terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Fé, simplesmente


É belíssimo o conceito de fé. Talvez o mais belo que exista, por seu poder de contradizer tudo. Simplesmente um dos conceitos presentes na raça humana que mais encantam aqueles que conseguem alcançar seu significado não no raso de suas definições frias e pragmáticas, mas aqueles que conseguem ir fundo na sua essência profunda. Pare para pensar: desde que nascemos somos condicionados a mover-nos segundo a ideia de que tudo tem uma explicação racional e que tudo o que devemos fazer precisa necessariamente ser baseado em provas iluministicamente estabelecidas. E de repente desponta diante de nossos olhos duas letras subversivas, revolucionárias, capazes de mudar o destino de pessoas, de transmutar realidades, de provocar guinadas em caminhos, de nos fazer saltar no vazio… de fazer tudo novo: FÉ.
Fé é simplesmente admitir como total possibilidade o impossível. Aliás, deixe-me aperfeiçoar o pensamento: fé é simplesmente admitir como total realidade o impossível. Fé é assumir que é impossível o impossível ser impossível.
Não há nenhuma prova concreta. Não há certezas. Não há documentos assinados, não há notas promissórias ou cheques endossados. O que há é uma indubitabilidade que nenhum argumento racional consegue destruir. Eu tenho fé, por exemplo, que há um Deus e desafio quem quer que seja a destrui-la. Não há como, uma vez que essa certeza tenha sido plantada no nosso coração e na nossa mente pelo Espírito do Onisciente. Que venham os Richard Dawkins, os Charles Darwins e os Joseph Campbells da vida com seus milhares de argumentos e suas provas, seus estudos e seus documentários e livros. Mas você, se tem fé, simplesmente vira-se para eles com uma certa pena no coração e diz: “Desculpe, mas você não entende. Você não entende. Pois é fé, simplesmente”.
Não é racional. Fé é um milagre. Fé é a inabalável confiança de que um pedacinho vegetal que cabe na palma da minha mão é capaz de se transformar em uma das maiores sequóias do planeta se eu tão somente puser essa muda no solo e esperar o Pai regar e o Espírito lançar luz sobre ela. Nossa alma é como esse solo, onde Deus planta a semente da fé. Quem está fora olha e diz: essa semente não é racional! Contraria o que minha mente pavlovianamente condicionada a crer apenas no que está ao alcance da mão e no que posso segurar é algo plausível. E contraria mesmo.

Fé é lançar-se no abismo não na esperança de que Deus vai nos segurar em sua mão. Fé é lançar-se no abismo tendo a absoluta certeza de que Deus vai nos segurar em sua mão.
Tenho meditado muito no livro de Hebreus. Seu autor, infelizmente desconhecido, relata as maravilhas da fé. E a fé como maravilha. “Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade.” (Hb 4.16). Com toda confiança, friso. Ou seja, confiando. Crendo. Entregando-se. E, ao fazermos isso, vamos receber misericórdia e encontrar graça que nos ajude no momento da necessidade. Ou seja, chegar-se a Deus com fé é o caminho para recebermos aquilo que é imerecido mas que precisamos. Fascinante.
“E foi assim que, depois de esperar pacientemente, Abraão alcançou a promessa” (Hb 6.15). Repare nos detalhes: a fé de Abraão exigiu dele que ele recebesse a promessa depois. Ou seja: não era algo que estava ao alcance dos olhos. Pois depoispressupõe algo que temporalmente não se enxerga, está além do horizonte. Segundo, Abraão teve de esperar. Novamente, Deus liga a fé a não receber de imediato o que se anela. “Será teu, só não agora”, parece dizer o Senhor. “Mas tens fé? Receberás. Será teu”. E, por fim, fé está instrinsecamente ligada ao fruto do Espírito. Ou seja: quem tem comunhão e intimidade com o Espírito de Deus manifesta naturalmente uma virtude que está arraigada, enroscada e fundida com o conceito de fé: a paciência (Gl 5.22,23) – pois Abraão esperou pa-ci-en-te-men-te. Não é somente o esperar, é o saber esperar. Com paz. Sem duvidar. Pois paciência é isso: aguardar sem perder as estribeiras ou a total certeza. É esperar sem nenhuma dúvida de que “Tens fé? Receberás. Será teu”. Basta ter…paciência. E quem tem o Espírito manifesta seu fruto e, logo, não teme o depois, o esperar, o ter paciência.

