sábado, 31 de julho de 2010

Falsos Profetas - João Calvino


Espíritos sedutores... (1Tm 4.1) Ele está se referindo a profetas ou mestres, aplicando-lhes esse título porque se vangloriavam de possuir o Espírito, e ao procederem assim estavam causando impressão sobre o povo. Em geral, é deveras verdade que todas as classes de pessoas falam da inspiração de um espírito, mas não o mesmo espírito que inspira a todos. Pois às vezes Satanás passa por espírito mentiroso na boca dos falsos profetas, com o fim de iludir os incrédulos que merecem ser enganados [1 Rs 22.21-23]. Mas todos quantos atribuem a Cristo a devida honra falam pelo Espírito de Deus, no dizer de Paulo [1 Co 12.3]. Esse modo de expressar-se teve sua origem na reivindicação feita pelos servos de Deus, a saber, que todos os seus pronun¬ciamentos públicos lhes vieram por revelação do Espírito; e, visto que eram os instrumentos do Espírito, lhes foi atribuído o nome do Espírito. Mais tarde, porém, os ministros de Satanás, através de uma falsa imitação, como fazem os símios, começaram a fazer a mesma reivindicação em seu favor, e da mesma forma falsamente assumiram o mesmo nome. Eis a razão por que João diz: "provai os espíritos, se realmente procedem de Deus" [1 Jo 4.1].

Além do mais, Paulo explica o que quis dizer, acrescentando: e doutrinas de demônios, o que equivale dizer: "atentando para os falsos profetas e suas doutrinas diabólicas". Uma vez mais digamos que isso não constitui um erro de somenos importância ou algo que deva ser dissimulado, quando as consciências dos homens são constrangidas por invenções humanas, ao mesmo tempo que o culto divino é pervertido.

Pela hipocrisia, falam mentiras.(v.2)  Se esta frase for considerada como uma referência aos demônios, então falar mentiras será uma referência aos seres humanos que falam falsamente pela inspiração do diabo. Mas é possível substituí-la por: "através da hipocrisia dos homens que falam mentiras". Evocando um exemplo particular, ele diz que falam mentiras hipocritamente, e são marcados com ferretes em sua consciência. E devemos observar que essas duas coisas se relacionam intimamente, e que a primeira flui da segunda. As más consciências que são marcadas com o ferrete de seus maus feitos lançam mão da hipocrisia como um refúgio seguro, a saber, engendram pretensões hipócritas com o fim de embaralhar os olhos de Deus. Aliás, esse é o mesmo expediente usado por aqueles que tentam agradar a Deus com ilusórias observâncias externas.

E assim, a palavra hipocrisia deve ser entendida em relação ao presente contexto. Ela deve ser considerada primeiramente em relação à doutrina, e significando que gênero de doutrina é esse que substitui o culto espiritual de Deus por gesticulações corporais, e assim adultera sua genuína pureza, e então inclui todos os métodos inventados pelos homens para apaziguar a Deus ou obter seu favor. Seu significado pode ser assim sumariado: em primeiro lugar, que todos os que introduzem uma santidade forjada estão agindo em imitação ao diabo, porquanto Deus jamais é adorado corretamente através de meros ritos externos. Os verdadeiros adoradores "o adorarão em espírito e em verdade" [Jo 4.24]. E, em segundo lugar, que esse culto externo é uma medicina inútil por meio da qual os hipócritas tentam mitigar suas dores, ou, melhor, um curativo sob o qual as más consciências ocultam suas feridas sem qualquer valia, a não ser para agravar ainda mais sua própria ruína.

Fonte: http://www.ocalvinista.com/

A Mente de Deus - C. H. SPURGEON


Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos! (Sl 139.17)

O pensamento sobre a onisciência divina não oferece qualquer consolação para a mente do ímpio; para o filho de Deus, porém, esse pensamento transborda de consolação. Deus está sempre pensando em nós. Seria terrível viver apenas por um momento sem sermos observados por nosso Pai celestial.

Os pensamentos dEle sempre são amáveis, carinhosos, prudentes, sábios e abrangentes, trazendo-nos benefícios incontáveis. O Senhor sempre pensou em seu povo. Ele elaborou a aliança da graça que lhes assegurou a salvação. Agora, Deus lhes outorga força em sua perseverança, que os trará seguros ao descanso final. Em toda a nossa peregrinação, os olhos do Vigia Eterno estão constantemente fixos sobre nós — nunca vagueamos longe dos cuidados do Pastor.

Em nossas aflições, Ele nos observa sem cessar; e nenhuma de nossas dores Lhe escapa. Em nossos labores, Deus vê nossa fadiga e registra em seu livro todas as lutas de seus fiéis. Estes pensamentos do Senhor nos envolvem em toda a nossa jornada e penetram o mais íntimo de nosso ser. Em nenhum momento, qualquer nervo ou tecido, qualquer veia ou artéria de nosso corpo ficaram sem cuidado. Nosso grande Deus pensa em todos os problemas de nosso pequeno mundo. Nunca se deixe enganar pelos filósofos que pregam um Deus impessoal e falam sobre auto-existência e autopreservação.

