Daniel Fuller usa essa figura de paciente e médico para mostrar como o missionário eficiente evita a presunção de estar ajudando a Deus:
Uma analogia para compreender como viver a vida cristã sem ser legalista é reconhecer-se doente e carente de ajuda médica para ficar bom. O ser humano começa a vida com tamanha disposição para o mal que Jesus o chama de "filho do inferno" (Mt 23.15). [...] Em Marcos 2.17 e em outros lugares, Jesus comparou-se com um médico, com a tarefa de curar o ser humano dos seus pecados; ele recebeu o nome "Jesus" porque era sua missão "salvar o seu povo dos pecados deles" (Mt 1.21). No momento em que passamos das coisas que amamos neste mundo para a esperança em Deus e em suas promessas resumidas em Jesus Cristo, Jesus nos recebe, por assim dizer, em sua clínica, para nos curar das nossas inclinações infernais.
Fé verdadeira significa não apenas ter confiança de que os meus pecados estão perdoados, mas também crer nas promessas de Deus de que teremos um futuro feliz por toda a eternidade. Ou, invertendo a metáfora do médico e da clínica, temos de confiar nossa pessoa doente a Cristo como o grande médico, confiando que ele operará até que nossa inclinação para o inferno seja transformada em inclinação para Deus.
[Uma] conclusão a ser tirada da analogia do médico é que, além de prescrever certas instruções gerais que todos os seus pacientes têm de seguir, ele também elabora regimes de saúde individuais, para as necessidades particulares de cada paciente. Por exemplo, ele pode orientar alguns a sair da sua pátria e ir proclamar o evangelho em outro país. Em circunstâncias como essa, há a grande tentação de as pessoas reverterem ao legalismo de pensar que estão sendo heróis por Deus, por estarem deixando sua pátria para suportar os rigores de viver em terra estrangeira [esse era o problema de Pedro]. Aqueles que são orientados a fazer trabalhos difíceis para Deus precisam lembrar-se de que esses rigores são prescritos para a sua própria saúde. À medida que as dificuldades os ajudam a se tornar mais parecidos com Cristo, eles cantam um hino de louvor a Deus e, consequentemente, "muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no Senhor" (SI 40.3).
Aqueles que se consideram inválidos em vez de heróis tornam-se excelentes missionários.
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