Falta de fé é um defeito mundano. Veja o que Tiago abre sua epístola dizendo: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança” (Tiago 1.2,3). Primeira lição: as provações, as dificuldades, os impedimentos para alcançarmos nossa meta são formas de provar nossa fé. E quem nos prova senão o próprio Deus, para ver se confiamos nele ou não? Se confiamos mais nele ou em nós mesmos? E mais: são provas que pedem de nós perseverança – que é a insistência, a não-desistência, o continuar apesar de tudo, o prosseguir apesar de distâncias, de tempo, do que é aparente.
Mas Tiago vai além: “Aquele que duvida é semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento. Não pense tal pessoa que receberá coisa alguma do Senhor, pois tem mente dividida e é instável em tudo o que faz” (Tg 1.6b-8). Isso é sério. A fé entrega aquilo que se deseja àqueles que perseveram, que não desistem porque não veem o depois, que aguardam o que almejam com paciência, que têm certeza. E aqui Tiago afirma que os que duvidam não receberão coisa alguma do Senhor. Grave. Problemático. A falta de fé retira das mãos dos instáveis as bênçãos que Deus tem reservado para os tais se tão somente tivessem aguardado com paciência o que viria depois. Pois, como resume Hebreus 11.6: “Sem fé é impossível agradar a Deus”. E, ao se desagradar Deus, o castelo de cartas desmorona e tudo o que Ele tinha para nós se tão somente tivéssemos mantido a fé… escorre ralo abaixo.
Fé, simplesmente. É o que Deus espera de nós. O fenômeno é tão importante que foi o mecanismo criado pelo Senhor para a salvação de nossas almas. Se por alguma razão te falta fé, meu irmão, minha irmã, ore e clame por misericórdia ao Senhor. Pois um cristão sem fé… é um cristão sem Cristo.

Paz a todos vocês que estão em Cristo (e que nunca perdem a fé no que Ele é capaz de fazer)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Graça Barata e Graça Preciosa - Dietrich Bonhoeffer



Nascido em Breslau, na Alemanha, em 4 de fevereiro de 1906, Dietrich Bonhoeffer foi teólogo, pastor luterano e um dos mentores e signatários da Declaração de Bremen, quando, em 1934, diversos pastores luteranos e reformados formaram a Bekennende Kirche (Igreja Confessante), rejeitando desafiadoramente o nazismo: “Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador”.

Seus últimos dois anos foram vividos na Prisão Preventiva do Exército em Tegel, até que, em 9 de abril de 1945, pouco tempo depois do suicídio de Adolf Hitler e apenas três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado em virtude de seu engajamento na resistência anti-nazista.

Em sua obra mais famosa, escrita no período de ascensão do nazismo, intitulada “Discipulado”, Bonhoeffer desenvolve o conceito de “graça barata e graça preciosa”, uma das mais belas páginas da teologia protestante. Eis um pequenino trecho:

A graça barata é a graça que nós dispensamos a nós próprios. A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado. A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende com alegria tudo quando tem; a pérola preciosa, a qual o comerciante se desfaz de todos os seus bens para adquiri-la; o governo régio de Cristo, por amor do qual o homem arranca o olho que o escandaliza; o chamado de Jesus Cristo, o qual, ao ouvi-lo, o discípulo larga as suas redes e o segue. A graça preciosa é o evangelho que há que se procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater. A graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus Cristo; é preciosa por custar a vida ao homem, e é graça por, assim, dar-lhe a vida; é preciosa por condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador. Essa graça é sobretudo preciosa por tê-la sido para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho – “fostes comprados por preço” – e porque não pode ser barato para nós aquilo que para Deus custou caro. A graça é graça sobretudo por Deus não ter achado que seu Filho fosse preço demasiado caro a pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação de Deus. A graça preciosa é a graça considerada santuário de Deus, que tem que ser preservado do mundo, não lançado aos cães; e é graça como palavra viva, a palavra de Deus que ele próprio pronuncia de acordo com seu beneplácito. Chega até nós como gracioso chamado ao discipulado de Jesus; vem como palavra de perdão ao espírito angustiado e ao coração esmagado. A graça é preciosa por obrigar o indivíduo a sujeitar-se ao jugo do discipulado de Jesus Cristo. As palavras de Jesus: ‘O meu jugo é suave e o meu fardo é leve’ são expressão da graça [...] A graça e o discipulado permanecem indissoluvelmente ligados”.