O Senhor vive e pensa em nós. Não permita que ninguém lhe roube esta certeza. O favor de um rei é tão valorizado, que os possuidores de tal favor o consideram sua fortuna. No entanto, quão mais valioso é saber que o Rei dos reis pensa em nós! Se Ele pensa em nós, tudo está bem conosco, e podemos nos regozijar sempre.

Fonte: http://www.charleshaddonspurgeon.com/

Quem está operando? – Jonathan Edwards




Muitos concluem que não temos como distinguir entre a obra do Espírito e as operações naturais de nossas próprias mentes.

É verdade que não temos direito de esperar que o Espírito de Deus opere em nós se negligenciarmos coisas como o estudo bíblico e a oração. É também verdade que o Espírito opera de formas diferentes - às vezes silenciosa e invisivelmente.

Mesmo assim, se a experiência de salvação nos vem de Deus, por que não deveríamos senti-la? Não produzimos salvação por nossos próprios esforços. A operação natural de nossas mentes não produz salvação. É o Espírito do Todo-poderoso que produz salvação em nossos corações. Por que, então, não deveríamos sentir que o Espírito opera em nós? Se sentimos isso, sentimos somente o que é verdadeiro.

Estamos, portanto, errados ao tacharmos as pessoas de iludidas somente por dizerem que sentiram o Espírito Santo operando nelas. Chamar a isso de ilusão é como dizer: "Você sente que sua experiência é de Deus. Bem, isto prova que sua experiência não vem de Deus!"

As Escrituras descrevem a salvação de um pecador como um renascimento (João 3:3), uma ressurreição da morte (Ef. 2:5), uma nova criação (II Cor. 5:17). Essas descrições têm uma coisa em comum. Todos descrevem eventos que não poderiam ser produzidos pela pessoa que os experimentou. Somente Deus é autor da regeneração do pecador, ressurreição espiritual e nova criação. Porventura um pecador que tem a experiência de Deus operando em sua vida desse modo, não perceberá que é Ele que o está salvando? Sem dúvida é por isso que as Escrituras descrevem a salvação como regeneração, ressurreição e nova criação. Essas palavras testemunham o fato de que a experiência de salvação não se origina em nós mesmos.

Na salvação, Deus opera com um poder que é, obviamente mais que humano. Dessa forma Ele nos impede de nos vangloriar do que nós fizemos. Por exemplo, quando Deus salvou a Seu povo, nos dias do Velho Testamento, sua experiência tornou claro que não haviam salvo a si próprios. Quando Deus os tirou do Egito, por ocasião do êxodo, primeiro permitiu que sentissem seu próprio desamparo; então os redimiu por Seu poder miraculoso. Ficou claro para eles que Deus era seu Salvador.

Vemos a mesma experiência do poder de Deus na maioria das conversões descritas no Novo Testamento. O Espírito Santo não convertia as pessoas de modo silencioso, oculto e gradual. Geralmente convertia-as com uma demonstração gloriosa de poder sobrenatural. Hoje as pessoas muitas vezes vêem tais experiências de conversão como um sinal certo de ilusão.

Por outro lado, não devemos pensar que nossas emoções sejam verdadeiramente espirituais somente porque não as produzimos com os nossos próprios esforços. Algumas pessoas tentam provar que suas emoções são do Espírito Santo com o seguinte argumento: "Não produzi esta experiência por mim mesmo. A experiência veio a mim quando não a estava buscando. Não posso fazê-la voltar de novo por meus próprios esforços."

Esse argumento não é saudável. Uma experiência que não venha de nós mesmos pode vir de um espírito falso. Existem muitos espíritos falsos que se disfarçam como anjos de luz (II Cor. 11:14). Imitam o Espírito de Deus com grande maestria e poder. Satanás pode operar em nós, e podemos diferenciar a obra dele do funcionamento natural de nossas mentes. Por exemplo, satanás enche as mentes de algumas pessoas com blasfêmias terríveis e sugestões vis. Essas pessoas têm certeza que essas blasfêmias e sugestões satânicas não vêm de suas próprias mentes. Penso que é igualmente fácil para o poder de satanás encher-nos de confortos e alegrias falsos. Certamente sentiríamos que esses confortos e alegrias não vieram de nós mesmos. Entretanto, isso não provaria que vieram de Deus! Os transes e arrebatamentos de alguns fanáticos religiosos não são de Deus, e sim de satanás.

