terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Rasgai o Coração! - C. H. Spurgeon




Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes.

Joel 2.13

o rasgar de vestes e outros sinais exteriores de emoção religiosa podem ser manifestados com facilidade e, frequentemente, são hipócritas. Sentir o verdadeiro arrependimento é muito mais difícil e, consequentemente, muito menos comum. Os homens atenderão às mais diversas e minuciosas normas de cerimônias religiosas que são agradáveis à carne. Mas a verdadeira fé é bastante humilhante, perscrutadora e completa, e não atrai o gosto carnal dos homens. Alguns preferem algo mais ostentoso, superficial e mundano.

Os ouvidos e olhos são satis¬feitos, a presunção é alimentada, e a justiça própria é enaltecida. Todavia, eles estão enganados, porque, na hora da morte e no Dia do Juízo, a alma necessita de algo mais substancial do que cerimônias e rituais em que possa confiar. Oferecida sem um coração sincero, toda forma de adoração é um fingimento e uma zombaria descarada da majestade no céu.

O rasgar do coração é uma obra realizada por Deus e experimentada com solenidade. E uma tristeza secreta experimentada pessoalmente, não como um ritual, e sim como uma obra profunda e constrangedora da alma, por parte do Espírito Santo, no coração de todo crente. Não é uma questão para ser meramente discutida e crida, mas para ser aguda e sensitivamente experimentada em cada filho do Deus vivo. O rasgar do coração é poderosamente humilhante e completamente purificador do pecado; mas, depois, é doce-mente preparatório para as consolações graciosas que espíritos orgulhosos não podem receber. E distintamente característico, pois pertence aos eleitos de Deus, e para os tais apenas.

O versículo de hoje nos ordena a rasgar o coração, mas ele natural-mente é tão duro quanto o mármore. Como, então, podemos fazer isto? Temos de levar nosso coração até ao Calvário. A voz de um Salvador quase morto rasgou as rochas naquela ocasião e continua tão poderosa agora como o foi naquele dia. O bendito Espírito Santo, faze-nos ouvir os clamores de morte do Senhor Jesus, e nosso coração será rasgado, à semelhança de homens que 
rasgavam suas vestes no dia de lamentação.

Dá-me, filho meu, o teu coração! – M. Lloyd-Jones



O que Deus quer, o que o nosso bendito Senhor quer, acima de tudo, somos nós mesmos — o que a Escritura chama nosso «coração». Ele quer o homem interior, o coração. Ele quer nossa submissão. Ele não quer apenas a nossa profissão (de fé), o nosso zelo, o nosso favor, as nossas obras, nem qualquer coisa mais.

Ele nos quer. ... Deus não quer nossas ofertas; Ele não quer nossos sacrifícios; Ele quer nossa obediência, quer-nos a nós mesmos. E possível que um homem diga coisas certas, seja muito ocupado e ativo, alcance visivelmente resultados magníficos e, contudo, não se tenha entregado ao Senhor. Ele pode estar fazendo isso tudo para si próprio. ... E isso é, afinal, o maior insulto que podemos fazer a Deus.

... dizer: «Senhor, Senhor» fervorosamente, ser ocupado e dinâmico e, todavia, negar-Lhe a verdadeira fidelidade e submissão, insistir em reter a direção de nossas próprias vidas, e permitir que as nossas próprias opiniões e argumentos antes que os da Escritura dirijam o que fazemos e o modo como o fazemos... e tudo mais que façamos — por maiores que sejam as nossas oferendas e sacrifícios, por mais maravilhosas que sejam as obras que façamos em Seu nome — isso tudo de nada nos valerá.

Se cremos que Jesus de Nazaré é o unigênito Filho de Deus, que Ele veio a este mundo, suportou a cruz do Calvário, morreu por nossos pecados e ressuscitou a fim de justificar-nos e dar-nos nova vida e preparar-nos para o Céu — se você de fato crê nisso, há uma única e inevitável conclusão lógica, a saber, que Ele tem direito à posse total das nossas vidas, tudo, sem nenhum limite, de nenhuma espécie. Isso significa que Ele deve ter a direção não só das coisas grandes, mas também das pequenas. ... Devemos submeter-nos a Ele e ao Seu caminho segundo as condições que aprouve a Ele nos revelar na Bíblia; e se o que fazemos não se amolda a este modelo ... trata-se do tipo de conduta que leva Cristo a dizer a certa gente: «Apartai-vos de mim, vós que praticais iniquidade.»

Ele os designa desse modo 'porque ... faziam tudo aquilo para agradar-se a si mesmos, e não para agradar a Ele. Examinemo-nos solenemente à luz destas verdades.

Quem quer dinheiro? Quem quer Reino?