Só para pecadores



Este texto é dedicado para os pecadores, aqueles que reconhecem não serem dignos de se apresentarem diante do Pai.
Puxa não sei se todos aqui vão ler, será que vc vai chegar até o fim? A igreja dos homens(não a de Cristo) tem se sentido tão perfeita, bom pelo menos suas atitudes demonstram isso…
Qual foi a ultima vez que ouvi uma pregação sobre arrependimento para salvação? E a última vez que vi a igreja quebrantada, não com as mãos para cima cantando uma bela canção gospel, mas com a cara no pó, sem se preocupar com a roupa de marca.
Sabe o que eu vejo quando leio a Bíblia? Isso:
E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.
O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: O Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.
O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia de mim, pecador!
Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
Lucas 18:9-14
Quem desses dois eu sou? Quem é vc?
Jesus será que eu sou aquele que se julga cheio de rituais religiosos que cumpro todas as semanas? Quantas vezes me senti culpado por não cumprir os rituais?
E o que o Senhor quer de mim?
Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. Salmos 51:17
Me perdoa Pai, porque muitas vezes, mesmo te conhecendo, eu busquei as minhas vontades, não me arrisquei, não perdi, não sofri pelo seu evangelho, eu simplesmente me desviei de sentir dor.
Me acostumei a não fazer nada, a estar seguro dentro do meu casulo gospel, eu esqueci de falar de ti pra minha família, eu não falei com aquele que estava clamando por dentro por um amigo, não acordei de madrugada para orar quando chamou meu nome.
Jesus eu não sonho mais em ser um missionário, em ser um pregador da sua palavra, nunca mais eu vi suas palavras na minha boca como a de um profeta.
O que está acontecendo comigo? Será que eu não sou mais digno por tanto pecar?
 …não é isso filho…
As sua atitudes dizem:
Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;
Apocalipse 3:17
Nem o pecado te incomoda mais, vc esta vivendo para si, quando na verdade eu estou dizendo:
A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.
Tiago 1:27
Se importe com seu próximo, e eu não estou falando dos seu amigos, desvie seu olhas do normal, olhe para miséria, para o asqueroso, para sujeira, para o que é feio e rejeitado, para os maus, os que te incomodam, para os que te perseguem. Eu quero se manifestar a esses.
E aqui vai a boa notícia:
EU SÓ USO OS PECADORES!
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
2 Coríntios 12:9
Pai obrigado, entendi que o comodismo e orgulho me deixam mais parado do que o pecado.
Estou voltando Senhor, prepara um banquete na presença dos meus inimigos. Me unge, e me dá a força do Teu Espírito Santo!
Estou de volta Senhor, não pra minha vida medíocre, mas para viver os teus sonhos, me arrepender, levantar e lutar!
E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento.  Marcos 2:17
Se vc é pecador como eu, tenho uma boa e uma má noticia. Começando pela má.
A má é que sempre vc vai ser um pecador.
A boa é que Deus sempre vai ser Deus.
Do pecador Márcio Michel

sábado, 14 de janeiro de 2012

Um alerta solene à igreja - Hernandes Dias Lopes




Hoje é o primeiro dia do ano de 2012. É tempo de balanço, de reflexão, de tomada de decisões. É tempo de despojarmo-nos daquilo que foi apenas peso e comprometermo-nos com princípios e valores que deixamos para trás. Muito embora tenhamos recebido bênçãos sem medida, e todas como expressão da graça de Deus, reconhecemos que a igreja poderia ter sido mais santa, mais unida, mais operosa, mais dinâmica, mais alegre, mais cheia do Espírito Santo. O importante agora é avaliarmos onde falhamos e fazermos uma correção de rota para não repetirmos os mesmos erros e para buscarmos, com afinco, aquilo que deixamos de fazer. Cabe-nos, alinharmos nossas ações com os preceitos da Palavra, e vivermos de modo digno do Evangelho neste novo ano que recebemos. Para isso, três atitudes devem ser observadas:

1. Precisamos fugir do secularismo que mundaniza a igreja. 

O secularismo é uma realidade inegável. É a ideia de que Deus não interfere em todas as áreas da nossa vida. No domingo somos crentes; durante a semana vivemos a vida do nosso jeito e ao nosso gosto. O que vemos, ouvimos, falamos, fazemos ou deixamos de fazer não é mais regido pelos preceitos das Escrituras. Dicotomizamos a vida em secular e sagrado. Assim, namoro, casamento, negócios e lazer pertencem a área do secular e nessas áreas amoldamo-nos aos ditames do mundo e não aos preceitos da Palavra. Nossas festas, embora precedidas por um culto a Deus, estão se tornando cada vez mais mundanas, onde não faltam bebidas alcoólicas, músicas profanas, danças sensuais, e todos os apetrechos importados das boates mais especializadas no lazer mundano. O mundo está entrando na igreja e a igreja está se amoldando ao mundo. Colocamos o pé no freio ou a igreja será sal sem sabor e luz debaixo do alqueire. Voltamo-nos para Deus para consagrar todas as áreas da nossa vida a ele ou a igreja perderá seu poder, seu testemunho e sua relevância no mundo. 

2. Precisamos fugir do legalismo que oprime a igreja. 

O legalismo é um caldo mortífero que adoece a igreja em nome da verdade. Os legalistas coam mosquito e engolem camelo. Brigam por aquilo que é secundário e transigem com aquilo que é essencial. Em nome do zelo espiritual ferem pessoas, perturbam a paz e quebram os vínculos da comunhão. Os legalistas agem como os fariseus que acusavam Jesus de pecado por curar no dia de sábado, mas não viam seus próprios pecados quando tramavam a morte de Jesus no sábado. Os legalistas são aqueles que reputam a sua interpretação das Escrituras como infalível e atacam como os escorpiões do deserto aqueles que discordam da sua visão extremada, chamando-os de hereges. O legalismo é fruto do orgulho e desemboca na intolerância. Em nome da verdade, sacrifica a própria verdade e insurge-se contra o amor. O legalismo é reducionista, uma vez de repudia todos aqueles que não olham para a vida pelas suas lentes embaçadas. O legalismo professa uma ortodoxia morta; uma ortodoxia sem amor e sem compaixão. Não podemos caminhar por essa estrada. Aqueles que o fizeram no passado colheram frutos amargos. Acautelemo-nos! 