Também podemos ter experiências que vêm do Espírito de Deus, as quais não nos salvam nem provam que somos salvos. Lemos em Heb. 6:4-5 sobre pessoas "que uma vez foram iluminadas e provaram o dom celestial e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro", mas que enfim se revelaram ser incrédulas, (vers. 6-8).
Experiências religiosas também podem ocorrer sem a influência de um espírito bom ou mau. Pessoas impressionáveis e com imaginação viva podem ter emoções estranhas e impressões que não foram produzidas por seus próprios esforços. Não produzimos sonhos por nossos esforços quando estamos dormindo. Pessoas imaginativas podem ter sentimentos e impressões religiosas que são como sonhos, embora estejam acordadas.

Razão e submissão


Primeiro vem a questão da epistemologia. Como nós sabemos o que é verdadeiro! Aqueles que rejeitam o que a Bíblia ensina sobre a natureza de Deus porque esse ensino entra em conflito com suas idéias de "razão" têm um problema com o racionalismo - a convicção de que nós não podemos ser forçados a nos submeter a uma doutrina que não faz muito sentido para nós. Esse racionalismo tem uma perspectiva muito elevada dos poderes da razão humana quando trata de revelações dadas pela mente do próprio Deus. Observe que o problema não é com a razão propriamente dita, mas com a razão carnal como um ídolo.

Através de toda a Escritura nós encontramos um claro contraste entre a filosofia do homem natural e a mente de Cristo. Quando essas passagens são trazidas à tona para confrontar as várias doutrinas dos racionalistas, a resposta geralmente é um balançar de ombros. Embora isso não seja suficiente, é razoável. A Palavra de Deus pode cortar a árvore da razão humana ao nível do chão, e apesar disso nós ainda vemos os racionalistas descansando à sua sombra.

O apóstolo Paulo não tem em alta conta a imoralidade humana, nem a vaidade intelectual que ela invariavelmente produz.

Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza. Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito de vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade (Ef 4.17-24).

Paulo é muito claro sobre isso. Nós não chegamos a Cristo por meio de nossa razão, mas colocando de lado nossa pseudo-razão e subjugando-a. Por essa razão, a epistemologia que é fundamental para o teísmo da vontade livre representa uma séria ameaça ao evangelho. Deus nos deu o dom da razão para nos capacitar a receber, entender e obedecer a sua verdade. Ele não nos deu a razão para julgar sua verdade. A razão pode legitimamente tentar entender a verdade para obedecer a ela. A razão não pode deliberar sobre se obedecer faz sentido ou não. Quando um homem compra um computador, ele também recebe um manual de operações. Esse manual destina-se a capacitá-lo a entender como operar o computador - ele não tem o objetivo de ensinar como o computador opera. Quando lemos a Bíblia, nossa razão deve tentar entender como Deus quer que nós operemos. O que nós devemos crer? O que nós devemos fazer? A Bíblia não nos foi dada para que nós possamos entender a mecânica de como Deus opera. Por essa razão, a vontade de obedecer deve preceder o entendimento -credo ut intelligam. "Eu creio para que eu possa entender". Como Esdras, nós devemos preparar nosso coração para buscar a lei de Deus, para entendê-la e obedecer a ela (Ed 7.10). Os racionalistas consistentemente afirmam que a verdade não precisa ser aceita se ela não faz sentido à "razão", mas isso não justifica aqueles que estão perecendo. O evangelho não faz sentido para eles.

Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus (ICo 1.18).

Os não-regenerados precisam do evangelho, mas exatamente aquilo que lhes dá a única esperança de salvação é um nonsense para eles. O evangelho está coberto para aqueles que estão perecendo (2Co 4.3). A réplica pode ser que o evangelho não faz sentido para eles, porque seus processos de pensamento estão distorcidos pelo pecado, e eles são teimosos. Isso está correto -esse é o problema. Mas isso nos mostra que os processos de pensamento humano, turvados pelo pecado, não podem ser a corte na qual nós determinamos o que é verdadeiro e o que é falso. Se nossa razão for renovada pelo Espírito Santo, ele nos possibilita ver, na Escritura, com os olhos da razão, o que Deus nos revelou. Antes dessa obra, a Bíblia continua sendo uma linguagem espiritual desarticulada, porque o homem natural não entende as coisas do Espírito, pois elas se discernem espiritualmente (ICo 2.14). Essa cegueira não justifica os incrédulos. O evangelho não faz sentido para eles. Nós podemos, portanto, concluir que a corte da razão humana autônoma é uma corte sem condições de tratar de realidades espirituais. A sabedoria do homem é a loucura de Deus (ICo 1.18-25).

Os adeptos do teísmo relacionai desejam a verdade bíblica? Eles desejam se submeter ao claro ensino da Escritura na questão da onisciência e do evangelho? Se eles não desejam (em nome da razão), então eles precisam tomar cuidado pelo menos para que não percam a própria coisa que colocaram no lugar do claro ensino da Bíblia. A razão autônoma, como Dagom, necessariamente vai cair. Nós sempre perdemos aquilo que cultuamos no lugar de Deus.

Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória (ICo 2.2-8).

Nessa passagem, Paulo está falando do evangelho - Cristo crucificado. Depois de se referir à cruz, ele rapidamente contrasta sua mensagem com a sabedoria humana. A sabedoria humana, por si mesma, não aceita a loucura da cruz. Em contraste com a sabedoria humana, Paulo fala da sabedoria de Deus, que é a cruz de Cristo. A sabedoria da cruz foi preordenada, diz ele, antes das eras. Se os governantes desse mundo tivessem conhecido a sabedoria preordenada de Deus na cruz, eles não a teriam cumprido, crucificando Cristo. Mas eles não a conheceram, e foram instrumentos de Deus para garantir nossa salvação. O ensino claro desse texto não é somente que a cruz salva pecadores, mas que a cruz foi preordenada antes dos tempos, e essa afirmação causa problemas para a sabedoria humana. Paulo se gloria no fato de que assim é. A cruz salva alguns pecadores e confunde outros. A "razão" que os dois grupos de pecadores têm em comum não é competente para julgar essas coisas. Todos os nossos pensamentos devem se submeter a Cristo (2Co 10.4,5); nós devemos amar a Deus com toda a nossa mente (Mt 2237); e nunca devemos presumir que Deus precise de nosso conselho (Rm 11.34,35). Quando o apóstolo pergunta: "Quem foi o seu conselheiro?", ele não espera que alguém no fundo da sala levante sua mão.

Logicamente, nós devemos entender o que Deus está nos falando antes que possamos obedecer. Foi por isso que ele nos deu a razão. Mas nós não temos qualquer obrigação de conciliar várias verdades filosoficamente em nossa mente antes de podermos aceitá-las. A razão pode receber a informação, procurando entender o que Deus disse. Ela não tem autoridade para contrastar a verdade recebida com outra verdade revelada e determinar como costurar uma com a outra de forma que façam sentido bom e plausível para o homem natural.

Nós também podemos reconhecer que Deus não se contradiz. A verdadeira razão é uma parte de seu caráter, assim como a santidade ou a bondade. Mas ele é quem pode dizer se contradiz a si mesmo ou não - nós certamente não o podemos. Nós sabemos que Deus é santo, porque ele se revelou como tal. O fato do mal no mundo que ele governa é um problema para nós, mas ele é o juiz, e não nós. Nós sabemos que Deus é bom, porque ele assim se revela na Escritura. Crianças de três anos de idade são assassinadas neste mundo, mas ele é o juiz que determina se isso está ou não de acordo com sua bondade, e não nós. E nós sabemos que Deus conhece todas as coisas, inclusive o futuro, porque ele nos disse isso. Isso causa alguns quebra-cabeças filosóficos bastante interessantes sobre a natureza da eternidade e do tempo, mas ele é quem julga se isso é contraditório ou não. Ele nos disse em sua Palavra que essas coisas são assim e ele não as resolveu, e isso deve ser suficiente para nós. Nós podemos ficar confusos com tudo isso, mas Deus é o fundamento de toda razão e ordem, e o problema não o deixa perplexo. Mas um homem tentar determinar o que o Deus eterno pode ou não pode fazer na história enquanto habita na eternidade é como um besouro tentando fazer física quântica. Se Deus descesse para nos explicar, como Jó queria que ele fizesse, eu posso imaginar qualquer um de nós tentando seguir o raciocínio. Que pensamento engraçado! Depois das duas premissas, nosso cérebro explodiria.

Alguns podem querer responder que essa humildade proposta realmente nos isenta de qualquer responsabilidade de fazer sentido. Realmente, sempre que falamos, a Escritura exige que nós façamos sentido. Aqueles que aceitam os limites colocados pela Escritura sobre a razão humana sabem que isso não é motivo para falar sem sentido, mas uma admoestação para que nós aprendamos quando devemos nos calar - de forma que nós possamos evitar falar coisas sem sentido. "Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim, não o posso atingir" (SI 139.6). Aqueles que não admitem que o conhecimento que Deus tem de nossas ações é "maravilhoso demais" começaram a falar nonsense em nome de evitar falar nonsense, Quando se aproxima do quadro negro para resolver um grande problema, um orgulhoso besouro não pode sequer segurar o giz.

Aqueles que insistem em compreender o incompreensível perderam completamente a mensagem central de Eclesiastes:

Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim (Ec 3.11).

Nós temos uma ânsia pelo conhecimento, porque Deus colocou a eternidade em nosso coração. Mas, quando ultrapassamos nossos limites, quando nos intrometemos nessas coisas, descobrimos que não podemos decifrá-las. Nossa vida é vivida debaixo do sol, e nós devemos reconhecer os limites de nosso raciocínio. O sábio e grande Salomão sabia que os caminhos de Deus são inescrutáveis, e esse conhecimento pode influenciar tudo o que fazemos.