“Acaso é tempo de vocês morarem em casas de fino acabamento, enquanto a minha casa continua sendo destruída?” Ageu 1:4
“Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam e vos enchem de vãs esperanças, falam as visões do seu coração, não o que vem da boca do Senhor.” Jeremias 23:16
A pouco tempo me surpreendi de forma negativa. Eu já ouvira falar que determinado “pastor” defendia a teologia da prosperidade. Mas também ouvi outras pessoas dizerem que não, que isso dependia do ponto de vista. Eu queria ver com meus próprios olhos então fui pessoalmente assistir ao culto em que ele pregaria. Que tristeza. Que motivação mais mesquinha que fazia as pessoas saltarem e gritarem. Não, elas não gritavam porque algum irmão havia sido curado, porque algum pecador havia se arrependido, ou porque a presença de Deus estava se movendo ali. Elas gritavam apenas concordando com as propostas desse pastor. Eu só podia ouvir “Recebo” “Eu quero” “Prosperarei”. Blá blá blá.
“Deus vai te dar uma casa tão linda, que as pessoas vão parar na frente pra tirar foto.” Foi a ultima frase que ouvi. Depois disso eu me recusei. Levantei e fui pra casa.  Eu não poderia ter beijado minha bíblia no inicio da pregação (um ato profético que ele propôs) e continuar ouvindo coisas que iam contra o que estava escrito nela.
O que ela me diz? Bem, eu li que na igreja de atos as pessoas vendiam seus bens, pra ajudar as outras. Era uma comunidade movida por amor, onde, se o dinheiro era problema, em pouco tempo não era mais, porque um sabendo da necessidade do outro rapidamente juntava o que tinha, pensava numa solução (mesmo que tivesse que se desfazer de algum imóvel particular) e não sossegava enquanto seu irmão também não estivesse sossegado. Não, eles não faziam isso esperando colher nada. Eles faziam isso por amor.
“pois nenhum necessitado havia entre eles porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as traziam os valores correspondentes. E depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um, à medida que alguém tinha necessidade.” Atos 4;34 e 35
Eu quero dar pra Deus o que quer que seja com nenhuma outra expectativa que não seja “estou fazendo Deus feliz, essa é a vontade dEle e esse é meu sacrifício de amor, minha vida e tudo a que estou apegada, no altar dEle”. O que eu recebo de Deus é AMOR. É amor que eu tenho que dar, amor desprendido de interesses. Quando eu digo “estou semeando para multiplicar” eu quero dizer que o Senhor seja glorificado, porque a semente é dEle, a chuva que vai fazer nascer o fruto é dEle (Jeremias 5:24) e NATURALMENTE (tanto quanto plantar batata vai fazer nascer batata) eu terei o fruto em tempo certo, por que? Porque NATURALMENTE Deus é fiel, e se eu estou nEle nada vai me faltar, Ele não vai fazer multiplicar o que a minha carne quer, e sim o que eu PRECISO.
Quero ver pessoas lotando templos, aplaudindo, pirando e saltando por ALMAS. É por isso que os anjos festejam, é esse o motivo de festa nos céus e não chaves de casas sendo “entregues”.
Não podemos usar algo pessoal como fórmula que vai dar certo para todo mundo. A não ser que seja um princípio de Deus, nada do que Ele disse especificamente para você deve ser levado em consideração para todas as pessoas que vc conhece. Vamos supor que você seja um empresário, que tem um certo apego ao dinheiro, talvez porque está juntando para construir sua casa, ou comprar um barco, ou então está poupando para as férias na praia com a família. Aí Deus te pede para dar mil reais de oferta. “Puxa vida, mil reais assim? De uma vez? E eu nem sei pra que esse dinheiro vai ser aplicado? Só vou dar por obediência? Ai meu bolso” Faz sentido? Faz, porque isso vai doer nesse cara, vai matar a carne dele. Sacrifício é algo que vai doer. Agora, não me suba num púlpito dizendo que se os irmãos não têm mil reais para semear, eles podem pedir emprestado e semear, que vai “surtir o mesmo efeito”, que Deus vai “provar sua fé” do mesmo jeito. Me poupe! Pra alguém que passa necessidade de comida, mil reais só vai doer na carne do estômago dos filhos dessa pessoa. Quanta irresponsabilidade!
Sabe quando eu acreditaria nesses caras? Quando ao invés de pedir sementes de mil reais eles lançassem um desafio. Sei lá, algo louco como: cada irmão aqui vai se dispor e não vai se negar se Deus pedir pra que:
- ore com uma pessoa morta – pra ela ressuscitar.
- ore por alguém com câncer, AIDS, ou qualquer doença que não tenha cura aos olhos humanos.
- venda um de seus carros e doe a um orfanato ou família necessitada.
- adote um missionário e envie mensalmente a ele a mesma quantia que vc enviaria se fosse seu filho que estivesse em campo.
- abra mão do seu almoço (jejue) para que o avivamento aconteça na sua cidade.
Fazendo tudo isso eles não ganhariam nada material em troca, não ganhariam 7 vezes mais do que seu salário, mas ganhariam a satisfação de Deus.
É fácil dar dinheiro, o difícil é ir num orfanato. O difícil é olhar no olho de um velhinho num asilo, e dar ouvidos à ele, perguntar do que ele esta precisando, e dar, ainda que seja um abraço.
“não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a raça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros  no céu, onde traça nem ferrugem corroem e onde ladro não escavam nem roubam, porque, onde esta o teu tesouro ali também estará o teu coração” Mateus 6:19-21
Não, não ia dar certo essa campanha que eu falei. Seria uma campanha furada, daquelas que não enchem nem 30% dos bancos da sua igreja. Sabe por que?
Porque os cristãos do nosso tempo semeiam dinheiro crendo que um dia terão um jatinho, ou uma casa dos sonhos. Mas não semeiam meia hora do seu tempo para orar pelas pessoas, nem abrem mão do seu almoço para que venha o Reino de Deus.
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” Mt 23.23
Estão prostadas sim, mas diante da sua carne mimada, que precisa ser satisfeita, apoiada no pretexto furado de que somos filhos do Rei, se esquecendo que pra Ele ser Rei o Reino dEle precisa vir. E tem um preço que não é mil reais.
Eu não quero ser uma milionária. Pq eu corro dois riscos:
- Ficar pobre rapidinho, pq eu ia comprar tudo que me desse na telha sem nem olhar preço (coisas fúteis, que eu realmente NÃO preciso) e ia ajudar todo mundo que eu sei que precisa (isso significa MUITA gente) logo, sem visão empresarial, nem noção de administração nenhuma pra tanto dinheiro, eu logo voltaria à minha vidinha normal de classe média.
- Esquecer que preciso de Deus. Concorde você comigo ou não, quando a gente tem dinheiro – eu digo bastante dinheiro, mais do que você precisa pra pagar sua faculdade, a prestação de seu carro, a ração do seu cachorro, o aluguel e a compra do mês – a gente esquece de Deus. É a necessidade, os problemas o que mais nos aproxima de Deus. Vai falar que não? Vai falar que toda vez que você se ajoelha é simplesmente porque te deu “saudade” de Deus? Não! Quando a segurança vai embora junto com o dinheiro, buscamos a Deus, o sofrimento é um megafone de Deus nos gritando “voce precisa de mim. Você não foi feito pra esse mundo aí, pare de brincar com brinquedos que não são pra vc.”
Eu sei que nós vamos continuar comprando roupas, sentindo fome e rindo de seriados da TV. Eu sei que a gente vai continuar indo toda semana na igreja e ouvir o pastor falando de homens que marcaram a história. Em algum lugar do nosso mundo de possibilidades sabemos que o que eles fizeram, nós poderíamos fazer. Que um cara que marcou a cidade dele e hoje, depois ter morrido pelo evangelho, é conhecido mundialmente, teve as mesmas oportunidades que você tem hoje ou até menos. O que ele fez de diferente foi não negligenciar seu chamado, não se acovardar. Talvez esse cara tmb tinha uma conta no twitter, tmb ia ao cinema com os amigos, tambem ficou bravo quando o Brasil perdeu a copa.  O que ele fazia de diferente, era ouvir a voz de Deus e não fingir que não era com ele.
Enquanto em muitos lugares alguns palestrantes (me recuso à chamá-lo de pastores) esbravejam que“Deus é bom, Ele vai te fazer ser o homem mais rico da sua região” que você possa acreditar que Deus continua sendo bom quando vc ñ está na lista dos mais ricos, e que inclusive uma coisa tem tudo a ver com a outra. É por Ele ser bom que Ele não te dá o melhor carro, nem a casa que todo mundo vai invejar.
“O destino deles é a perdição, o seu Deus é o estômago e eles têm orgulho do que é vergonhoso, só pensam nas coisas terrenas” Filipenses 3:19
O que é vergonhoso? Eu desejar ter uma casa igual a de determinada atriz global, enquanto à vinte minutos da minha casa, numa favela, morre uma família soterrada, em condições sub humanas de moradia, sem oportunidades, sem Jesus. É vergonhoso as igrejas entupidas de pessoas em dia de semana, num horários nada convencional, pra ver determinado palestrante falar meia dúzia de mentiras, com fórmulas mirabolantes de “sucesso” que ele tirou de algum lugar oco da cabeça dele, enquanto no sábado à meia noite, numa vigília de intercessão pela Igreja Perseguida, vc não possa contar mais de 15 pessoas.
Você pode virar pra mim e dizer: “Mas que post pessimista”.
Não. Se esse mundo está assim, se sua igreja está assim, levante-se e seja diferente. Revolucionários não são pessoas que fizeram bagunça, que mudaram incontáveis vezes de igreja, ou que brigaram com seus líderes. Revolucionários são pessoas com visão, que perguntam a Deus o que podem fazer naquele meio, e que estão dispostos a obedece-lO seja lá o que Ele peça. Sadraque, Mesaque e Abedenego fizeram barulho sem fazer nada. Eles só NÃO fizeram o que todos estavam fazendo. Resistiram aos banquetes, resistiram à onda do momento. Talvez isso seja tudo que Deus quer de você hoje. Permanecer firme, se a maré estiver forte, você vai estar tão firme em Deus, que correnteza nenhuma vai te convencer que o outro lado é melhor. Revolucione, seja a resposta. Revolucionários tem uma convicção, são teimosos, chatos e loucos. Eu queria que você pudesse concordar com essa oração embaixo:
Não Deus, eu não quero um avião. Eu não quero uma Mercedes. Porque nós dois sabemos que, se eu tiver, meu ego vai subir mais rápido do que o acelerador daquele carro. Só quero sentir a sua glória me transformando todos os dias, pra eu poder ser sal fora do saleiro, luz na escuridão. E fazer o que ninguém acredita que eu seja capaz. Eu vou fazer justamente por isso. Porque eu não sou capaz mesmo, mas o Jesus que vive em mim é. Eu sei que em comparação ao oceano de Sua sabedoria minha mente pode ser comparada a um copo, mas ainda assim te peço, me dá uma breve noção do quanto essa vida aqui é passageira Deus, ensina-me a contar os meus dias. Não quero viver apegada a coisas e a lugares aos quais eu não pertenço. Não quero que minhas limitações me impeçam de sonhar os Teus sonhos. Milagres, o Senhor faz e muito bem. Eu sei pq te conheço e já vi tantos com esses meus olhos mortais… Então começa agora e faz mais esse milagre em mim. Me dá sede por santidade, desespero por estar aqui, aos Seus pés. Eu sei que isso é tudo que eu preciso.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Quando os lobos atacam as ovelhas