3. Precisamos fugir do liberalismo e do sincretismo que atacam a igreja. 

O liberalismo tira da Escritura o que nela está e o sincretismo acrescenta a ela o que nela não pode estar. O liberalismo nega a inerrância e a infalibilidade da Escritura e o sincretismo nega a suficiência da Escritura. A igreja de Deus é aberta a todos, mas não aberta a tudo. Devemos acolher as pessoas sem acepção, mas não podemos abrigar tudo sem exceção. As pessoas devem ser aceitas na igreja; não o pecado. Não podemos tolerar o erro. Não podemos transigir com falsas doutrinas. Não podemos fazer vistas grossas aos falsos ensinos. Não podemos abrir nossas portas às novidades do mercado da fé. Não podemos transigir com a verdade para atrair pessoas à igreja. Não podemos negociar princípios e valores para buscarmos o crescimento da igreja. Nosso compromisso é alimentar as ovelhas e não entreter os bodes. Que Deus nos ajude a caminharmos vitoriosamente em 2012!

Não pregamos segundo o homem - C. H. Spurgeon




O nosso evangelho nos ensina que o homem precisa nascer de novo, e que sem o novo nascimento ele estará perdido para sempre, ao passo que, com ele, obterá salvação eterna. O nosso evangelho não oferece desculpa ou cobertura para o pecado, porém o condena completamente. Não apresenta perdão, exceto através da expiação, e não oferece segurança nenhuma para o homem que abriga qualquer pecado dentro de si. Cristo morreu pelo pecado, e nós precisamos morrer para o pecado, ou morreremos eternamente. Se formos pregar o evangelho com fidelidade, então devemos também pregar a Lei. Não se pode pregar plenamente a salvação mediante o Senhor Jesus Cristo, sem colocar o Sinai como pano de fundo e o Calvário na frente. Os homens precisam sentir a malignidade do pecado, antes que possam apreciar o grande sacrifício que é o ápice e o cerne do nosso evangelho. Isso não é agradável para esta ou qualquer outra época; por conseguinte, eu tenho certeza que não foi inventado por homem algum.

Sabemos que o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo não é "segundo os homens" porque o nosso evangelho é tão apropriado para os pobres e iletrados. Os pobres, de acordo com sistema dos homens, são ignorados. O parlamento tem cercado todas as áreas livres, de maneira que um homem pobre não pode manter sequer uma ave. Não duvido que, se fosse viável e eficaz, logo teríamos notícia de uma concorrência para distribuir títulos de posse das estrelas entre certos senhores de renome. É evidente que há propriedades excelentes nas regiões celestiais que ainda não se encontram registradas nos cartórios da terra. Bem, seria mais fácil noticiar o sol, a lua, e as estrelas do que o evangelho do Senhor Jesus. Este é o terreno do homem pobre. "Aos pobres é pregado o evangelho". No entanto, não são poucos os que desprezam um evangelho que os pobres podem ouvir e compreender; e podemos ter certeza que o evangelho simples não veio deles, pois a sua inclinação não pende para essa direção. Eles querem algo obscuro, ou, como eles dizem, "reflexivo". Acaso não ouvimos este tipo de comentário: "Nós somos intelectuais, e precisamos de um ministério culto. Esses pregadores evangelistas, servem muito bem para assembléias populares, mas nós sempre fomos seletos, e requeremos aquela pregação que está em dia com os tempos atuais"? Sim, sim, e a escolha deles será alguém que não vai pregar o evangelho, a não ser de uma maneira nebulosa; pois se ele realmente proclamar o evangelho de Jesus, os pobres com certeza se farão presentes, e espantarão os grã-finos.

Irmãos, nosso evangelho não tem nada com alto e baixo, rico ou pobre, negro e branco, culto ou inculto. Se faz alguma diferença, ele prefere os pobres e oprimidos. O grande Fundador diz: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos". Louvamos a Deus que escolheu as coisas simples, e as desprezadas. Eu ouço que o ministério de um homem tem sido elogiado - embora sua congregação esteja diminuindo gradualmente -pois tal homem tem feito um grande trabalho entre os jovens intelectuais. Confesso que não creio na existência de tais jovens intelectuais; tenho visto que aqueles que se enganam com coisas assim, geralmente podem ser conside­rados mais presunçosos do que intelectuais. Os homens jovens são todos muito bons, como também as jovens mulheres, e mesmo as mulheres idosas; mas eu fui enviado para pregar o evangelho a toda criatura, e não posso limitar-me aos jovens intelectuais. Eu certifico-lhes que o evangelho que tenho pregado não é "segundo os homens", pois desconhece a seleção e exclusividade, porém, valorizo a alma do var­redor ou do lixeiro tanto como a do primeiro ministro ou a da sua majestade, a rainha.