Essa admoestação concernente aos votos diante de Deus pode ser aplicada também ao nosso raciocínio teológico - os princípios envolvidos são os mesmos.

Guarda o teu pé quando entrares na casa de Deus; chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus, porque Deus está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras (Ec 5.1,2).

Se desconsiderarmos essa admoestação, podemos confundir nosso caminho em uma pretensa sabedoria. Nós pensamos que podemos entender como um Deus eterno interage conosco, vivendo como nós em um mundo cheio de mudanças, mas nós não podemos entender isso. Em nossa vida, "tudo depende do tempo e do acaso" (Ec 9.11). Mas Deus é soberano sobre o tempo, e soberano sobre o acaso. Ele é sempre e eternamente o Senhor.

Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele (Ec 3.14).

 Douglas Wilson  

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A Necessidade de Iluminação – A. W. Tozer


As verdades espirituais diferem das verdades naturais tanto no à sua constituição quanto ao modo de serem  compreendidas por nós.

As verdades naturais podem ser aprendidas por nós a despeito de nossa condição moral ou espiritual. As verdades das ciências naturais, por exemplo, podem ser compreendidas por qualquer pessoa que tenha uma inteligência normal, independente de ela ser boa ou má. Não há relação entre a castidade e a lógica, ou entre a bondade e a oceanografia. Da mesma maneira, tudo que se faz necessário é um grau adequado de disposição mental para que se compreendam proposições filosóficas. Um homem pode estudar filosofia a vida toda, ensinar essa matéria, escrever livros sobre o assunto e ser o tempo todo orgulhoso, ávido e completamente desonesto em seus negócios particulares.

O mesmo pode se dizer sobre a teologia. Um homem não precisa ser religioso para aprender teologia. Na realidade, pergunto se há alguma coisa ensinada em algum seminário do mundo que não poderia ser aprendida por um bandido ou por um trapaceiro, além de um cristão consagrado.

Embora eu não tenha dúvida de que grande parte dos estudantes de teologia tenha uma maneira de vida muito superior do que a comum, entretanto, deve-se ter em mente que eles podem facilmente aprender as lições sem levar uma vida melhor do que a necessária para continuar na instituição.

Não perturba minha imaginação pensar em Judas Iscariotes como um homem que saiu da escola com um diploma de teologia, se este curso fosse oferecido em sua época. Não há simplesmente nenhuma relação necessária entre os estudos nos quais os alunos se ocupam em uma escola teológica e o estado de seu coração. Qualquer coisa que seja ensinada sob o título de hamartiologia, soteriologia, escatologia, pneumatologia ou qualquer outra do tipo pode ser compreendida tão facilmente por um pecador quanto por um santo. E certamente não é necessário um diploma de santidade para aprender a língua hebraica e a grega.

Certamente Deus tem o que dizer ao limpo de coração que Ele não pode dizer ao homem que leva uma vida de pecado. Entretanto, o que Ele tem a dizer não é de cunho teológico, mas espiritual; e aí está a importância do meu argumento. As verdades espirituais não podem simplesmente ser recebidas de forma natural. "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." Assim escreveu o apóstolo Paulo aos cristãos em Corinto (I Co 2.14).

Nosso Senhor referiu-se muitas vezes a esse tipo de conhecimento dado pelo Espírito. Para Ele, era o fruto de uma iluminação divina, não contrário, mas completamente além da simples luz intelectual. O Evangelho de João baseia-se nesta idéia; na verdade, ela é tão importante para a compreensão deste Evangelho que qualquer pessoa que a negue pode também desistir de tentar compreender os ensinos de nosso Senhor apresentados pelo apóstolo João. E a mesma idéia é encontrada na primeira epístola de João, fazendo com que a compreensão desta carta seja extremamente difícil, mas também tornando-a uma das mais belas e gratificantes de todas as epístolas do Novo Testamento quando seus ensinamentos são discernidos espiritualmente.

A necessidade de se ter a iluminação espiritual antes de a compreensão das verdades espirituais é ensinada por todo o Novo Testamento e está completamente de acordo com os ensinos dos Salmos, dos Provérbios e dos Profetas. Os livros apócrifos do Antigo Testamento estão de acordo com as Escrituras neste ponto e, embora não sejam aceitos como livros divinamente inspirados, são úteis para mostrar como os intelectuais do antigo Israel pensaram nesta questão da verdade divina e como esta é aceita no coração do homem.