Por Hernandes Dias Lopes
O apóstolo João, em sua segunda carta, versículos 7 a 11, fala acerca de três perigos que a igreja enfrenta em relação aos falsos mestres e enganadores, que como lobos, espreitam as ovelhas de Cristo. Os falsos mestres sempre existiram e sempre procuraram se infiltrar no meio do rebanho para atacar as ovelhas. Esses enganadores negam, por exemplo, as verdades essenciais da fé cristã, como a encarnação de Cristo e sua morte vicária na cruz. Eles têm o mesmo espírito do anticristo e vêm para preparar seu caminho (2Jo 7). Esses lobos nem sempre colocam as unhas de fora. Na maioria das vezes, travestem-se de ovelhas para entrar no aprisco e devorá-las. Que cautela a igreja precisa ter? Quais são os perigos que precisamos evitar para não sermos atacados por essa alcateia de lobos?
1. O perigo de tornar atrás (2 Jo 8). 
João alerta aos crentes para ficarem atentos a fim de não retrocederem e não perderem aquilo que foi realizado com esforço pelos verdadeiros obreiros de Deus. Quem retrocede na fé, quem escuta a voz dos falsos mestres e quem se afasta da igreja do Deus vivo para dar ouvidos às heresias perniciosas dos falsos mestres rifa sua própria alma no balcão do engano. O apóstolo João recomenda cautela, pois os falsos mestres não se apresentam como tal. Eles vêm com voz suave. São simpáticos, atraentes, bons comunicadores. Parecem sempre estar na frente, trazendo revelações novas e espetaculares. Mas, sorrateiramente ou mesmo explicitamente negam as verdades fundamentais da fé cristã e desconstroem os pilares do cristianismo. Seguir esses aventureiros é desviar-se da fé, é mergulhar na escuridão da mentira de Satanás e colocar os pés no caminho largo que conduz à perdição.
2. O perigo de ir além (2 Jo 9). 
Os falsos mestres sempre ficam aquém das Escrituras ou vão além delas. Eles ultrapassam a doutrina de Cristo. Não têm a Palavra de Deus como única regra de fé e prática. Acrescentam à Bíblia alguma nova revelação. Ao fazerem isso, negam a veracidade e a suficiência das Escrituras. Negam também a Pessoa e a obra perfeita e completa de Cristo. Negam a salvação pela graça e introduzem mentiras perniciosas, fazendo-as passar pela última verdade a que todos os homens devem se render. O apóstolo Paulo já havia alertado aos crentes da Galácia que ainda que um anjo de Deus viesse do céu para pregar outro evangelho, além daquele que foi pregado, deveria ser rejeitado veementemente. Só há um evangelho. Só há uma mensagem salvadora. Buscar outros caminhos, outras fontes e outras revelações é cair num abismo trevoso, é desviar-se da verdade, é apostatar-se da fé.
3. O perigo de ir junto (2 Jo 10,11). 
O apóstolo João é enfático em dizer que não podemos receber em nossa casa aqueles que trazem em sua bagagem a falsa doutrina, aqueles que negam nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo como nosso único e suficiente Salvador e Senhor. Não podemos dar as boas vindas a esses lobos travestidos de ovelhas, pois fazer isso é tornar-se cúmplice de suas obras más. Os falsos mestres são incansáveis em sua jornada de morte. Eles são itinerantes. Batem de porta em porta e buscam sempre uma oportunidade para enredar alguém com sua astúcia. A única forma de mantermos esses lobos fora do aprisco, longe das ovelhas e distante da nossa casa é firmarmo-nos na verdade. Sem o conhecimento das Escrituras, não teremos discernimento necessário para distinguir entre o lobo e a ovelha, entre a verdade e a mentira, entre o verdadeiro evangelho e o falso evangelho. Nesse tempo em que a sociedade organizada, por meio de suas mais respeitadas instituições, conspiram contra os valores espirituais e morais que devem reger a família. Nesse tempo em que florescem como cogumelo novas seitas bem como novas igrejas introduzindo novidades estranhas às Escrituras, arrebatando multidões aos seus redutos, precisamos nos acautelar e dar ouvidos à exortação do apóstolo João: Não torne atrás! Não vá além da doutrina! Não caminhe junto com os falsos mestres!