Finalmente, temos certeza que o evangelho pregado por nós não é "segundo os homens" porque eles não o levam em consideração. Ele é combatido até hoje.

Se existe algo amargamente odiado, é o puro evangelho da graça de Deus, especialmente se for mencionada a detestável palavra "soberania". Atreva-se a dizer: "Ele terá misericórdia de quem tiver misericórdia, e Ele terá compaixão de quem tiver compaixão," e os críticos furiosos vão lhe revidar sem se pouparem. O religioso moderno não só odeia a doutrina da graça soberana, mas ele ruge e se enfurece só em ouvi-la mencionada. Na verdade, ele preferiria ouvir alguém blasfe­mar a ouvi-lo pregar a eleição pelo Pai, expiação pelo Filho, e regeneração pelo Espírito Santo. Se quiser ver um homem transtornado até que o satânico predomine, deixe que alguns dos neófitos eclesiásticos ouçam você pregar um sermão sobre a livre graça. Um evangelho "segundo os homens" será bem vindo pelos homens; porém, precisa de uma operação divina no coração e na mente para tornar um homem disposto a receber, no fundo de sua alma, este indigesto evangelho da graça de Deus.

Meus queridos irmãos, não tentem fazer o evangelho aceitável às mentes carnais. Não escondam a ofensa da cruz ou vocês a tornarão sem efeito. Os ângulos e os cantos do evangelho são sua força, privá-lo destes é tirar o seu poder. Disfarçá-lo não é aumentar sua força, e sim, levá--lo à morte. Ora, mesmo entre as seitas, vocês já devem ter notado que seus pontos distintivos são os braços de seu poder, e quando esses pontos são praticamente omitidos a seita perde seu poder. Aprendam, então, que se tirarem Cristo do cristianismo, o cristianismo estará morto. Se removerem a graça do evangelho, o evangelho deixa de existir. Se as pessoas não gostam da doutrina da graça, dê-lhes isso intensamente. Mesmo quando os opositores reclamam sobre um certo tipo de arma, um poder militar sábio proverá muito mais dessa espécie de artilharia. Um grande general, aproximando-se de seu rei tropeçou em sua própria espada. "Eu vejo", disse o rei, "sua espada está lhe atrapalhando". O guerreiro respondeu: "Os inimigos de sua majestade freqüentemente sentem o mesmo". O fato de nosso evangelho ofender os inimigos do Rei não nos entristece.

Queridos amigos, se realmente não recebemos nosso evangelho de homens mas de Deus, então continuemos recebendo a verdade através do divinamente designado canal da fé . Porventura têm certeza que um dia realmente entenderão a Palavra de Deus? Para a maioria de nós o entendimento é como um estreito portão de entrada para a "cidade da Alma Humana", e as grandes coisas de Deus não podem ser dimi­nuídas para poderem passar por aquela entrada. A porta não é bastante larga. Todavia, nossa cidade tem um grande portão chamado fé, através do qual até o infinito e o eterno podem ser admitidos. Pare com este esforço inútil de trazer à mente, pela razão, aquilo que tão facilmente pode habitar em você pelo Espírito Santo através da fé.

Nós que falamos contra o racionalismo somos inclinados a ser demasiadamente racionais; e não há nada tão irracional quanto esperar receber as coisas de Deus através da razão. Creiamos nelas através do testemunho divino, e quando elas nos provarem ou mesmo parecerem ofender nossa sensibilidade humana, ainda assim que as recebamos por serem divinas. Não devemos opinar sobre o que deve ser a verdade de Deus; temos que aceitá-la como Deus a revela.

A seguir, que cada um de nós aguarde oposição se ele receber a verdade do Senhor, e especialmente oposição de uma pessoa que é próxima e querida por ele - a saber - ele mesmo. Há um velho homem que ainda vive, e que não é um amante da verdade, mas, pelo contrário, ele é um parceiro da falsidade. Ouvi um policial dizer que quando esteve em Trafalgar Square, e uns sujeitos desprezíveis o agrediam, assim como a outro policial, ele sentia um osso do velho homem mexendo dentro dele. Ah, sentimos esse osso muito freqüentemente! A natureza carnal se opõe à verdade, pois ela não está reconciliada com Deus, e nem, na verdade, poderia estar. Oremos ao Senhor para vencer nosso orgulho, para que a verdade nos domine, apesar de nosso coração mau. Quanto à oposição do mundo exterior, não devemos estar alarmados com os fatos, pois fomos ensinados a aguardá-los. Agora as oposições não nos preocupam. O capitão de um navio não se importa se um borrifo d’água cair sobre ele.