O Novo Testamento traça uma linha nítida entre a mente natural e a mente que foi alcançada pelo fogo divino. Quando Pedro faz sua bela confissão: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", nosso Senhor responde: "Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas Meu Pai, que está nos céus" (Mt 16.16, 17). E Paulo expressa a mesma idéia quando diz: "Ninguém pode dizer: Senhor Jesus.', se não pelo Espírito Santo" (I Co 12.3).

O resumo de todas as minhas afirmações é que há uma iluminação, divinamente concedida, sem a qual a verdade teológica não passa de uma informação. Embora essa iluminação nunca seja dada à parte da teologia, é perfeitamente possível termos a teologia sem a iluminação. Isto resulta no que chamamos de "ortodoxia morta", e, embora possa haver alguns que neguem a possibilidade de ser ortodoxo e morto ao mesmo tempo, receio que a experiência prove o contrário.

Os reavivamentos, como apareceram em diversas épocas nas igrejas do passado, serviram como um estímulo para a vida espiritual de pessoas já ortodoxas. O reavivalista, uma vez que exercia seu ministério como tal, não tentava ensinar a doutrina. Seu único objetivo era trazer um avivamento sobre as igrejas que, embora ortodoxas doutrinariamente, eram destituídas de vida espiritual. Quando ia além disso, ele passava a ser qualquer coisa menos um reavivalista. O reavivamento só pode ser real para aqueles que conhecem a verdade. Quando a essência de doutrinas conhecidas reluz no coração de um cristão, para ele, o reavivamento já começou. Pode chegar a ser muito mais do que isto, mas nunca menos.

Fonte: http://www.ortopraxia.com/

Owen Strachan – 5 Maneiras de Saber se Você é Realmente um Cristão



Jonathan Edwards procurou promover uma vibrante fé cristã ensinando as pessoas quais são as verdadeiras “marcas,” ou sinais da vida piedosa. Ele o fez não somente porque era muito esperto e gostava de categorizar as coisas, mas porque ele queria que os cristãos experimentassem a alegria do verdadeiro Cristianismo e então espalhassem aquela alegria para os outros. Resumindo, ele era um pastor missional antes do YouTube e do penteado de moicano.

1. Você ama a Jesus

Em seu texto de 1741 “Marcas Características de uma Verdadeira Obra do Espírito de Deus” (Distinguishing Marks of a True Work of the Spirit of God), Edwards listou um número de sinais negativos e positivos que diferenciavam uma verdadeira obra de Deus de uma falsa. Apesar de no texto Edwards ter-se concentrado em avivamentos de um modo geral, suas palavras se aplicam a indivíduos buscando discernir se conhecem ao Senhor ou não.

O primeiro destes sinais era uma “alta estima” por Jesus Cristo. O ponto deste primeiro sinal é que, quando o Espírito se move no coração de uma pessoa e o acorda para a fé e o arrependimento, sua visão de Jesus muda. O crente simbólico respeita a Jesus, mas não o reverencia ou exalta. O verdadeiro cristão se deleita em Jesus, um deleite que é frequentemente evidente e contagioso. Ao servimos em missão para Deus promovendo o evangelho, nós devíamos esperar ver uma “alta estima” por Jesus Cristo, o autor de nossa redenção.

2. Você odeia o pecado

O segundo sinal de uma “verdadeira obra” é um ódio crescente pelo pecado e a derrota de práticas pecaminosas.

Quando o espírito que está trabalhando opera contra o interesse do reino de Satanás, o qual se baseia em encorajar e estabelecer o pecado e agradar-se dos desejos mundanos dos homens; este é um claro sinal de que se trata de um verdadeiro, e não de um falso espírito… Para que possamos seguramente determinar, a partir do que diz o apóstolo, que o espírito que está operando no meio de um povo… e o convence do horror do pecado, a culpa que ele traz e a tristeza à qual ele expõe: Eu digo que o espírito que opera desta maneira, só pode ser o Espírito de Deus (Works 4, 250-51)


Neste ponto, como nos outros, é tanto profundo quanto simples. Um dos claros sinais de uma obra de Deus é o ódio crescente pelo pecado. Nossos olhos são abertos de repente para ver o horror da condição de alguém. Onde antes alguém identificava fraqueza e falhas, mas sempre tinha desculpas na ponta da língua para cobrir estas deformidades pessoais, agora o Espírito mostra ao pecador o quão desprezível e mal ele é.

3. Você ama a Palavra de Deus

O terceiro sinal de uma “verdadeira obra” é o amor pela Bíblia. Edwards ligou este amor pela Escritura não simplesmente por apreciação literária de seu conteúdo, mas a uma fome e uma sede pela Palavra de Deus dadas pelo Espírito.

