sábado, 22 de maio de 2010

Os afetos que tornam autêntica a adoração – John Piper


Agora sejamos específicos.
Quais são os sentimentos ou afetos que tornam autênticos os atos exteriores de adoração?
Para chegar à resposta, recorreremos aos salmos e aos hinos inspirados do Antigo Testamento. Um conjunto de afetos diferentes entrelaçados pode tomar conta do coração a qualquer momento. Portanto, a extensão e seqüência da lista abaixo não têm a intenção de limitar as possibilidades de prazer no coração de alguém.



Talvez a primeira resposta do coração ao ver a santidade majestosa de Deus seja o silêncio perplexo.

"Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus" (SI 46.10). "O Senhor está em seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra" (He 2.20).


Do silêncio brota um sentimento de temor, reverência e maravilha diante da imensa grandeza de Deus.

"Tema ao Senhor toda a terra, temam-no todos os habitantes do mundo" (SI 33.8).


E por sermos todos pecadores, em nossa reverência há um medo santo do poder justo de Deus.

"Ao Senhor dos Exércitos, a ele santificai; seja ele o vosso temor, seja ele o vosso espanto" (Is 8.13). "Entrarei na tua casa e me prostrarei diante do teu santo templo, no teu temor" (SI 5.7).


Esse temor, porém, não é um terror paralisante, cheio de ressentimento contra a autoridade absoluta de Deus. Ele encontra alívio na contrição, no arrependimento e na tristeza por nossa distância de Deus.

"Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus" (Si 51.17). "Assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos" (Is 57.15).


Misturado ao sentimento genuíno de contrição e tristeza pelo pecado aparece um anseio por Deus.

"Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo" (SI 42.1, 2). "Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam. Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre" (SI 73.25, 26). "Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água" (SI 63.1).


Deus não fica indiferente ao anseio contrito da alma. Ele vem, retira a carga do pecado e enche nosso coração de alegria e gratidão.

"Converteste o meu pranto em folguedos; tiraste o meu pano de saco e me cingiste de alegria, para que o meu espírito te cante louvores e não se cale. Senhor, Deus meu, graças te darei para sempre" (SI 30.11, 12).


Nossa alegria, porém, não é resultado apenas da gratidão gerada pelo olhar em retrospectiva. Ela também vem do olhar esperançoso prospectivo:


"Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu" (SI 42.5). "Aguardo o Senhor, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra" (SI 130.5).


No fim das contas, o coração não anseia por qualquer das dádivas de Deus, mas pelo próprio Deus. Vê-lo, conhecê-lo e estar em sua presença é o maior banquete da alma. Depois disso ela não quer mais nada. As palavras passam a ser insuficientes. Nós falamos de prazer, alegria, delícia, mas esses são apenas frágeis indicadores da experiência indizível.


"Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo" (SI 27.4). "Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente" (SI 16.11). "Agrada-te do Senhor" (SI 37.4).


Esses são alguns dos afetos do coração que podem evitar que a adoração seja "em vão". Adorar é uma maneira alegre de refletir de volta para Deus o brilho do seu valor. Não é um mero ato de vontade, pelo qual executamos ações externas. Sem a participação do coração, não adoramos de verdade. O envolvimento do coração na adoração é o despertamento de sentimentos, emoções e afetos do coração. Onde os sentimentos por Deus estão mortos, a adoração está morta.

A adoração genuína precisa incluir sentimentos interiores que refletem o valor da glória de Deus. Se não fosse assim, a palavra hipócrita não teria sentido. Mas a hipocrisia existe — ter emoções exteriores (como cantar, orar, dar, recitar) que significam afetos do coração que não existem.

"Este povo me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim."

Fonte: http://www.ocristaohedonista.com/

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