Lembre-se, se você não recebeu a verdade senão pelo poder do Espírito de Deus, não pode esperar que os outros a recebam. Eles não crerão em seus relatos a não ser que o braço do Senhor lhes seja revelado. Mas depois, se a fé for operada pelo Espírito Santo, não precisamos temer que os homens possam destruí-la. Aqueles que tentarem mudar a nossa crença bem podem ter dúvidas quanto ao seu sucesso nessa proeza! Se a fé for operada divinamente em nossas almas, podemos vencer todos os sofismas, elogios, tentações e ameaças. Seremos divinamente obstinados; aqueles que tentarem nos perverter terão de desistir. Possivelmente eles nos chamem de fanáticos, ou intolerantes, ou mesmo idiotas; mas isso significa pouco se nossos nomes esti­verem escritos no céu.

Em conclusão podemos deduzir do nosso texto que se estas coisas nos vierem da parte de Deus, podemos descansar completamente nelas. Se elas vieram de homens, provavelmente nos falharão em meio a uma crise. Você alguma vez confiou em homens sem ter se arrependido antes mesmo que o sol se pusesse? Alguma vez você se apoiou num braço de carne sem descobrir que os melhores dos homens são apenas homens no melhor dos casos? Mas se estas coisas vem de Deus elas são eternas e totalmente suficientes. Podemos viver e morrer confiando no evangelho eterno. Vamos viver mais e mais com Deus, e com Ele somente. Se temos recebido luz dEle há mais bênçãos a serem alcançadas. Vamos àquele Mestre para aprendermos mais das coisas profundas de Deus. Creiamos corajosamente no sucesso do evangelho que temos recebido. Cremos nele, creiamos por ele. Não nos desesperaremos embora a Igreja visível, como um todo, possa apostatar. Quando os invasores cercaram Roma, e toda a região ficou à mercê deles, um terreno estava à venda, e um romano o comprou por um valor justo. O inimigo estava lá, mas ele seria desalojado. Talvez o inimigo destruísse o Estado romano. Deixe-o tentar! Tenha você a mesma firmeza. O Deus de Jacó é o seu refúgio, e ninguém pode resistir Seu eterno poder e deidade. O evangelho eterno é nossa bandeira, e com Jeová para sustentá-lo, nosso padrão nunca baixará. No poder do Espírito Santo a verdade é inven­cível. Venham, hostes do inferno e exército do inimigo! Que a sutileza, a destreza, o raciona­lismo e o sacerdócio façam o pior que puderem!

A Palavra do Senhor dura para sempre -aquela mesma Palavra a qual pelo evangelho é pregada entre os homens.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Conversão ou coerção?



Uma verdade fundamental da Bíblia é que a natureza do homem pode ser transformada apenas sobrenaturalmente. (Por “natureza”, quero dizer natureza ética, na esfera do certo e errado, não natureza metafísica, na esfera de sua constituição como um homem criado à imagem de Deus.) A Bíblia nega de forma absoluta que a natureza do homem possa ser transformada por meios puramente naturais (João 1.12-13; 1Co 2.14). Os homens são convertidos (transformados eticamente) pela regeneração. Na regeneração, o Espírito Santo implanta no homem a disposição santa perdida na Queda, na qual todos os homens nascem (2Co 5.17). Essa é a única forma pela qual a natureza do homem pode ser transformada. Se o homem há de ser transformado eticamente, ele deve ser convertido.

Quando os homens perdem a esperança na Bíblia, eles devem encontrar outras formas de tentar mudar a natureza do homem. A forma mais frequente é por meio da coersão. O exemplo mais consistente disso está nos estados comunistas modernos. Eles creem que ao expor o homem a certo estímulo externo, a sua natureza interna pode ser alterada. Ao martelar nele, por meio de propaganda, a ideia que a motivação por lucro é má para os indivíduos (embora, aparentemente, não para o Estado), eles esperam criar um Novo Homem que trabalhará para o bem da comunidade e do Estado, e não para si mesmo e sua família. Se os homens se opõem e questionam esse Estatismo, eles devem ser remodelados em campos de concentração infernais ao ser violentamente quebrados física, emocional e psicologicamente, e então remendados novamente para serem bons cidadãos estatais. Essa é uma suposição razoável para qualquer um que tenha abandonado a esperança na obra miraculosa da regeneração. Marque isso: qualquer Estado, igreja, família ou outra autoridade institucional que opte por coerção como um meio para alterar a natureza do homem abandonou a esperança no Deus da Bíblia. Isso aplica-se tanto aos estatais materialistas como também aos legalistas fundamentalistas.

A Bíblia permite a coerção somente em uns poucos e limitados casos. O Estado pode empregar a espada (Rm 13.1-7) para proteger a vida, liberdade e propriedade. (Por implicação, o Estado pode usar a coerção para proteger seus cidadãos de invasão estrangeira.) O indivíduo pode usar coerção para proteger a vida e a propriedade (Ex 22.1-2). Pais piedosos podem empregar punição corporal limitada para regular o comportamento externo dos filhos (Pv 23.13-14). Nada disso tem a intenção de alterar a natureza do homem. Multa e restituição não transformam a natureza de um ladrão, assim como uma palmada não muda a natureza de uma criança. A coerção pode proteger, no máximo, a ordem externa; ela não pode alterar a natureza do homem. Somente o Espírito de Deus pode alterar a natureza de um homem.

