terça-feira, 23 de novembro de 2010
Igrejismo ou Reinismo?
A Igreja do Futuro não pode ser em-si-mesmada, isto é, voltada para si mesma, mas para o mundo, tendo por objetivo primordial a implantação do Reino de Deus. Ela tem que ser reinista, em vez de ser igrejista. '
Assim como o Espírito Santo não chama a atenção para Si, mas para Cristo, a Igreja do Futuro não pretende ser o centro das atenções, mas projeta seus holofotes para a nova humanidade, a ser edificada ao redor do Trono.
A igreja contemporânea (salvo exceções), não passa de uma caricatura mal acabada da verdadeira igreja de Cristo, cujo protótipo pode ser claramente visto nas páginas de Atos dos Apóstolos.
Urge reformularmos nossa concepção eclesiológica.
A igreja enquanto instituição deveria ser vista como a placenta onde a nova humanidade está sendo gestada. Quando chegar a hora do parto, a placenta pra nada mais servirá, e será descartada.
Por isso, não há templos na Sociedade Definitiva vislumbrada por João em Apocalipse.
A igreja é o andaime usado pelo Grande Construtor,que será removido tão logo a obra tenha sido concluída.
A Igreja que perdurará por toda a Eternidade é a Nova Humanidade, a Civilização do Amor, que tem como Cabeça o Novo Adão, Jesus Cristo.
Enquanto a "igreja" insistir em trabalhar voltada para si mesma, e para a manutenção de seus projetos, ela estará fadada a perder a relevância no Mundo. A igreja precisa converter-se ao Mundo, pois foi para o benefício dele que ela foi levantada.
Paradigma Igrejista x Paradigma Reinista
O neologismo “igrejismo” aponta para a concepção eclesiológica vigente em nossos dias, onde a igreja se confunde com o próprio Reino de Deus, e se acha o centro das atividades divinas entre os homens.
O igrejismo é mais do que uma concepção, é uma postura promotora de alienação e sectarismo. A igreja acaba por se tornar um gueto religioso, com sua própria subcultura, repleta de jargões e clichês.
Já o neologismo “reinismo” pretende resgatar uma concepção eclesiológica bíblica e condizente com os anseios da pós-modernidade, onde se mantém a distinção entre o Reino e a Igreja, e o foco deixa de ser as atividades religiosas para ser o agir de Deus na História, envolvendo todas as dimensões da existência humana.
Ser reinista não é apenas pertencer a uma agremiação eclesiástica, mas ser um agente do Reino de Deus, empenhado na transformação do Mundo por intermédio da implementação do conjunto de valores e princípios ensinados por Jesus.
Neste contexto, a igreja é o farol, a humanidade é o navio, e o Reino de Deus é o Porto Seguro.
Um farol não pode apontar sua luz para si mesmo. Seu papel é iluminar o caminho, possibilitando ao navio chegar seguro ao porto. Assim, a igreja tem a missão de ser paradigma civilizatório, a fim de que as nações andem à sua luz. A igreja deve ser uma espécie de microcosmos, de protótipo, de amostra grátis, de plano piloto. Ela, portanto, não é um fim em si mesma.
A Igreja do Futuro deve ser proativa, em vez de reativa. Deve antecipar-se, como fez a mulher que derramou o perfume sobre Jesus. Deve ser vanguardista. O Mundo deve conformar-se aos valores por ela apregoados, e não vice-versa. Ela deve estar sempre um pé à frente, e isso com respeito a qualquer questão de interesse humano. Ela não apenas responde questões pertinentes ao seu tempo, como prevê questões que ainda surgirão, e busca respondê-las ainda antes que se tornem pertinentes.
Embora sua origem seja celestial, ela emerge da realidade em que está inserida. Portanto, ela só pode ser emergente, se for antes, imergente. Ao emergir, ela atrai para si, não os holofotes, mas a responsabilidade por tudo o que diz respeito à condição humana e suas demandas. Por isso, ela é convergente. Sua cosmovisão é ampla e abarca a realidade como um todo, desde a cultura, a educação, as ciências, a justiça social e o meio-ambiente.
Hermes Fernandes
Fonte: http://www.genizahvirtual.com/
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