quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Conversão ou coerção?



Uma verdade fundamental da Bíblia é que a natureza do homem pode ser transformada apenas sobrenaturalmente. (Por “natureza”, quero dizer natureza ética, na esfera do certo e errado, não natureza metafísica, na esfera de sua constituição como um homem criado à imagem de Deus.) A Bíblia nega de forma absoluta que a natureza do homem possa ser transformada por meios puramente naturais (João 1.12-13; 1Co 2.14). Os homens são convertidos (transformados eticamente) pela regeneração. Na regeneração, o Espírito Santo implanta no homem a disposição santa perdida na Queda, na qual todos os homens nascem (2Co 5.17). Essa é a única forma pela qual a natureza do homem pode ser transformada. Se o homem há de ser transformado eticamente, ele deve ser convertido.

Quando os homens perdem a esperança na Bíblia, eles devem encontrar outras formas de tentar mudar a natureza do homem. A forma mais frequente é por meio da coersão. O exemplo mais consistente disso está nos estados comunistas modernos. Eles creem que ao expor o homem a certo estímulo externo, a sua natureza interna pode ser alterada. Ao martelar nele, por meio de propaganda, a ideia que a motivação por lucro é má para os indivíduos (embora, aparentemente, não para o Estado), eles esperam criar um Novo Homem que trabalhará para o bem da comunidade e do Estado, e não para si mesmo e sua família. Se os homens se opõem e questionam esse Estatismo, eles devem ser remodelados em campos de concentração infernais ao ser violentamente quebrados física, emocional e psicologicamente, e então remendados novamente para serem bons cidadãos estatais. Essa é uma suposição razoável para qualquer um que tenha abandonado a esperança na obra miraculosa da regeneração. Marque isso: qualquer Estado, igreja, família ou outra autoridade institucional que opte por coerção como um meio para alterar a natureza do homem abandonou a esperança no Deus da Bíblia. Isso aplica-se tanto aos estatais materialistas como também aos legalistas fundamentalistas.

A Bíblia permite a coerção somente em uns poucos e limitados casos. O Estado pode empregar a espada (Rm 13.1-7) para proteger a vida, liberdade e propriedade. (Por implicação, o Estado pode usar a coerção para proteger seus cidadãos de invasão estrangeira.) O indivíduo pode usar coerção para proteger a vida e a propriedade (Ex 22.1-2). Pais piedosos podem empregar punição corporal limitada para regular o comportamento externo dos filhos (Pv 23.13-14). Nada disso tem a intenção de alterar a natureza do homem. Multa e restituição não transformam a natureza de um ladrão, assim como uma palmada não muda a natureza de uma criança. A coerção pode proteger, no máximo, a ordem externa; ela não pode alterar a natureza do homem. Somente o Espírito de Deus pode alterar a natureza de um homem.

Não é sem motivo que o evangelho de Jesus Cristo é chamado o “evangelho da paz” (Rm 10.15; Ef 6.15). Ele cria paz com Deus, paz com o indivíduo, e paz entre o indivíduo e seus semelhantes. O aumento da coerção e da violência na família, escola, mídia e no Estado é uma marca de uma cultura ímpia e réproba. Quando os homens são convertidos, apenas um mínimo de coerção é necessária para manter seus impulsos pecaminosos em cheque. A solução para o pecado e apostasia generalizada não é coerção generalizada, mas sim conversãogeneralizada.

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