É legítima a comemoração do Natal?



Por Hernandes Dias Lopes
O Natal é uma festa cristã e não pagã. Há uma onda entre alguns cristãos, na atualidade, taxando aqueles que comemoram o Natal de serem infiéis e heterodoxos, dizendo que essa comemoração não é legítima nem cristã. Precisamos, a bem da verdade, pontuar algumas coisas:
1. A distorção do Natal. 
Ao longo dos anos o Natal tem sido desfigurado com algumas inovações estranhas às Escrituras. Vejamos: Primeiro, o Papai-Noel. O bojudo velhinho Papai-Noel, garoto propaganda do comércio guloso, tem sido o grande personagem do Natal secularizado, trazendo a ideia de que Natal é comércio e consumismo. Natal, porém, não é presente do homem para o homem, é presente de Deus para o homem. Natal não é a festa do consumismo; é a festa da graça. Natal não é festa terrena; é festa celestial. Natal é a festa da salvação. Segundo, os símbolos do Natal secularizado. Há muitos símbolos que foram sendo agregados ao Natal, que nada tem a ver com ele, como o presépio, a árvore natalina, as luzes, os trenós, a troca de presentes. Essa embalagem, embora, tão atraente, esconde em vez de revelar o verdadeiro Natal. Encantar-se com a embalagem e dispensar o conteúdo que ela pretende apresentar é um lamentável equívoco. Terceiro, os banquetes gastronômicos e a troca de presentes não expressam o sentido do Natal. Embora, nada haja de errado celebrarmos com a família e amigos, degustando as iguarias deliciosas provindas do próprio Deus e manifestarmos alegria e expressarmos amor na doação ou mesmo troca de presentes, esse não é o cerne do Natal. Longe de lançar luz sobre o seu sentido, cobre-o com um véu.
2. A proibição do Natal. 
Tão grave quando a distorção do Natal é a proibição da celebração do Natal. Na igreja primitiva a festa do ágape, realizada como prelúdio da santa ceia foi distorcida. A igreja não deixou de celebrar a ceia por causa dessa distorção. Ao contrário, aboliu a distorção e continuou com a ceia. Não podemos jogar a criança fora com a água da bacia. Não podemos considerar o Natal, o nascimento do Salvador, celebrado com entusiasmo tanto pelos anjos como pelos homens, uma festa pagã. Pagão são os acréscimos feitos pelos homens, não o Natal de Jesus. Não celebramos os acréscimos, celebramos Jesus! Não celebramos o Papai-Noel, celebramos o Filho de Deus. Não celebramos a árvore enfeitada, celebramos o Verbo que se fez carne. Não celebramos os banquetes gastronômicos, celebramos o banquete da graça. Não celebramos a troca de presentes, celebramos Jesus, a dádiva suprema de Deus.
3. A celebração do Natal. 
O Natal de Jesus Cristo foi celebrado com grande entusiasmo em Belém. O anjo de Deus apareceu aos pastores e disse-lhes: “Não temais, eis que vos trago boa nova de grande alegria, que será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). Natal é a boa nova do nascimento de Jesus. É o cumprimento de um plano traçado na eternidade. É a consumação da mensagem dos profetas. É a realização da expectativa do povo de Deus. Natal é a encarnação do Verbo de Deus. É Deus vestindo pele humana. Natal é Deus se fazendo homem e o eterno entrando no tempo. Natal é Jesus sendo apresentado como o Salvador do mundo, o Messias prometido, o Senhor soberano do universo. Quando essa mensagem foi proclamada, os céus se cobriram de anjos, que cantaram: “Glórias a Deus nas maiores alturas e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc 2.14). O verdadeiro Natal traz glória a Deus no céu e paz na terra entre os homens. Natal é boa nova de grande alegria para todo o povo. O verdadeiro Natal foi celebrado com efusiva alegria no céu e na terra. Portanto, prossigamos em celebrar o nascimento do nosso glorioso Salvador!

Impossível a ímpios e cristãos nominais - C. H. Spurgeon





Agrada-te do SENHOR. Salmos 37.4


O ensino destas palavras tem de ser muito surpreendente àqueles que são estranhos à piedade vital. Mas para o crente sincero este ensino é apenas a repetição de uma verdade reconhecida. A vida do crente é descrita como agradar-se do Senhor; e somos assegurados do grande fato de que o verdadeiro cristianismo transborda felicidade e alegria. Pessoas ímpias e cristãos nominais nunca vêm o cristianismo autêntico como algo que produz gozo.

Para eles, o verdadeiro cristianismo é um serviço, dever ou necessidade; nunca, porém, deleite ou satisfação. Se de algum modo eles participam do cristianismo, o fazem porque desejam obter benefícios pessoais ou porque não ousam se comportar de outra maneira.

O pensamento de deleite no cristianismo é tão estranho para muitas pessoas, que duas palavras do vocabulário delas têm de permanecer separadas uma da outra: "santidade" e "deleite". Mas os crentes que conhecem a Cristo entendem que deleite e fé estão unidos de tal modo que as portas do inferno não podem prevalecer para separá-las. Aqueles que amam a Deus com todo o seu coração descobrem que os caminhos dEle "são caminhos deliciosos, e todas a suas veredas, paz" (Provérbios 3.17).

