quinta-feira, 31 de março de 2011
As leis do perdão – Martyn Lloyd-Jones
Alguns dizem. . . «Não diz nosso Senhor: Se, porém, não perdoardes aos homens, tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas? E isso não é lei? Onde está a graça aí? Dizer-nos que se nós não perdoarmos não seremos perdoados, não é graça». Assim, parecem capazes de provar que o Sermão da Montanha não se aplica a nós. Mas se você disser isso, terá que tirar dos evangelhos quase todo o cristianismo. Lembre-se também que o Senhor ensinou exatamente a mesma coisa na parábola do credor incompassivo que ofendera a seu amo, parábola registrada na parte final do capítulo 18 do Evangelho segundo Mateus.
Esse homem procurou o seu amo e lhe rogou que o perdoasse; e este o perdoou. Mas o perdoado negou-se a perdoar um subalterno que lhe era devedor, resul¬tando disso que o seu senhor retirou-lhe o perdão e o puniu. Nosso Senhor comenta o caso: «Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão». O ensino é idêntico em ambos os casos. Mas esse ensino significa que eu sou perdoado somente porque perdoei? Não.
O ensino é — e devemos levá-lo a sério — que se eu não perdoar, não sou alguém que foi perdoado. . . o homem que se reconhece culpado, vil pecador perante Deus, sabe que sua única esperança do Céu reside no fato em que Deus o perdoou livremente. O homem que de fato vê, sabe e crê isto não é capaz de recusar perdão a outrem. Deste modo, aquele que não perdoa ao próximo não conhece o perdão como sua experiência pessoal. Se meu coração já foi quebrantado na presença de Deus, não posso negar-me a perdoar; e, portanto, digo a qualquer pessoa que credulamente imagina que seus pecados devem ser perdoados por Cristo, apesar de não ter perdoado a ninguém: «Cautela, amigo, para evitar que você acorde na eternidade e ouça dizer-lhe o Senhor: Aparta-te de mim; nunca te conheci» . . . Aquele que foi perdoado de verdade, e sabe disso, é alguém que perdoa. Esse é o significado do Sermão da Montanha sobre este particular.
Foge das paixões da mociedade - João Calvino
Foge, porém, das paixões da mocidade e vai após a justiça, a fé, o amor, a paz com aqueles que, com um coração puro, invocam o Senhor. (2 Tm 2.22)
Foge, porém, das paixões da mocidade. Isso se deduz do que acabara de dizer sobre as questões tolas e de sua repreensão dirigida a Himeneu e Fileto, cuja ambição e vã curiosidade os haviam desviado da fé genuína. Portanto, ele agora continua a exortar Timóteo para que fugisse de uma praga extremamente perigosa. E com esse propósito em vista, ele o aconselha a evitar as paixões da mocidade, querendo dizer com isso, não os pecados sexuais, ou outros desejos infames, ou algum daqueles hábitos licenciosos a que os jovens às vezes se entregam; mas, ao contrário, são aqueles sentimentos e impulsos impetuosos aos quais o excessivo entusiasmo juvenil faz os jovens se inclinarem.
Os jovens, em meio às controvérsias, se irritam muito mais depressa do que os de mais idade, se iram mais facilmente, cometem mais equívocos por falta de experiência e se precipitam com mais ousadia e temeridade. Daí ter Paulo boas razões para aconselhar a um jovem a precaver-se contra os erros próprios de sua idade, os quais, de outra forma, poderiam facilmente envolvê-lo em disputas inúteis.
Vai após a justiça. O apóstolo recomenda qualidades opostas com o fim de salvaguardar a mente de Timóteo de se deixar levar pelos excessos juvenis. E como se dissesse: "Eis aqui as coisas para as quais deves pôr toda a tua atenção e sobre as quais deves aplicar toda a tua diligência." Primeiro, ele menciona a justiça, ou seja, um correto modo de viver; e a seguir ele adiciona a fé e o amor, dos quais consiste tal modo de viver. A paz é em extremo relevante para o presente tema, pois aqueles que se deleitam nos questionamentos que o apóstolo proíbe são forçados a ser contenciosos e violentos.