Este espírito que opera de tal maneira de forma a causar nos homens um respeito maior pela Sagrada Escritura, e os edifica mais em sua verdade e divindade, é certamente o Espírito de Deus… o Diabo nunca cuidaria de produzir nas pessoas um respeito pela Palavra divina, a qual Deus conferiu para ser a grande e permanente regra para a direção de sua igreja em todos os assuntos religiosos e preocupações de suas almas, em todas as épocas. (Works 4,250)


Muitas pessoas respeitam a Bíblia. Ela é conhecida como um “livro sagrado,” um texto sagrado. Mas poucas pessoas a veem como a tangível palavra de Deus que o próprio Deus “apontou e inspirou para entregar à sua igreja sua regra de fé e prática” como “a grande e permanente regra para a direção de sua igreja.” Onde o coração de uma pessoa arde de amor e santo “respeito” pelas Escrituras, o Espírito trabalhou.

4. Você ama a verdade

O quarto sinal que marcava a presença de uma “verdadeira obra” era um elevado amor pela verdade e pelas coisas de Deus.

Uma consciência e uma reação à verdade divina era um claro sinal de que o Senhor havia movido em corações humanos. Então onde as pessoas passaram a ver “que há um Deus” e que ele é “grande” e “odeia o pecado,” e que eles próprios têm “almas imortais” e “devem dar conta de si mesmos a Deus,” o Espírito estava operando a verdadeira conversão.

Edwards com razão notou que o Espírito não leva os crentes ao erro. Portanto, quando ouvimos notícias de conversão, quer seja em massa ou individual, nós precisamos ouvir repercussões da verdade no testemunho do convertido. Ele ama mais a verdade? Ele ama mais a Deus? Ele se compromete com a sã doutrina e arraiga sua fé nela? Cristãos missionais buscam odiar o pecado e levar outros a fazer o mesmo.

5. Você ama os crentes

O último sinal positivo na taxonomia de Edwards da “verdadeira obra” do Espírito, era o amor de alguém pelos companheiros cristãos.

Muitas pessoas que professam a Cristo perdem o chão neste ponto final. Eles podem até gostar dos comembros da igreja e contribuir de alguma forma para seu bem-estar, mas não foram cheios pelo Senhor com um santo amor por seus companheiros cristãos, e assim eles não os servem. A verdadeira conversão irá fazer com que casais estáveis cerquem jovens cristãos famintos de discipulado. Levará cristãos a dar generosamente a missionários e companheiros crentes (veja 2Coríntios 8). Irá fazer com que os crentes mais antigos passem tempo mentorando os mais jovens (veja Tito 2).

No final, a forma de cuidar de irmãos diz mais respeito ao nosso testemunho de conversão e nosso entendimento da missão do evangelho do que possamos inicialmente pensar. Verdadeiros cristãos distribuem amor aos seus irmãos como resposta à graça de Jesus.

(Adaptado do Capítulo Três de Jonathan Edwards em Verdadeiro Cristianismo [True Christianity], da Coleção Essencial de Edwards [The Essential Edwards Collection]).

Pergunta: Qual destas “marcas” do verdadeiro Cristianismo mais sobressaem em você? Qual delas você precisa cultivar ao viver uma vida missional como Edwards fez? Comente e nos conte.


Justo e Justificador - Yago Martins


Fonte: http://voltemosaoevangelho.blogspot.com/

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A Parábola


Fonte: http://ibrvnjovem.wordpress.com/

Os Poucos - Piper, Washer, Ravenhill, Conway, Leiter


Fonte: http://www.vemver.tv/

Qualificações dos Presbíteros: Bom Testemunho dos de Fora

Juliano Heyse (editor)
Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo. 1 Tm 3:7

Introdução

Esta qualificação só aparece na lista de Timóteo e está ligada ao testemunho do presbítero. Não há muito o que comentar aqui. A qualificação é praticamente auto-explicativa.

Grego

• Em 1 Timóteo testemunho - μαρτυρια - marturia / de fora - εξοτθεν - exothen

Strongs - testemunho - o que alguém testifica, testemunho / de fora - de fora, exterior

Rienecker e Rogers - de fora - de fora, um termo para incrédulos (v. 1 Ts 4:12; Cl 4:5)

Outras versões

Outras traduções do mesmo termo em português:
Almeida Revista e Atualizada (ARA)tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo
Nova Versão Internacional(NVI)ter boa reputação perante os de fora, para que não caia em descrédito nem na cilada do Diabo
Almeida Revista e Corrigida(ARC)tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo
Nova Tradução na Linguagem de Hoje(NTLH)seja respeitado pelos de fora da Igreja, para que não fique desmoralizado e não caia na armadilha do Diabo
Tradução Brasileira(TB)tenha bom testemunho dos que são de fora, para que não caia no opróbrio e no laço do Diabo