Tais alegrias, fartos deleites e venturas abundantes são descobertos, de tal forma, pelos santos, em seu Senhor, que, ao contrário de servi-Lo de forma costumaria, eles O seguiriam mesmo que todo o mundo banisse o nome dEle como mau. Nossa fé não é algemas, assim como a confissão de ser verdadeiro cristão não é escravidão. Não somos arrastados à santidade, nem empurrados ao dever. Não, a nossa piedade é o nosso prazer; nossa esperança é a nossa felicidade; e nosso dever é o nosso deleite. Contentamento e religião verdadeira são tão aliadas quanto a flor e a raiz — tão indivisíveis quanto a verdade e a certeza. Elas são, de fato, duas jóias preciosas, brilhando lado a lado, numa armação de ouro.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Louvor incondicional? Será? – John Stott



Ganha popularidade em alguns círculos cristãos a estranha noção de que o maior segredo da liberdade e vitória cristãs é o louvor incondicional; de que um marido deve louvar a Deus pelo adultério da esposa, e a esposa, pelo alcoolismo do marido; e que até mesmo as calamidades mais assustadoras da vida devem se tornar motivo de gratidão e louvor.

Essa sugestão é, na melhor das hipóteses, uma perigosa meia-verdade, e, na pior das hipóteses, algo ridículo ou até mesmo blasfemo. Obviamente, os filhos de Deus aprendem a não argumentar com ele em seu sofrimento, mas a confiar nele e, realmente, ser-lhe grato por sua amorosa providência, por meio da qual ele pode transformar até mesmo um mal em algum propósito bom (e.g., Rm 8.28). Mas isso é louvar a Deus por ele ser Deus, e não louvá-lo pelo mal. 

Fazer isso seria reagir de forma insensível à dor das pessoas (quando as Escrituras nos dizem que devemos chorar com os que choram) e até mesmo desculpar e encorajar o mal (quando as Escrituras nos dizem que devemos odiá-lo e resistir ao Demônio). Deus abomina o mal, e não podemos louvá-lo nem render-lhe graças por aquilo que ele abomina.

Ingratidão - Martinho Lutero




“Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo? Tomarei o cálice da salvação, e invocarei o nome do Senhor”. (Sl 116.12.a)

Assim está escrito no Salmo. E Deus nosso Senhor diz: Sim, meu filho, isso já me basta”.

Mas, são poucos dos quais o bondoso Pai recebe isso. A maioria despreza sua palavra e blasfema, ignorando que tudo que temos nos foi dado por Deus em sua graça. Mas não se limitam a isso. Chegam a ponto de pendurar no madeiro o Filho de Deus, que foi enviado por Deus para nosso consolo e para salvação do pecado e da morte eterna. Seria de esperar que Deus fosse, simplesmente, inimigo desse mundo, recusando-se a fazer-lhe o bem. Mas ele não se irrita; continua sendo bondoso e gracioso, ajudando, apesar de tudo.

Por isso, não basta aprender a ser agradecido. É preciso aprender também a virtude que aceita a ingratidão. E essa virtude somente Deus e o verdadeiro cristão têm.

Portanto, quem deseja ser cristão, deve aprender que sua bondade, fidelidade e serviço nem sempre virão acompanhados de agradecimento. Ele também terá de estar disposto a receber ingratidão. Agora, não devemos deixar que isso mude o nosso comportamento, fazendo com que desistamos de servir e ajudar os outros. Pois, se alguém se esforça ao máximo, e em troca só recebe desaforos, é virtude cristã e genuíno fruto da fé saber dizer:

“Não se preocupe, porque isso não vai me fazer perder a calma nem que desanime. Vou agüentar firme e, apesar de tudo, ajudar onde for possível. Se você é ingrato, sei de alguém maior do que a gente no céu; ele vai dizer o ‘muito obrigado’ em seu lugar, e isso me será preferível a sua ingratidão”

Essa é uma atitude cristã e , no dizer de Salomão, é como derramar brasas vivas sobre a cabeça do ingrato.

Deus Existe?

Deus Existe? Veja a Resposta que uma Criança deu a um Professor. Fonte: http://naomordamaca.com/

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O que os outros dizem de você - Jonathan Edwards

Fonte: http://www.vemver.tv/

domingo, 4 de dezembro de 2011

Revolução do Amor

Revolução do Amor from MAISNOMUNDO on Vimeo.

Fonte: http://www.maisnomundo.org/

domingo, 27 de novembro de 2011

Onde estás?




"E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?" (Gn 3:9).
Por Igor Miguel

Eu sei, você é igual a mim. Se te achas melhor, ainda não chegastes ao conhecimento real de si mesmo. Sabe quem é você? Você é fundamentalmente aquilo que tua alma se revelou nos dias de teus pecados mais sombrios, daqueles erros que te causam vertigem só de pensar. Sim, naquele dia experimentastes o limite da maldade que está em teu coração. Tocastes os lugares mais sombrios da queda do homem e quase em uma reapresentação, sentistes a mesma vergonha de Adão e Eva, em fuga, te escondestes por entre as folhas do jardim.

Agora, em exílio, ainda sob um olhar saudosista, vês o jardim de leveza, liberdade e realização ficando pra trás. E o que tens pela frente? Uma vida de fuga, apenas permanente fuga. Daí para frente, no exílio, no cativeiro de tua vergonha, viverias cada dia de sua vida, criando meios para se esconder. De folhas de figueiras, farias cercas. De cercas, tu farias muros. De muros, fortalezas. Desta forma, usarias de toda habilidade que lhe fora concedida por graça, um meio de elaborar estratagemas cada vez mais sofisticados para esconder tua nudez. Sim, esta que te envergonhas, e com tua moda e teu orgulho persistes em se esconder.

Se temes em continuar este texto, tenhas certeza, é seu "eu" real, seus sentimentos mais primitivos, que foram treinados por gerações a se esconder, querendo reagir de novo à insuportável presença da verdade. Ele não quer ser pego de surpresa e não quer ter sua vergonha exposta. Sim, este é o teu lado mais sombrio, resistindo. Mas, arisque-se em se conhecer.

Para mostrar o quão perverso tu és, ainda que insistes em se orgulhar de sua própria caridade, seu status, sua vaidade e seu desejo por poder, sua aparência religiosa ou de bom pai, ou bom marido, não preciso ir muito longe para denunciar sua vergonha, que é vergonha de todo homem. E inescapavelmente todos, sem exceção, possuem bem registrado em sua caixola, emblemáticos encontros com o mal. Momentos de extrema maldade, as vezes em proporções tão subjetivas e tão privadas, que não podem ser denunciadas como uma "mal público" como o que acontecera com o genocídio nazi-fascista. Não é necessário ir tão fundo, basta buscar reminiscências de sua infância, adolescência ou mesmo no dia de ontem, para trazer à consciência sua condição original.