Com aqueles que invocam o Senhor. Aqui, 'invocar o Senhor' é expresso através de sinédoque [a parte pelo todo] para o culto em geral; ou, é possível considerá-lo no sentido de "fazer profissão de fé". Visto, porém, que a invocação a Deus é a parte principal do culto divino, às vezes ela é expressa como sendo toda a religião ou todo o culto devido a Deus. Mas quando o apóstolo diz a Timóteo que buscasse a paz com todos os que invocam o Senhor, não fica claro se ele está incluindo todos os crentes como um exemplo a Timóteo, e dizendo-lhe que fosse em busca da paz como o fazem todos os verdadeiros adoradores de Deus, ou se ele está ordenando a Timóteo que cultivasse relações pacíficas com eles. A última interpretação me parece a mais adequada.
sábado, 26 de março de 2011
Como Vencer o Pecado
Em todos os períodos do meu ministério tenho encontrado muitos cristãos professos em lamentável estado de escravidão ao mundo, à carne ou ao diabo, pois o apóstolo diz claramente: “O pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e, sim, da graça.” Em toda a minha vida cristã tenho ficado penalizado ao encontrar tantos crentes vivendo na escravidão legalista descrita no capítulo sete de Romanos: uma vida de pecar, de resolver reformar-se e de cair novamente. E o que é particularmente entristecedor, e mesmo motivo de angústia, é que muitos pastores e cristãos proeminentes dão instrução inteiramente errônea sobre o assunto de como vencer o pecado. A orientação que, lamentavelmente, costuma ser dada sobre esse assunto, resume-se nisto: “Trata os teus pecados um por um, resolve abster-te deles, luta contra eles, com oração e jejum se for preciso, até vencê-los. Dispõe firmemente a tua vontade contra uma recaída no pecado, ora e luta, resolve não fraquejar e persiste nisso até que formes o hábito da obediência e quebres todos os teus hábitos pecaminosos”. É verdade que geralmente acrescentam: “Nessa luta, não deverás depender das tuas próprias forças, mas pedir o auxílio de Deus”.
Em uma palavra, grande parte do ensino, tanto do púlpito como da literatura evangélica, acaba dando nisto: a santificação é pelas obras, não pela fé. Noto que o Dr. Chalmers, nas suas preleções sobre Romanos, sustenta expressamente que a justificação é pela fé, mas a santificação é pelas obras. Há uns vinte e cinco anos, parece-me que um eminente professor de teologia da Nova Inglaterra sustentou praticamente a mesma doutrina. No início da minha vida cristã eu quase ia sendo enganado por uma das decisões do Presidente Edwards, que consistia mais ou menos nisto: quando ele caía em algum pecado, reconstruía a sua evolução até descobrir a origem, então lutava e orava com todas as forças contra esse pecado até subjugá-lo. Isso, como se vê, é dirigir a atenção ao ato patente do pecado, sua fonte ou ocasiões. Tomar a decisão e lutar contra o ato, faz-nos concentrar a atenção no pecado e sua fonte, desviando-a inteiramente de Cristo.
É essencial esclarecermos o quanto antes que todos os esforços dessa natureza são inúteis e não raro resultam em desilusão. Em primeiro lugar, é perder de vista o que realmente constitui o pecado, e, em segundo, abandonar a única maneira viável de evitá-Io. Desse modo poderá ser dominado e evitado o ato ou hábito exterior, enquanto que aquilo que realmente constitui o pecado permanece intacto. O pecado não é externo e sim interno. Não é movimento muscular, nem mesmo a volição causadora da ação muscular: não é um sentimento ou desejo involuntário. É um ato ou estado voluntário da mente.
