as pessoas a se convertem a Cristo - a se arrependerem de seus pecados e receberem a Cristo, pela fé.

Quando procuramos inferir destes exemplos como a igreja apostólica realizou a evangelização, temos de perguntar: o que é apropriado para transferirmos os princípios da pregação apostólica para a igreja contemporânea? Algumas igrejas acreditam que é imprescindível o pastor pregar o evangelho ou comunicar a kerygma em todo sermão que ele pregar. Essa opinião vê a ênfase da pregação no domingo de manhã como uma ênfase de evangelização, de proclamação do evangelho. Hoje, muitos pregadores dizem que estão pregando o evangelho com regularidade, quando em alguns casos nunca pregaram o evangelho, de modo algum. O que eles chamam de evangelho não é a mensagem a respeito da pessoa e da obra de Cristo e de como sua obra consumada e seus benefícios podem ser apropriados pela pessoa, por meio da fé. Em vez disso, o evangelho de Cristo é substituído por promessas terapêuticas de uma vida de propósitos ou de ter realização pessoal por vir a Cristo. Em mensagens como essas, o foco está em nós, e não em Jesus.

Por outro lado, examinando o padrão de adoração da igreja primitiva, vemos que a assembleia semanal dos santos envolvia reunirem-se para adoração, comunhão, oração, celebração da Ceia do Senhor e dedicação ao ensino dos apóstolos. Se estivéssemos lá, veríamos que a pregação apostólica abrangia toda a história redentora e os principais assuntos da revelação divina, não se restringindo apenas à kerygmaevangelística.

Portanto, a kerygma é a proclamação essencial da vida, morte, ressurreição, ascensão e governo de Jesus Cristo, bem como uma chamada à conversão e ao arrependimento. É esta kerygma que o Novo Testamento indica ser o poder de Deus para a salvação (Rm 1.16). Não pode haver nenhum substituto aceitável para ela. Quando a igreja perde sua kerygma, ela perde sua identidade.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O limite da fraqueza



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Por Adeildo Nascimento Filho


“Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos.”
 1 Co 9:22.

Lendo este texto fico me perguntando se Paulo pensou em algum limite para esta fraqueza quando o escreveu. Também me pergunto se atualmente a suposta fraqueza de alguns efetivamente tem o objetivo santo de ganhar os fracos.

Até que ponto a pregação do evangelho tem que se sujeitar a modismos e ondas pós-modernas de dominação do mundo e principalmente do consciente e inconsciente coletivo? Será que a cruz precisa de estratégias agressivas de marketing como os produtos tecnológicos ou as cadeias de varejo? Será que a TV e os programas de auditório, antes tão atacados pelos cristãos tradicionalistas, agora são a mais indicada forma de se pregar o evangelho de Cristo? Boas perguntas.

Não consigo acreditar que Paulo toparia lançar oferendas para Iemanjá a fim de alcançar os seus devotos. Também não consigo imaginar que Paulo toparia subir num palco e cantar “ai se eu te pego” a fim de abrir caminho para o coração do pessoal da “tribo” do sertanejo universitário. Não acredito em discipulado feito virtualmente, não foi assim que Jesus fez. Também não creio que o evangelho precise de subterfúgios de entretenimento coletivo para “vender” sua mensagem. Até porque ele não precisa ser vendido, é gratuito.

Talvez o limite da fraqueza citada por Paulo seja o da pessoalidade. Se fazer de fraco não significa ser fraco, ou seja, não é necessário ser viciado em nada para ter o mínimo de empatia com aqueles que são. Do contrário, seguindo esta lógica, seríamos forçados a pecar para demonstrar amor aos que pecam. Jesus não pecou e ninguém amou mais o pecador que ele.

Outro ponto é o motivo explicitado por Paulo para este tipo de atitude, ganhar os fracos. Se fazer de fraco só tinha este objetivo. Como sempre a resposta está no motivo e não na ação em si. Não tenho dúvidas quanto aos objetivos de Paulo, sua vida traduziu na íntegra tudo o que ele pregou. E hoje? O motivo ainda é o mesmo? Estamos fazendo papel de tolos e fracos buscando as mesmas glórias de Paulo? Tenho lá minhas dúvidas. E quando digo isso não penso em ninguém mais além de mim. Meu coração é enganoso e falho. Vivo a várias centenas de anos distante de Paulo e do primeiro derramar do Espírito Santo. Tenho receio de, no mínimo, me perder na fraqueza enquanto tento ganhar os fracos. Acho melhor mostrar a fortaleza da rocha na qual procuro me firmar a cada novo dia.

Na maior parte das vezes acho que estamos abrindo mão da nossa responsabilidade na expansão do reino. A maior propaganda do evangelho deveria ser nossas vidas. Pregações ambulantes. Corpos cravejados de cicatrizes que provam a eficácia do evangelho. Vidas redimidas e limpas através do sangue de um cordeiro inocente. Mas ao invés disso, na maior parte do tempo, temos terceirizado nosso chamado para ícones do mundo gospel na esperança que eles preguem, discipulem e conduzam vidas até a cruz.

É difícil não ser pessimista quanto a eficácia dessa estratégia para o reino de Cristo. Continuo acreditando não haver comunhão entre luz e trevas.

O limite da fraqueza citada por Paulo é Jesus. Enquanto Ele for o ÚNICO caminho apontado por você ok, mas caso Ele se torne UM DOS, então você deixou de se fazer de fraco e passou a ser um deles.