segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Nem a Razão nem os Sentimentos - M. Lloyd-Jones


Como devo saber o que é verdade? Qual a minha autoridade em relação a ela? A grande questão atual é a questão da autoridade. Que devo dizer no meio desta babel de vozes? A primeira resposta é que a minha autoridade não deve ser a razão humana. Essa é a autoridade suprema hoje - a razão humana baseada no conhecimento moderno. O que nos dizem é que, porque estamos vivendo numa era científica, toda a situação é diferente. Mas isso é clara, patente e completamente inadequado, porque são tantas as coisas que eu não sei, e são tantas as coisas que eu não entendo! Minha mente é demasiado finita, é pequena demais.

Depois me dizem que a nossa situação hoje depende do conhecimento moderno, e que eu não devo confiar num conhecimento que vem do passado. Isso, porém, me deixa na seguinte situação: se, à luz do meu conhecimento, eu digo que o grosso do "conhecimento" passado estava errado, sei perfeitamente que daqui a cinqüenta ou cem anos as pessoas estarão dizendo exatamente a mesma coisa sobre o meu conhecimento atual; portanto, o que eu sei agora provavelmente estará errado. Não tenho nada; estou em areia movediça, e me defronto com uma oscilante escala da verdade.

Mas, fora isso, que é a razão humana-a razão de qualquer homem -quando encaradapela razão, pelo conhecimento, pela inteligência e pela astúcia do diabo? "Não temos que lutar contra a carne e o sangue." Não estamos meramente argumentando com homens, estamos argumentando com a maior mente do universo inteiro, depois da mente do Deus triúno. Essa é, como vocês devem recordar, a constante ênfase do apóstolo - as artimanhas e as astúcias do diabo. E a história que nos é dada na Bíblia é uma ilustração dessa astúcia. Ela mostra como as melhores, as maiores e as mais santas mentes foram laçadas pelo diabo; os melhores homens tiveram os seus extravios. Se eu puser a minha confiança na razão humana, também serei derrotado. Você não pode confiar em sua razão; ela é pequena demais, é deveras inadequada. Todavia, é o que os homens estão fazendo hoje. Estão confiando em sua razão e criticando a Bíblia; criticam até o Senhor Jesus Cristo! "Ele era um filho da Sua era", dizem eles, "Ele não tinha a mínima possibilidade de saber o que nós sabemos."


Essa é a razão humana, o conhecimento humano, a razão colocada na posição suprema; e deixam você sem nenhuma autoridade superior. A nossa autoridade final não pode ser a razão.

Que dizer dos meus sentimentos? Os sentimentos são colocados na posição de autoridade por muitos hoje, porque as mentes mais sinceras têm de admitir que, em última instância, a razão falha. As duas guerras mundiais destroçaram a fé na razão humana, que caracterizou a primeira parte do século atual. O humanismo foi grandemente ridicularizado e desacreditado pelas duas guerras mundiais. Por isso, muitos se afastaram dele e estão dando um salto para a esfera do "sentimento". "Ah", dizem eles, "não tente entender demais, não tente raciocinar. É o que você sente, é o que você experimenta que importa- este algo indefinível que o "apanha"!"

Mas os sentimentos não podem ser a nossa autoridade final, porque, como bem sabemos, eles são instáveis e não são confiáveis. Eles vêm e vão, e você nunca sabe o que poderão ser. "Não ouso confiar na disposição mais fina", diz um autor de hinos, porque amanhã ela poderá ter desaparecido. Se eu estiver sendo governado por meus sentimentos, ver-me-ei mudando constantemente-às vezes feliz, às vezes infeliz, às vezes achando que está tudo bem, ora achando que tudo vai mal, ora emocionado pela leitura da Bíblia, outras vezes tendo que me esforçar para extrair algo dela, sentindo-me frio, árido, lerdo, tolo! Não seria essa a sua experiência? Se é assim, como você pode confiar nos sentimentos como sua autoridade?

Lembrem-se também de que os sentimentos podem ser facilmente simulados. Se o que é agradável é necessariamente bom, se o que me causa um sentimento prazeroso e an imador tem que ser certo, então não tenho como responder às seitas. Eu teria que dizer pura e simplesmente: "Pois bem, busque-as. Tudo o que o faça sentir-se melhor, qualquer coisa que lhe dê algum descanso e alívio é bom; siga isso. Qualquer coisa que faça de você um melhor homem só pode estar certa; siga-a". Se confiamos meramente na prova pragmática do que me faz sentir melhor, não temos nenhum padrão. Não posso criticar nenhum ensino. É tão inteiramente subjetivo que eu não tenho padrão de espécie alguma.
Prossigamos, porém. Se a autoriade não é a razão e não é o sentimento, será possível que é a Igreja? Aí está sempre a igreja católica romana, é claro, alegando que a sua autoridade é final. "Oh, sim", diz ela, "aBíbliaé muito boa, contudo não é suficiente. Nós temos acrescentado algo a ela, tivemos revelação adicional. Você deve crer na Igreja tanto como na Bíblia." Aí está essa pequenina "corrente", que tão depressa.

Fonte: http://www.martynlloyd-jones.com/

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