O pecado é nada menos do que aquela escolha voluntária e fundamental, aquele estado de submissão ao agrado próprio, donde procedem às volições, as ações externas, os propósitos, as intenções, enfim todas as causas que são comumente chamadas de pecado. E contra que estamos agindo, quando tomamos resoluções e fazemos esforços para suprimir hábitos pecaminosos e formar outros, santos? “O amor é o cumprimento da lei.” Mas podemos induzir o amor por meio de decisões? As decisões eliminam o egoísmo? Claro que não. Podemos suprimir esta ou aquela manifestação ou expressão do egoísmo, resolvendo não fazer isto ou aquilo, orando e lutando contra o mal. Podemos resolver prestar obediência aos mandamentos de Deus. Mas arrancar do peito o egoísmo por meio de resoluções é um contra-senso. Assim também é contra-senso o esforço para conseguir, por meio de decisões, obedecer em espírito os mandamentos de Deus, amar conforme a lei de Deus.
Há muitos que sustentam que o pecado consiste nos desejos. Que seja! Dominamos por força de resoluções os nossos desejos? Poderemos, pela resolução, deixar de satisfazer determinado desejo. Poderemos fazer ainda mais, abstendo-nos de satisfazer o desejo em sua manifestação exterior. Isso, porém, não é assegurar o amor de Deus, que é o que constitui a obediência. Se nos tornássemos anacoretas, emparedando-nos em uma cela e crucificando todos os nossos desejos e apetites no que se refere à sua satisfação, apenas teríamos evitado certas formas de pecado, porém a raiz que realmente constitui o pecado não seria tocada. Nossa resolução não assegura o amor, a única verdadeira obediência a Deus. Todo o nosso batalhar contra a manifestação exterior do pecado à força das resoluções, apenas acabam tornando-nos sepulcros caiados. É inútil lutar contra o desejo, a poder de resoluções; pois tudo isso, por mais bem sucedido que seja o esforço para reprimir o pecado, quer na vida exterior quer no desejo interior, acabará em desilusão, pois a poder de resolução não podemos amar.
Todos os esforços dessa natureza para vencer o pecado são inúteis, e ainda em desacordo com a Bíblia. Esta ensina expressamente que o pecado é vencido pela fé em Cristo. Ele é “o caminho, a verdade e a vida”. Diz-se a respeito dos crentes que seus corações são “purificados pela fé” (At. 15.9). E em Atos 26.18 afirma-se que são santificados pela fé em Cristo. Em Romanos 9.31-32 lemos que os judeus não atingiram a justiça porque não a buscaram pela fé e, sim, pelas obras.
A doutrina da Bíblia é que, pela fé, Cristo salva o seu povo do pecado; que o Espírito de Cristo é recebido pela fé para habitar no coração. É a fé que opera pelo amor. O amor é operado e sustentado pela fé. Pela fé os crentes “vencem o mundo, a carne e o diabo”. É pela fé que se “apagam todos os dardos inflamados do maligno”. É pela fé que os crentes se “revestem do Senhor Jesus Cristo” e “se despem do velho homem com os seu feitos”. É pela fé que combatemos “o bom combate”, e não pelas resoluções. É pela fé que “ficamos em pé” e pelas resoluções é que caímos. Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. É pela fé que a carne é subjugada e conquistados os desejos carnais.
Na realidade é simplesmente pela fé que recebemos o Espírito de Cristo para operar em nós o querer e o efetuar segundo seu beneplácito. Ele derrama em nosso coração o seu próprio amor, acendendo assim o nosso. Toda vitória sobre o pecado vem pela fé em Cristo; e quando o pensamento se desvia de Cristo para as resoluções e as lutas contra o pecado, quer tenhamos consciência disso ou não, estamos agindo com nossas próprias forças, rejeitando o socorro de Cristo: estamos sob uma perigosa ilusão. Nada., senão a vida e energia do Espírito de Cristo dentro de nós, pode salvar-nos do pecado: e a confiança é a condição uniforme e universal da operação dessa energia salvadora dentro de nós.