Para ilustrar, permita-me citar uma cena do filme Árvore da Vida de Terrence Malick de dar calafrios. Refiro-me, ao menino Jack, o mais velho, quando segura um bocal de um abajur, sem lâmpada, e pede que seu irmão encoste um arame desencapado na parte interna do bocal. O irmão mira-lhe os olhos, querendo ter fé suficiente para aceitar o desafio. O irmão mais velho persiste desafiando-o. Até que ele tem coragem e encosta o arame no fundo do bocal. E para surpresa e ansiedade de quem assiste o filme, nada acontece. Nenhum choque. O que era previsto, simplesmente não acontece. Entretanto, em outra cena, Jack desafia novamente seu irmão, agora com uma espingarda de ar-comprimido. Solicita-o que coloque um dos dedos sobre o cano da arma, e que confie. Ele olha para seu irmão mais velho, com o mesmo olhar do desafio anterior. Teme, mas hesita por menos tempo, até que coloca o dedo sobre o cano. Só que desta vez, o irmão mais velho aperta o gatilho.

Não precisamos mostrar um campo de extermínio para chegarmos a conclusão honesta que temos algum problema. Que ao mesmo tempo que somos geniais, somos genialmente perversos. Que todas as vezes que articulamos nossas habilidades, viciosamente o fazemos para algum fim que ainda não é bom. Talvez alcancemos algum fim "socialmente bom", mas não há coisa que façamos, cujas intensões não estejam manchadas por algum auto-interesse, egoísmo, orgulho, moralismo, afeição própria e este é o fardo da vergonha. O fardo do exílio de nossa desobediência.

O grande erro é que insistes em terceirizar teus erros. Precisamente como fez Adão, quando transferiu sua responsabilidade expondo sua parceira. Mas, o movimento é sempre fugir da luz divina. Sempre se esconder da exposição. Sempre esta manobra barata e quase inconsciente, que viciosamente fazes.

O único tratamento honesto a ser dado neste caso é admitir-se cativo, assumir o fardo de sua limitação, é sair das folhas de figueira e do mundo escuro que vives. Podes te assustar com a quantidade de chagas sobre seu corpo, de úlceras e escaries, mas sem exposição, não serás curado. Sem te colocares diante da luz e acertares com teu Criador, nunca terás a leveza do único que pode expor tua condição e assim te dar a dimensão de sua necessidade.

Sempre me perguntei: para o Filho de Deus vir ao mundo e morrer vergonhosamente na cruz, isto só pode significar que a queda foi muito maior do que se imaginava. A encarnação teve implicações cósmicas absurdas. De fato, se a operação de resgate do homem foi desta proporção, daí dá para se ter uma ideia do buraco que cada indivíduo caiu.

Acho que está suficientemente claro que o ser humano se encurvou em si mesmo e que se tornou cativo de seus próprios artefatos e artimanhas. Não há tecnologia, auto-ajuda, espiritualidade, fervor religioso ou performance moral, que possa dar conta de sua condição.

Tu és, como todos nós somos, teimoso, insistentemente teimoso. Você não dá conta, te enrolas em teu esforço próprio, em seu próprio desempenho. Amas mais tua imagem própria e reputação, do que a Deus. Teu Cristo é tua imagem pública. Esquecestes que o Filho de Deus sacrificou-se para mostrar sua vergonha e curá-la. Mas, ainda tens muita justiça própria, por isso ainda não conseguiu abraçar a justiça de Deus.

Talvez, seu vício em fuga, a esta altura, insista em dizer, que isto é para "não-religiosos" ou "não-cristãos". Não! Insisto, isto é para pessoas pecadoras como você, eu e nós. Que sempre renovamos nossa esperança naquela obra redentora, sempre lembrando que sem Cristo, somos pessoas "vendidas para o pecado".

Tuas obras são manchadas pelo pecado, renuncie-as, e abrace a magnífica e suficiente obra que Cristo realizou. Por isso é de graça, pois você não teria dinheiro, capacidade e recursos para pagar sua culpa. Por isso é pela fé, pois não se baseia em suas habilidades e desempenho. A cura está em abraçar o mistério da cruz e receber a graça da salvação em Jesus Cristo. Que se expôs em um drama tosco, puro absurdo! Não tinha outro jeito, sem a absurdidade de sua morte, você nunca seria tirado da obviedade de sua vergonha.
Em Cristo ficam claro 3 coisas: 

1) Não há privilégios pessoais, todos pecaram, indistintamente.
2) Ninguém tem recursos para buscar a Deus, sem que Deus se volte pra ele.
3) Que uma vez em Cristo, nossos feitos, se forem bons, não são nossos, são de Cristo.

Pois como ele mesmo disse:

"Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. (Jo 15:5)

Sim, pelo fruto conhecereis a árvore, e a árvore a ser conhecida é Cristo, nossa videira verdadeira. Do esconderijo entre as folhas, agora ramos bem enxertados na videira que é Jesus. Unidos nele, em sua suficiência e centralidade, sem se esconder, confessando sempre dependência de sua graça e amor. Estar em Cristo é não ser perturbado com a pergunta: "onde estás?". Pois, estar em Cristo, é estar no lugar certo, é antecipar o retorno pra casa. O retorno do exílio de volta ao jardim de paz.

A Igreja precisa manter-se simples


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E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. 43 Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. 44 Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. 45 Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. 46 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, 47 louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. Atos 2.42-47

Ao afirmarmos que a Igreja mantinha-se simples não estamos dizendo que a igreja primitiva era uma igreja pobre, ou uma igreja não sofisticada, mas uma igreja que vivia em conformidade com a essência da fé cristã. Note que existem seis declarações nesse versículo que expressam as atividades da Igreja Primitiva:

Doutrina dos Apóstolos

O primeiro ponto a ser ressaltado é a Doutrina dos Apóstolos. O que Lucas quer dizer com “perseveravam na doutrina dos apóstolos” é que a Igreja Primitiva mantinha-se firmada na instrução dos apóstolos. A idéia expressa pelo verbete “perseverar” é dar constante atenção a alguma coisa. Ou seja, a Igreja Primitiva mantinha-se constantemente alicerçada pelo ensino apostólico.

É importante ressaltar que até este ponto da história a doutrina da igreja primitiva podia ser resumida pelo v.36 do mesmo capítulo: “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. Contudo, é digno de nota que todos os apóstolos tinham sido instruídos por Cristo, e por certo podiam repassar aquilo que haviam aprendido. Aliás, a expressão grega referente a “doutrina dos apóstolos” sugere que tal instrução seja procedente dos apóstolos. Ou seja, o ensino da igreja é mantido por aqueles que tem autoridade e capacidade para tal tarefa.