Comentários

• Broadman – A missão da igreja depende da boa reputação dos seus membros, especialmente seus líderes. Uma reputação ruim deixa o líder à mercê do opróbrio e laço do diabo.
• D. A. Carson (-)
• Jamieson, Fausset e Brown daqueles gentios ainda não convertidos ao redor (1 Co 5:12 Col 4:5 1 Ts 4:12), para que eles possam ser o mais prontamente ganhos para o Evangelho (1 Pe 2:12), e que o nome de Cristo possa ser glorificado. Nem mesmo a vida pregressa de um bispo deveria estar aberta a repreensão.
• João Calvino –Isto parece ser muito difícil, para que um homem religioso deva ter, como testemunhas da integridade dele, infiéis que estão furiosamente loucos para contar mentiras contra nós. Mas o que o apóstolo quer dizer que, tanto quanto se pode verificar em relação ao comportamento externo, até mesmo os incrédulos são constrangidos a reconhecer que ele é um bom homem; Já que, embora eles infundadamente caluniem todos os filhos de Deus, contudo eles não podem declarar que é um homem mau aquele que conduz uma vida boa e inofensiva no meio deles. Tal é o reconhecimento de retidão que Paulo aqui descreve.
• John Gill Quer dizer, "fora da igreja", como está na versão arábica; para que homens maus, apesar de não gostarem dos princípios e profissão de ministros piedosos e menosprezarem o ofício deles, não possam senão falar bem da vida e conversação decente deles. E esta parte do caráter deles é necessária para que possam convidar as pessoas a ouvi-los e recomendar o ministério deles para elas. (...) para que não caia em opróbrio, na repreensão de homens, não só do mundo, mas dos que professam a religião, que podem ser hábeis em censurá-lo por seus pecados passados, especialmente aqueles que podem cair sob as censuras dele, advertências e reprovações que por este meio se tornarão em grande medida inúteis e ineficazes.
• John MacArthur Um líder na igreja deve ter uma reputação incontestável na comunidade não crente, mesmo que as pessoas ali discordem com suas posições morais e teológicas. Como ele poderia ter um impacto espiritual naqueles que não o respeitam? Cf. Mt 5:48; Fp 2:15.
• Matthew Henry Ele deve ter boa reputação entre os seus vizinhos, e não estar sob nenhuma reprovação por comportamentos anteriores; porque o diabo fará uso disso para enlaçar outros e operar neles uma aversão pela doutrina de Cristo pregada por aqueles que não tiverem um bom registro de vida.
• New American Commentary –Um líder de igreja efetivo precisa ter o respeito de até mesmo do mundo não salvo. Se o comportamento do líder não apresentar um testemunho respeitável, o diabo pode apanhar a igreja em uma armadilha tornando os de fora desconfiados em crer no evangelho.
A "boa reputação" é literalmente um "bom testemunha". Este é um apelo para que o líder de igreja tenha um bom nome e posição na comunidade mais ampla. A menção do nome do líder não deveria causar escárnio entre os oponentes do evangelho. O comportamento do líder deveria prover um exemplo de integridade e compromisso com o evangelho que ele professa.
Os de fora são aqueles que não creem no evangelho. Os instintos morais de pessoas de fora iluminadas são sãos e merecedores de respeito. Cristãos não devem ignorar tais opiniões ao avaliar o caráter de um líder potencial.
O "opróbrio" pode ser aquela reprovação que os de fora trazem sobre cristãos professos que desonram o cristianismo pela desobediência. Satanás usa tal opróbrio para apanhar as suas vítimas. Se o bispo tiver uma reputação ofensiva para com o mundo não salvo, ele e a igreja inteira entrarão em opróbrio. Paulo declarou que tal opróbrio é uma armadilha colocada pelo diabo. Quando os líderes de igreja vivem de tal modo que os estranhos não salvos recusam escutar a mensagem deles, o diabo claramente atraiu os crentes para uma armadilha. Os cristãos têm que perceber que os incrédulos examinam as ações deles com um holofote à procura de falhas. O apelo de Paulo é para que líderes de igreja não dêem nenhuma oportunidade genuína para que incrédulos os acusem.
• William MacDonald O bispo é um homem que deve ter bom testemunho na comunidade. Aqueles que estão de fora é uma referência aos não-cristãos. Sem esse bom testemunho, ele se torna sujeito às acusações dos homens e opróbrio do diabo. Essas acusações podem vir tanto de cristãos como de não-cristãos. O opróbrio do diabo é uma armadilha de Satanás para aqueles que não vivem em concordância com suas confissões. Quando Satanás captura homens em sua armadilha, ele os aprisiona para ridicularizar, escarnecer e desprezar.

Conclusão

O presbítero precisa ser alguém irrepreensível não só dentro da igreja, mas também fora dela. As pessoas que o conhecem fora da igreja devem, como disse Calvino, "reconhecer que ele é um bom homem", mesmo que não gostem dele e até nutram uma inimizade contra ele por causa do Evangelho. Homens que são mal vistos pelas pessoas incrédulas, em seu caráter e comportamento, não servem para serem líderes na igreja do Senhor.