Até quando esse fato continuará sendo ignorado, pelo menos na prática, pelos ensinadores da religião? Até que profundidade vai à raiz da presunção da justiça própria e da autodependência no coração do homem? É tão profunda que esta é uma das lições que o coração do homem mais custa a aprender: renunciar à autodependência e confiar inteiramente em Cristo. Quando abrirmos a porta para a confiança absoluta, ele entrará e fará conosco e em nós a sua morada. Inundamo-nos do seu amor. Ele faz toda a nossa alma reviver para senti-lo e. assim e somente assim, purifica o nosso coração pela fé. Ele sustenta nossa vontade na atitude de devoção. Ele aviva e regula nossos afetos, desejos, apetites e paixões, tornando-se a nossa santificação. Muito do que ouvimos em reuniões de oração e de conferência, do púlpito e da literatura, dá orientação tão errônea, que ouvir ou ler tais orientações se torna doloroso ao ponto de set quase insuportável. Isso só pode gerar ilusão, desânimo e a rejeição prática de Cristo conforme é apresentado no evangelho.
Ai da cegueira que “conduz à confusão” a alma que anseia a libertação do poder do pecado! Tenho escutado, às vezes, doutrinas legalistas sobre este assunto até sentir vontade de gritar. É simplesmente incrível ouvirmos de homens cristãos que fazem objeção ao ensino que tenho apresentado aqui, alegando que nos deixa em estado passivo, para sermos salvos sem atividade nossa. Que ignorância essa objeção revela! A Bíblia ensina que, pela confiança em Cristo, recebemos uma influência interior que estimula e dirige a nossa atividade; que pela fé recebemos sua influência purificadora no recôndito do nosso ser; que através da sua verdade revelada diretamente à alma, ele vivifica todo o nosso ser interior para ter a atitude de amor e obediência; e é esse o caminho, não havendo outro caminho prático, para vencermos o pecado.
Mas alguém poderá perguntar: “Não nos exorta o apóstolo assim: “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”? Então isso não é uma exortação para fazermos aquilo que nesse artigo estais condenando”? De maneira alguma. No verso 12 de Filipenses 2. Paulo diz: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”. Não há aqui nenhuma exortação a trabalhar por força de resolução, mas sim por meio da operação interior de Deus. Paulo os tinha ensinado, quando estava presente com eles: agora, na sua ausência, exorta-os a desenvolverem a salvação, não pela resolução, mas pela operação de Deus.
É precisamente essa a doutrina do presente folheto. Paulo ensinara muitas vezes à Igreja, que Cristo no coração é a nossa santificação, e que essa influência se recebe pela fé. Portanto, não iria agora ensinar que a nossa santificação deve ser desenvolvida mediante resoluções e esforços para reprimir hábitos pecaminosos e formar hábitos santos. De modo muito feliz esse passo da Escritura reconhece as duas agências, divina e humana, na obra da santificação. Deus opera em nós o querer e o realizar: nós aceitamos pela fé a sua operação queremos e efetuamos de acordo com a sua boa vontade.
A própria fé é um estado ativo e não passivo. A idéia de uma santidade passiva é um contra-senso. Que ninguém alegue que, ao exortarmos as pessoas a confiarem inteiramente em Cristo, estamos ensinando que alguém deva ou possa ser passivo ao receber em seu íntimo a influência divina e com ela cooperar. Essa influência é moral e não física. É persuasão e não força. Influencia a livre vontade e, por conseguinte, o faz pela verdade e não pela força. Oxalá, fosse compreendido que toda a vida espiritual, que houver em qualquer pessoa, é recebida de Cristo pela fé, como o ramo recebe da videira a sua vida. Abaixo com o evangelho das resoluções! É uma cilada de morte. Abaixo com o esforço para tornar a vida santa, quando o coração não tem em si o amor de Deus! Oxalá os homens aprendessem a olhar diretamente para Cristo pelo evangelho, e de tal modo a chegarem-se a ele mediante um ato de confiante amor, que ficassem envolvidos na simpatia universal do seu modo de pensar! Isso, e somente isso, é santificação.
A ação do Espírito Santo na vida da igreja
Referência: Zacarias 4.6
Sem a ação do Espírito Santo não haveria nenhum crente e nenhuma igreja existiria.