Comunhão

Lucas não poderia estar equivocado quando utilizou o vocábulo “comunhão” quando se referiu à Igreja Primitiva. A descrição subseqüente, esplanada no tópico sobre unidade da igreja, expõe de forma muito clara as considerações dessa igreja. Assim, deve-se ressaltar que os primeiros cristãos “eram perseverantes (…) na comunhão”. E como foi anteriormente ressaltado, isso implica em dizer que eles eram fundamentados na experiência comum do corpo. Assim, como os outros pontos ressaltados por Lucas, a comunhão era essência da vitalidade da Igreja.

Partir do Pão

A expressão “partir do pão” não diz respeito a uma refeição típica da época, e que os cristãos mantinham-se comendo apenas pão, mas a expressão diz respeito à prática da Ceia do Senhor. O termo grego equivalente a partir em português é apenas utilizado no NT em referência à ceia. Alias. É digno de nota que o termo (the klasei tou artou) é apenas utilizado duas vezes no NT, ambas feitas por Lucas, e é de uso restrito à ceia. O uso da expressão é quase que um pleonasmo, visto que klasei (partir) só é aplicado a artou (pão). Segue-se que, com absoluta certeza, a igreja primitiva mantinha-se firmada constantemente no memorial da morte de Cristo.

Orações

As orações tinham um papel fundamental na vida da Igreja Primitiva. Isso pode ser claramente percebido pelo relado deixado por Lucas, que diversas vezes considera as orações dos primeiros cristãos. Em Atos podemos ver que a oração foi a atitude dos cristãos diante das decisões a serem tomadas (1.14), a atitude da liderança da igreja em situação de crescimento (6.4) e a prática da igreja quando estava em situação de perigo e perseguição (12.5).

Louvor

Esta é uma das poucas referências encontradas em Atos que descreve essa atitude dos cristãos. Isso, no entanto, não quer dizer que os primeiros cristãos não adoravam a Deus, mas que suas reuniões estavam mais voltadas para a instrução, a oração e a comunhão. Contudo, devemos notar que todos os outros fatos ocorriam enquanto os cristãos louvavam a Deus . Ou seja, embora sejam poucas as referências era uma atividade que estava intimamente ligada a expressão de adoração da igreja. Entretanto, não podemos afirmar com certeza se isso acontecia por meio da música, embora possa ser muito bem expressa por ela.

Evangelismo

No mesmo versículo podemos perceber, ainda que um pouco escondido, a atividade evangelizadora da Igreja Primitiva. Note: “e dia-a-dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos”. Por mais que a atividade esteja centralizada na atividade divina na salvação, sabe-se que “aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1Co.1.21). Portanto, não se pode negar que o evangelismo era parte integral da vida da igreja primitiva, sendo que isto acontecia diariamente. Segue-se, então, que a proclamação da verdade, o kerigma na Igreja Primitiva era parte essencial da vitalidade da Igreja de Cristo, assim como todos os elementos já mencionados.

A conclusão que devemos chegar aqui é que estes quatro elementos são essenciais na prática e na experiência da Igreja de Cristo. Portanto, a igreja local que não viabiliza a execução desses pontos não pode ser considerada uma igreja saudável.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O Que Significa Receber a Cristo?




Por Richard Baxter

Receber a Cristo, não é somente, como alguns comentadores afirmam equivocadamente, receber sua doutrina; embora seja certo que sua doutrina deva ser recebida, e que o resto está implícito nisso. Mas quando o entendimento aquiesce em receber  o evangelho, a vontade, de comum acordo, igualmente o recebe; e receber a Cristo inclui ambos. Esta é a verdadeira fé justificadora dos eleitos de Deus. 

Não se trata, portanto, de uma recepção passiva, como a madeira recebe o fogo, e as nossas almas recebem as graças do Espírito; mas, sim, de uma recepção moral ativa. Receber a Cristo como Cristo, como o Messias ungido, e como nosso Salvador e Senhor, é crer que ele é tudo isso, e consentir que ele seja tudo isso para nós, e confiar nele, e confiar-nos a ele como tal. Se vocês acreditam sinceramente que o evangelho é verdadeiro, esta fé tem que ser suficientemente forte para vos levar à determinação de confiarem a felicidade de vocês à esta fé, e a abdicarem a tudo pela esperança que é colocada diante de vocês. Se Cristo, na sua relação como pleno e perfeito Salvador, for recebido de coração por vocês; se vocês anuírem à oferta do evangelho, e estiverem verdadeiramente desejosos de ser dele, fé não é apenas mencionada como “receber a Cristo”, mas é também freqüentemente expressa em termos de “querer Cristo”. 

Portanto, a promessa é para todos quantos quiserem; e aos ímpios é negado terem parte em Cristo, porque não querem que ele reine sobre si; e isto, porque não são crentes verdadeiros ou discípulos de Cristo. Se vocês, portanto, anuírem em ter a Cristo como Salvador, mestre e Senhor, devem, necessariamente, depender dele e confiar inteiramente nele, como tal; devem confiar nele para libertação da culpa, do poder e da condenação do pecado, e para vivificação, fortalecimento, e perseverança na graça, e para a vida eterna; devem confiar-se a ele, como  discípulos, para aprender dele, seguros de que ele ensinará a vocês infalivelmente o caminho da felicidade; e devem entregar-se a ele seguros de que ele vos governará em verdade e retidão para a salvação, e vos defenderá dos inimigos destruidores. 

É nisto que consiste a fé, ou receber a Cristo Jesus, o Senhor.

Deus governa ou é governado?



Por A. W. Pink 

Defrontamo-nos com alternativas e nos vemos forçados a escolher entre elas: ou Deus governa, ou é governado; ou Deus domina, ou é dominado; ou Deus cumpre a sua vontade, ou os homens cumprem a deles. É difícil fazermos nossa escolha entre essas alternativas? Teremos de dizer que vemos o homem como uma criatura tão indomável, que está além do controle de Deus? Precisaremos dizer que o pecado alienou o pecador para tão longe dAquele que é três vezes santo, que o pecador estafara do âmbito da jurisdição divina? Ou diremos que o homem, por ter sido dotado de responsabilidade moral, precisa ser deixado fora do controle de Deus, pelo menos durante o período de sua provação? Visto ser o homem natural * um fora-da-lei quanto ao céu, um rebelde contra o governo divino, segue-se necessariamente que Deus é incapaz de cumprir o seu propósito por meio dele?

