sábado, 15 de maio de 2010

Deus Caminhando Entre os Homens - A. W. Tazer


DEUS SEMPRE age à semelhança do Seu Ser, onde quer que faça algo, e seja o que for que estiver fazendo; nEle não há variação nem sombra de mudança. Todavia, a Sua infinidade O coloca tão acima do nosso conhecimento, que uma vida inteira despendida em cultivar o conhecimento sobre Ele deixa tanto por aprender como se nunca tivéssemos começado a conhecê-lo.

O conhecimento ilimitado de Deus e a Sua perfeita sabedoria capacitam-nO a agir racionalmente além dos limites do nosso conhecimento racional. Por esta razão, não podemos predizer as ações de Deus como podemos predizer os movimentos dos corpos celestes, pelo que Ele constantemente nos espanta pelo modo como se move com liberdade através do Seu universo. Nós O conhecemos tão imperfeitamente, que se pode dizer que um invariável concomitante com um genuíno encontro com Deus é um deleitável assombro. Não importa quão alta seja a nossa expectativa, quando Deus se move finalmente na esfera do nosso saber, certamente ficaremos espantados com o Seu poder de engolfar a mente e fascinar a alma. Ele é sempre mais maravilhoso do que podemos antecipar, e mais assombroso do que imaginamos que poderia ser.
Contudo, em certa medida, as Suas ações podem ser preditas, pois, como tenho dito, Ele sempre age à semelhança do Seu Ser. Desde que sabemos, por exemplo, que Deus é amor, podemos estar perfeitamente certos de que o amor estará presente em cada um dos Seus atos, seja a salvação do pecador penitente, seja a destruição de um mundo impenitente. Semelhantemente, podemos saber que Ele sempre será justo, fiel, misericordioso e veraz.Suponho que é estranha a mente que se preocupa muito com a conduta de Deus naqueles distantes domínios que jazem além da experiência humana. Mas quase toda gente pergunta como Deus agiria se estivesse em nosso lugar. E pode ser que tenhamos tido momentos em que achamos que Deus não podia ter possibilidade alguma de entender como é duro para nós viver retamente num mundo mau como este. E pode ser que tenhamos perguntado como Ele agiria se tivesse de viver entre nós por algum tempo.
Fazer tal indagação pode ser natural, mas é totalmente desnecessário. Sabemos como Deus agiria se estivesse em nosso lugar — Ele esteve em nosso lugar. Este é o mistério da piedade, que Ele foi manifestado na carne (1 Tim. 3:16). Deram-Lhe o nome de Emanuel, que interpretado quer dizer Deus conosco.
Quando Jesus andou pela terra, era um homem agindo como Deus; mas é igualmente maravilhoso que Ele também era Deus agindo como Ele próprio no homem e num homem. Sabemos como Deus age no céu porque O vimos agir na terra. "Quem me vê a mim, vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?" (João 14:9).
Por glorioso que isto seja, e é, não termina aqui. Deus ainda está caminhando entre os homens, e por onde anda, age como Ele próprio. Isto não é poesia, mas, sim, fato sólido e claro, passível de prova no laboratório da vida.
Que Cristo habita realmente a natureza do crente regenerado, é um fato pressuposto, implícito e afirmado abertamente na Escritura Sagrada. É dito que todas as três Pessoas da Divindade entram na natureza daquele que se compromete com a verdade do Novo Testamento com fé e obediência: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada" (João 14:23). E a doutrina da habitação do Espírito Santo no crente é por demais conhecida para precisar de apoio aqui; todo aquele que foi instruído na Palavra de Deus, ligeiramente embora, entende isto.
Tudo quanto Deus é, o homem Cristo Jesus também é. Tem sido firme crença da igreja, desde os dias dos apóstolos, que Deus não somente se manifesta em Cristo, mas também que Ele se manifesta como Cristo. Nos dias da controvérsia ariana, os chamados pais da igreja foram levados a colocar o ensino do Novo Testamento sobre este assunto numa "regra" ou credo sumamente condensado que pudesse ser aceito como final por todos os crentes. Fizeram-no com as seguintes palavras: "A fé correta é que cremos e confessamos que nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, é Deus e homem. Deus da substância do Seu Pai, gerado antes de todos os séculos; homem da substância da Sua mãe, nascido no mundo. Perfeito Deus e perfeito homem. .. . Quanto à alma racional e à carne, é um homem. Assim, Deus e homem é o Cristo único".
Cristo no coração de um crente agirá da mesma maneira como agiu na Galiléia e na Judéia. A Sua disposição hoje é a mesma daquele tempo. Ele foi então santo, justo, compassivo, manso e humilde, e não mudou. Ele é o mesmo onde quer que se encontre, quer à destra de Deus, quer na natureza de um discípulo verdadeiro. Ele foi amistoso, amoroso, dado à oração, amável, afeito à adoração, disposto ao sacrifício próprio enquanto andava entre os homens; não é razoável esperar que Ele seja o mesmo quando caminha nos homens?


Então, por que às vezes cristãos verdadeiros agem de maneira diversa da de Cristo?
Alguns supõem que quando um cristão professo deixa de mostrar a beleza moral de Cristo em sua vida, dá prova de que está enganado e, na verdade, não é um cristão real, de modo nenhum. Mas a explicação não é tão simples assim.


A verdade é que quando Cristo habita na nova natureza do crente, Ele enfrenta forte competição da velha natureza do crente. O conflito entre a velha natureza e a nova prossegue continuadamente na maioria dos crentes. Isso é aceito como inevitável, mas não é o que o Novo Testamento ensina. Um estudo de Romanos 6 a 8, estudo feito em oração, indica o caminho da vitória. Se deixarmos com Cristo o domínio completo, Ele viverá em nós como viveu na Galiléia.

Fonte: http://www.ortopraxia.com/

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