O Espírito Santo é quem aplica a obra de Cristo em nosso coração. Ele é quem gera vida: biológica e espiritual.
I. A NECESSIDADE DE SE ESTUDAR SOBRE O ESPÍRITO SANTO
O Credo Apostólico dá pouca ênfase ao Espírito Santo. Diz apenas: “Creio no Espírito Santo”, mas nada fala de seus atributos nem de suas obras.
No período dos pais da igreja e durante a Idade Média nenhum obra de vulto foi escrita sobre o Espírito Santo.
João Calvino foi chamado “o teólogo do Espírito Santo”. Ele teve uma visão orgânica da Pessoa e Obra do Espírito Santo, embora não tenha escrito nenhuma obra específica.
O puritano inglês, John Owen, maior teólogo da Inglaterra, escreveu uma obra clássica sobre o Espírito Santo.
Abraham Kuiper, teólogo, político e educador holades, escreveu uma obra de grande vulto sobre o Espírito Santo e disse: “Se os ministros não derem crédito à obra do Espírito Santo, darão pedra em vez de pão ao seu rebanho”.
John Stott diz que o maior problema da igreja hoje é a polarização. Uns distocem a doutrina do Espírito Santo; outros só falam dela. Outros, ainda, apagam o Espírito.
J. I. Packer, no seu livro Na Dinâmica do Espírito, falou que o Espírito Santo tem o ministério do holofote. Disse ele: “O Espírito age como um holofote oculto que focaliza a sua luz no Salvador, fazendo-o resplandecer. A mensagem do Espírito para nós nunca é: olhe para mim; escute-me; venha a mim; conheça-me; mas sempre é: olhe para Jesus e veja a sua glória; ouça-o e escute as suas palavras; vá a ele e tenha vida. Conheça-o e prove o seu dom de alegria e paz.
O Espírito é o aplicador da obra de Cristo. Sem o Espírito Santo a obra de Cristo não poderia nos valer. Ilustração: Uma pessoa pode morrer dentro de uma farmácia se o remédio eficaz para a sua cura não lhe for aplicado. A obra do Espírito Santo é tão importante como a obra de Cristo.
Hoje, quando se fala no Espírito Santo, quase só se pensa em dons, especialmente os dons de sinais. Não se pode restringir a ação do Espírtio Santo aos dons. Não somos apenas carismáticos, somos pneumáticos.
II. A NECESSIDADE DE SE REINFATIZAR A AUTORIDADE DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DA IGREJA
1. No século XVII surgiu um grande conflito: um grupo que depois foi cognominado de QUAKES afirmava que “nada importava a não ser a autoridade do Espírito; nada importava senão a luz interior, a experiência íntima”. As Escrituras não eram necessárias. Isso é um engano. “O Espírito Santo dirá tudo o que tiver ouvido…” (Jo 16:13). O Espírito Santo nos guia pela Palavra.
2. Mas há um outro extremo: É negligência acintosa à autoridade do Espírito Santo na vida da igreja. Na Igreja apostólica, eles diziam: “Pois parecebeu bem ao Espírito Santo e a nós…” (At 15:28). Hoje, as eleições conciliares, com algumas exceções, já são decididas na véspera. Cada voto é disputasdo, é computadorizado. A oração pedindo a direção do Espírito é uma afronta à soberania do Espírito.
3. Quais as razões dessa negligência?
a) Nos meados do século XIX aconteceram grandes reavivamentos na Inglaterra, País de Gales, Escócia, Irlanda e Estados Unidos. As pessoas eram sensíveis ao Espírito Santo. As pessoas não estavam preocupadas consigo mesmas, ou com posição ou dignidade.
A idéia do culto solene – Logo depois, introduziu-se outra idéia e as pessoas começaram a falar acerca de um culto solene – a ênfase era a capacidade intelectual do pastor, mais importante do que sua consagração e enchimento do Espírito.