Queremos dizer não só que Deus pode revogar os efeitos das ações dos malfeitores, como também que, por fim, Ele chamará os maus, perante seu trono de juízo, para que a sentença de castigo seja pronunciada contra eles — multidões de não-cristãos crêem nessas coisas. Queremos dizer, além disso, que cada ação do mais desregrado dos seus súditos está inteiramente sob o seu controle; sim, queremos dizer que enquanto o homem age, apesar de não o saber, cumpre as secretas determinações do Altíssimo. Não sucedeu assim com Judas? Será possível selecionar algum caso mais extremo do que esse? Portanto, se o arqui-rebelde estava cumprindo o plano de Deus, crer a mesma coisa a respeito de todos os demais rebeldes será um fardo demasiadamente pesado para ser suportado pela nossa fé?

Nosso objetivo não é uma inquirição filosófica ou uma casuística transcendental; e sim, determinar qual o ensino das Escrituras quanto a esse assunto tão profundo, baseados na Lei e no Testemunho, porque é somente assim que podemos aprender acerca do governo divino — seu caráter, plano, modo de operar e objetivo. O que, então, aprouve a Deus revelar-nos em sua bendita Palavra quanto ao seu domínio sobre as obras de suas mãos e, de maneira especial, sobre aquele que originalmente foi criado à sua imagem e semelhança?

"Nele vivemos, e nos movemos, e existimos" (At 17.28). Que extraordinária declaração é esta! Estas palavras, devemos notar, foram dirigidas não a uma das igrejas de Deus, nem a algum grupo de santos que já atingira alto nível de espiritualidade, e, sim, foram dirigidas a um auditório pagão, a pessoas que adoravam o "DEUS DESCONHECIDO" e que zombaram quando ouviram falar da ressurreição dentre os mortos. Mesmo assim, perante os filósofos atenienses, perante os epicureus e estóicos, o apóstolo Paulo não hesitou em afirmar que viviam, se moviam e existiam em Deus, isto é, que não somente deviam sua existência e preservação Àquele que criou o mundo e tudo o que nele há, mas também que as suas próprias ações eram supervisionadas e, portanto, controladas pelo Senhor dos céus e da terra (Dn 5.23).


"O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do SENHOR" (PV 16.1). Note que essa declaração tem uma aplicação geral — aplica-se ao "homem", e não somente aos crentes. "O coração do homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos" (Pv 16.9). Se o Senhor dirige os passos do homem, não é prova de que este é governado ou controlado por Deus? De igual modo: "Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do SENHOR permanecerá" (Pv 19.21). Pode isso significar algo menos que, sem importar o que o homem deseje ou planeje, é a vontade do Criador que é executada? Ilustremos com a parábola do rico insensato. Os propósitos do seu coração nos são expostos: "E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: Destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então direi à minha alma: Tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come e bebe, e regala-te". Tais foram os propósitos do seu coração; no entanto, foi o "desígnio do SENHOR" que prevaleceu. O "farei" do rico insensato foi reduzido a nada, porque "Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma" (Lc 12.16-21).

"Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina''' (Pv 21.1). O que poderia ser mais evidente? Do coração "procedem as fontes da vida" (Pv 4.23), e, conforme o homem "imagina em sua alma, assim ele é" (Pv 23.7). Se o coração está na mão do Senhor e Este o inclina segundo o seu querer, é claro que os homens, sim, os governadores e reis, e, portanto, todos os homens, estão sob o governo do Todo-Poderoso! Nenhuma limitação se deve fazer às declarações acima. Insistir que alguns homens, pelo menos, conseguem impedir o exercício da vontade divina e subverter o seu conselho é repudiar outros trechos bíblicos que são tão claros quanto estes. Pese bem o seguinte: "Mas, se ele resolveu alguma cousa, quem o pode dissuadir? O que ele deseja, isso fará" (Jó 23.13). "O conselho do SENHOR dura para sempre, os desígnios do seu coração por todas as gerações" (SI 33.11). "Não há sabedoria, nem inteligência, nem mesmo conselho contra o SENH©R" (PV 21.30). "Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidara} A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?" (Is 14.27). "Lembrai-vos das cousas passadas da antiguidade; que eu sou Deus e não há outro, eu sou Deus e não há outro seme¬lhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade as cousas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Is 46.9,10). Não existe qualquer ambiguidade nessas diversas passagens. Afirmam elas, da maneira mais taxativa e inequívoca, que é impossível o propósito do Senhor ser reduzido ao nada.

Lemos as Escrituras em vão, se não descobrimos nelas que as ações dos homens, quer sejam más ou boas, são governadas pelo Senhor Deus. Ninrode e seus companheiros resolveram erigir a torre de Babel, mas antes que a completassem, Deus lhes frustrou os planos. Jacó era o filho a quem a herança fora prometida, e, embora Isaque procurasse reverter o decreto do Senhor e dar a bênção a Esaú, seus esforços não prevaleceram. Esaú jurou que se vingaria de Jacó, mas, finalmente, quando se encontraram, choraram de alegria, ao invés de lutarem com ódio. Os irmãos de José resolveram destruí-lo, mas os seus intentos foram frustrados. Faraó se recusou a deixar Israel cumprir as instruções do Senhor e o que alcançou com isso foi perecer no mar Vermelho. Balaque pagou Balaão para amaldiçoar aos israelitas, porém Deus compeliu Balaão a abençoá-los. Hamã erigiu uma forca destinada a Mordecai; porém foi o próprio Hamã que nela pereceu enforcado. Jonas resistiu à vontade de Deus; mas, o que conseguiu com todos os seus esforços? Sim, os gentios podem enfurecer-se e os povos imaginar "cousas vãs"; os reis da terra podem levantar-se e os príncipes conspirar contra o Senhor e contra o seu Cristo, dizendo: "Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas" (SI 2.1-3). Mas, apesar disso, o grande Deus se perturba com a rebeldia de suas tão débeis criaturas? Certamente que não: "Ri-se aquele que habita nos céus; o SENHOR zomba deles" (v.4). Ele está infinitamente acima de todos, e a maior confederação dos poderes da terra e seus mais vigorosos e intensos preparativos, para combater-Lhe os propósitos, são, aos olhos dEle, inteiramente pueris. Ele atenta para os vãos esforços dos homens, não somente sem alarmar-se, mas também a rir-se e a zombar da estultícia e da fraqueza deles. Sabe que pode esmagá-los como traças, quando quiser fazê-lo, ou consumi-los com o sopro da sua boca, num só instante. De fato, é ridículo que os cacos de barro da terra contendam com a gloriosa Majestade celestial. Tal é o nosso Deus; adorai-O.