terça-feira, 15 de novembro de 2011

Você Está Vivo? – J. C. Ryle



1. Primeiro, deixe-me perguntar a cada leitor: Você está vivo ou morto?

Permita-me, como embaixador de Cristo, insistir sobre essa pergunta a cada consciência. Só existem dois caminhos, o estreito e o largo; dois grupos no dia do juízo, os da direita e os da esquerda; duas classes de pessoas na igreja professa. E você tem de pertencer, sem dúvida, a uma delas. Onde se acha você? Você está entre os vivos ou entre os mortos?

Falo com você, e não com outros, não com seu vizinho, não com os africanos ou os habitantes da Nova Zelândia, mas com você. Não estou perguntando se você é um anjo, ou se tem a mente de Davi ou a de Paulo, mas pergunto se você tem uma esperança bem fundamentada no fato de ser nova criatura em Cristo Jesus. Pergunto se você tem motivos para crer que já se despiu do velho homem e se revestiu do novo, se você está cônscio de que passou por uma verdadeira transformação espiritual; em suma, se você está morto ou vivo.

(a) Não mude de assunto, dizendo que foi admitido à igreja mediante o batismo, tendo recebido graça e espírito no sacramento, e, por isso, acha que deve estar vivo. Isso de nada adianta.

Paulo mesmo disse sobre a viúva batizada que vivia em deleites: "Está morta" (1 Tim. 5.6). O Senhor Jesus disse ao líder da igreja de Sardes: "Tens nome de quem vive, e estás morto" (Apo. 3.1). A vida de que você fala não é nada, se não puder ser vista. Demonstre-a, se quiser que eu creia em sua existência. A graça é luz, e a luz sempre será discernida. A graça é sal, e seu sabor sempre será percebido. Uma presença do Espírito que não se manifesta por frutos externos, e uma graça invisível aos olhos dos homens devem ser consideradas extremamente suspeitas. Se você não tiver outra prova de sua vida espiritual que não o seu batismo, sua alma continuará morta.

(b) Não me diga que é uma questão que não se pode resolver, ou que você considera presunção opinar a tal respeito. Isso é um refúgio tolo e uma falsa humildade. A vida espiritual não é algo duvidoso e indiscernível, como alguns querem supor. Existem marcas e evidências pelas quais se pode discernir a presença dessa vida por aqueles que conhecem a Bíblia. "Sabemos", disse João, "que passamos da morte para a vida" (I João 3.14). A hora exata e a época dessa passagem pode não ser conhecida pelo homem. Mas o fato e a reali¬dade do ocorrido raramente serão incertos. Foi um comentário verdadeiro e belo aquele feito por uma jovem a Whitefield, quando lhe perguntaram se seu coração mudara. Ela sabia que algo mudara; poderia ser o mundo, poderia ser o seu próprio coração, mas havia uma imensa transformação em alguma coisa; disso ela estava certa, porque tudo agora era diferente de antes. Ah! Deixe de se esquivar da pergunta! Você está vivo ou morto?

(c) Não diga que não sabe. Você concorda que é ume questão importante; você espera sabê-lo algum tempo antes de morrer; você tenciona dar

atenção à questão quando for conveniente, mas, no momento, não sabe.

Você não sabe! No entanto, céu e inferno estão envolvidos na questão. Uma eternidade de felicidade ou de miséria paira sobre a resposta. Você não deixa sem solução suas questões mundanas. Não cuida tão levianamente de seus negócios. Você prevê e provê para cada possibilidade. Você faz seguro de vida e de propriedade. Por que não fazer da mesma forma com sua alma imortal?

Você não sabe! Contudo, ao seu redor só há incertezas. Você é um pobre verme, seu corpo é maravilhosa e assombrosamente criado, e sua saúde é passível de ser ameaçada de mil maneiras. Na próxima vez que as margaridas florescerem, poderão fazê-lo sobre o seu túmulo. Tudo está negro à sua frente. Você não sabe o que haverá no dia de amanhã, quanto menos daqui a um ano. Por que não cuidar sem demora de sua alma?

Que cada leitor examine a si mesmo. Não repouse sem que saiba da extensão do seu estado aos olhos de Deus. Qualquer demora nesse particular é um mau sinal, surgido de uma consciência intranqüila. Mostra que um homem pensa mal a seu próprio respeito. É como o negociante desonesto, cujas contas não subsistem ao inquérito. Ele tem pavor da luz.

Nas coisas espirituais, como nas demais, é imprescindível que se esteja certo. Não deixe nada ao acaso. Não meça sua condição pela condição de outros. Compare tudo com a Palavra de Deus. Um erro quanto à sua alma será um erro para a eternidade.

Pense hoje mesmo, converse com seu coração e aquiete-se. Considere a sós, e esteja a sós com Deus. Examine a questão com justiça, plenamente, honestamente. Que tal lhe parece? Você está entre os vivos ou entre os mortos?

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