Não é sem motivo que o evangelho de Jesus Cristo é chamado o “evangelho da paz” (Rm 10.15; Ef 6.15). Ele cria paz com Deus, paz com o indivíduo, e paz entre o indivíduo e seus semelhantes. O aumento da coerção e da violência na família, escola, mídia e no Estado é uma marca de uma cultura ímpia e réproba. Quando os homens são convertidos, apenas um mínimo de coerção é necessária para manter seus impulsos pecaminosos em cheque. A solução para o pecado e apostasia generalizada não é coerção generalizada, mas sim conversãogeneralizada.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Tortura e Morte aos Cristãos em suas Missões - Cenas Fortes

Mentira Doutrinária - C. H. Spurgeon

Fonte: http://www.charleshaddonspurgeon.com/

O Evangelho do Entretenimento - C. H. Spurgeon

Fonte: http://ministeriobbereia.blogspot.com/

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Classificação de países por perseguição 2011

Fonte: http://www.portasabertas.org.br/

Perseguição X liberdade religiosa



Duas fontes atuais nos ajudam a definir o que é a perseguição – As Convenções da ONU (Organização das Nações Unidas), e a própria Bíblia Sagrada.
De acordo com o Artigo 18 da Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948: “Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”.
Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, de 1966, expandiu esse Artigo:
1. Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou crença de sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença, individual ou coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino.
2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha.
3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita apenas às limitações previstas em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.
4. Os estados-partes no presente Pacto comprometem-se a respeitar a liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de assegurar aos filhos a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.
Pode-se dizer então, que o individuo é perseguido se for privado de qualquer dos elementos fundamentais da liberdade religiosa.
Segundo o fundador da Portas Abertas, Irmão André, “perseguição não se refere a casos individuais, mas sim, quando um sistema, político ou religioso, tira a liberdade de um cristão ou o acesso à Bíblia, restringe ou proíbe o evangelismo de jovens e crianças, atividades da igreja e de missões.
Para o Irmão André, não é legítimo usar o termo perseguição para descrever uma tragédia individual que ocorre numa sociedade que concede liberdade religiosa. É um termo que deve ser reservado para comunidades inteiras que enfrentam campanhas organizadas de repressão e discriminação, como ocorreu no estado de Orissa, na Índia, em 2008.
Perseguição segundo a Bíblia
Além do apóstolo Paulo, os cristãos do Novo Testamento enfrentaram cinco fontes de perseguição: 

Governantes (Atos 12.2)
Sacerdotes (Mateus 26.3,4; Atos 2.36; João 18.31; Atos 7.54-59)
Mercadores (Atos 16 e 19)
Agitadores (Atos 17)
Família (Mateus 10.35,36)

Enfim, a Bíblia afirma: “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Timóteo 3.12).
Para grande parte dos cidadãos do mundo ocidental, cristãos ou não, o tema “perseguição religiosa” pode soar estranho. Uma das explicações talvez seja o fato de que a maioria dos países deste lado do globo vive em plena democracia e por isso, em geral, as pessoas estão acostumadas a ter seus direitos garantidos por lei. No entanto, essa ideia de que a liberdade e o acesso a direitos fundamentais estão consolidados para a maior parte da população mundial neste século 21 tem se mostrado uma ilusão.
Os países que apresentam elevados índices de restrições à religião não são maioria – 64, no total –, porém abrigam a maior parte da população mundial.
Países como China, Índia, Irã, Iraque, Afeganistão, entre outros, costumam ocupar as manchetes por diferentes motivos, mas raramente são vinculados pela mídia secular à perseguição, muitas vezes implacável, que impõem aos adeptos da fé cristã. Admitir e conhecer a realidade da perseguição é o primeiro passo para que a Igreja se posicione ao lado daqueles membros do Corpo que sofrem por seguir a Cristo e para que passe a agir em favor deles.
Se quiser saber mais detalhes sobre a perseguição nos dias de hoje, leia o livro A fé que persevera – Guia essencial sobre a perseguição à Igreja, de Ronald Boyd-MacMillan, publicado pela Portas Abertas.
No livro, Ronald Boyd-MacMillan afirma: “[Há] dois elementos centrais que nos levam além do Artigo 18. Primeiro, nas palavras de um pregador palestino ‘Isso não diz respeito a nós’. A perseguição diz respeito a Cristo, e a trindade do mal (carne, mundo e diabo) está tentando chegar até Cristo por meio de nós. Não somos nós, estritamente falando, o objeto da perseguição. Nós somos as vítimas dela. Segundo, a perseguição é universal. Essa trindade do mal está perseguindo Cristo, o nosso novo Senhor, estejamos definhando num campo de trabalhos forçados ou deitados no convés de um iate. Bastante simples: se levamos conosco a nossa nova identidade de Cristo, seremos perseguidos”. 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Crescendo na Graça e no Conhecimento em 2012



“Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno”. 2Pe 3:18

O crescimento é um fenômeno esperado em todos os seres vivos. No pre-natal uma das coisas que o médico controla é o crescimento do bebe. Quando a criança nasce, o obstetra a pesa e mede o recém-nascido. E a cada consulta o pediatra, novamente, repete medições e pesagens. O que todos esperam como resultado é que com o passar do tempo, a criança vá crescendo. Na vida espiritual, o crescimento também é esperado. 

Nós nascemos como filhos de Deus “pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade"(Tg 1:18). Devemos, pois, desejar “ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (1Pe 2:2). Mas o crescimento  a partir daí é esperado. “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo” (1Co 3:1). Na medida que avançamos no tempo, devemos avançar no desenvolvimento da nossa fé, para não ouvirmos o Espírito nos repreender dizendo “Quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido” (Hb 5:12). O nosso alvo é crescer “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13).

Aqui, o crescimento não é apenas esperado, mas ordenado. “Crescei!”, diz Pedro. O verbo está no presente e é um imperativo, uma ordem. Devemos crescer. É verdade que o crescimento espiritual é “crescimento que procede de Deus” (Cl 2:19), mesmo assim nos é ordenado“desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fp 2:12). Deus nos ordena o que Ele mesmo nos dá, então podemos confiar que o crescimento espiritual não apenas é esperado e ordenado, mas também possível!

O apóstolo nos diz para crescermos na graça. Mas o que vem a ser graça? Receio que de tão usada, graça é uma palavra cujo sentido escape a muitos. Uma definição de graça diz que é o“um dom gratuito e sobrenatural dado por Deus para conceder à humanidade todos os bens necessários à sua existência e à sua salvação”. Uma maneira de compreender a graça é contrastá-la com a justiça. A justiça é dar a cada um o que lhe é devido. É justo que um trabalhador receba o salário devido. É justo que um criminoso seja punido proporcionalmente ao seu crime. Mas a graça não é justiça, na verdade, ela muitas vezes aparenta ser injusta. Trabalhadores que trabalham apenas um hora num dia recebem igual pagamento que os que trabalharam o dia inteiro. Ovelhas fiéis são deixadas no deserto enquanto o pastor vai em busca de uma desgarrada. Um filho esbanjador ganha roupas novas, jóias e uma festa, enquanto que o irmão obediente ainda está no trabalho, e só ouve a música ao completar o dia no campo. A graça, portanto, nada tem a ver com merecimento. Pelo contrário, só há graça onde há demérito.

Sendo assim, crescer na graça não tem a ver com ser mais digno, mais apto, mais preparado, mais ativo, mais isto ou mais aquilo. Crescer na graça é reconhecer a própria indignidade, é descobrir-se completamente inapto e despreparado, enfim, é desesperar-se de si mesmo.“Então, ele me disse: a minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2Co 12:9). Crescer na graça, é crescer como rabo de cavalo, para baixo, pois Deus “dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4:6). Sendo assim, nosso lema deve ser “convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30).

Somos instados a crescer no conhecimento“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4:6) era um fato nos dias de Oséias, e é uma verdade nos dias de hoje. “Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?” (Mc 12:24) descreve o motivo de tantos se desencaminharem hoje. De Jesus é dito que “crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2:40). De nós deve ser dito “estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros” (Rm 14:14).

Ter conhecimento não apenas a acumular dados e informações. Dados e informações podem ser coletados e com os recursos disponíveis hoje, temos acesso a tanta informação que somos incapazes de dar conta dela. Conhecimento é informação processada, e no caso do conhecimento revelado na Escritura, é informação trabalhada em nosso coração pelo Espírito Santo. É necessária iluminação, “desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei” (Sl 119:18). É necessário meditação, “antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1:2).

Tendo considerado a necessidade de crescer na graça e no conhecimento, precisamos descobrir o caminho para isso, embora alguma coisa já tenha sido adiantada. Indicarei então que Jesus é a fonte da graça e do conhecimento, pois “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14). Não obteremos mais graça nos aperfeiçando ou procurando em nós mesmos, “porque... a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”(Jo 1:17). De igual modo, para obtermos o conhecimento que precisamos, temos que ir a Jesus“em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl 2:3). O segredo do crescimento na graça e no conhecimento é uma intimidade maior com Jesus Cristo e Sua Palavra.

À guisa de conclusão, uma palavra a respeito do objetivo maior do crescimento na graça e no conhecimento. Embora sejamos imediatamente beneficiados por esse crescimento, o propósito final é a glória de Deus. Pedro termina sua exortação com as palavras “a Ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2Pe 3:18). Quando diminuímos para que Ele cresça, Ele é louvado. Quando aprendemos mais dEle, conhecendo-o melhor, melhor o glorificamos. Por isso, cresçamos na graça e no conhecimento, para glória dEle.

Soli Deo Gloria