O medo do entusiasmo – O medo de cairmos no exagero e excesso de alguns segmentos evangélicos, levaram-nos ao medo das emoções. Não há cristianismo sem emoção. Vemos na Bíblia o choro pelo pecado. A alegria indizível e cheia de glória. Quem compreende a verdade e não se emociona nunca entendeu a verdade. J. I. Packer no seu livro Na Dinâmica do Espírito fala que não há nada mais solene do que um cadáver. Mas, ele está morto.
O medo do Espírito Santo – NO SPS quando os seminaristas se reuniam para orar eram vigiados com medo que se tornassem pentecostais. Dr. Oto Guanães Dourado disse que recebemos uma herança anti-pentecostal, anti-espiritual e anti-Espírito Santo.
Só o conhecimento da teologia não basta – Temos uma doutrina maravilhosa, mas se não for banhada pelo óleo do Espírito, tornamo-nos com a igreja de Éfeso, ortodoxa, operosa, mas sem amor.
4. Os esforços da igreja para recuperar a autoridade:
A igreja tem consciência de que lhe falta algo. Essa falta não está em Deus, na Palavra, mas em nós. A igreja fala de poder, mas não tem poder.
a) A Palavra de Deus era a verdade na boca de Elias. Na boca de muita gente a Palavra de Deus não tem o poder da verdade.
b) O bordão profético na mão do Geazi não teve poder para ressuscitar o menino morto, mas na mão de Eliseu sim.
4.1. No final do século XVII e começo do século XVIII a igreja começou a sentir que estava perdendo sua autoridade:
Decidiram então FUNDAR UMA NOVA SÉRIE DE PRELEÇÕES. O objetivo dessas conferências era: defender a fé cristã e produzir um sistema de argumentos e apologética em defesa da fé.
Mas, não foram as preleções de BOYLE, nem as obras de BUTLER que restabeleceram a posição da igreja e restauraram a sua antiga autoridade. Foi através do Espírito Santo na vida de George Whitefield e John Wesley na Inglaterra e Jonathan Edwards, nos Estados Unidos. O que as preleções não puderam fazer o Espírito Santo fez.
4.2. No início do século XIX, a igreja sentiu mais uma vez a perda do poder. O que fazer?
Conferir mais autoridade ao pregador. Afastá-lo mais das pessoas. Precisa investí-lo de uma aura de autoridade. O pregador deverá vestir-se de uma maneria diferente. Puxaram-no para um lugar mais alto, o altar. Assim as pessoas o escutariam.
Mas o poder não veio por este canal. Veio quando o Espírito Santo foi derramado em 1857 na América. Foi Deus intervindo com o seu Espírito e não as tentativas dos homens que reergueram a igreja.
Hoje estamos a perguntar: como podemos atingir as massas que estão lá fora? Como causar impacto? Publicidade? Propaganda? Preocupação social mais ativa? Fazer mais uso do rádio e TV. O método de Deus é o mesmo: através do poder do seu Espírito.
III. A NECESIDADE DE SE CONHECER O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DA IGREJA
1. O Espírito Santo é quem nos convence de pecado (Jo 16:9)
Não há arrependimento sem a ação do Espírito Santo.
Tem havido pouca convicção de pecado em nosso meio. Falta lágrimas de arrependimento. Falta tristeza pelo pecado.
Há muito ajuntamento e pouco quebrantamento. As pessoas não gostam de ser confrontadas. Exemplo: Prega sobre os judeus, não há nenhum aqui.
Evan Roberts: Senhor, dobra a minha vida.
2. O Espírito Santo é quem nos regenera (Jo 3:5,8; Tt 3:5; Ez 37)
O Espírito Santo é livre – Ele sopra aonde quer. O Espírito Santo onde jamais sopraríamos. Ele apanha as coisas loucas para envergonhar as fortes. Exemplo: O colportor do Rio que foi convertido em Bangu I lendo um dos meus livros.
O Espírito Santo é soberano – Ninguém pode deter o vento. Ele chama e chama irresistivelmente. O Espírito Santo dirige, fala, escolhe, separa.
O Espírito Santo é incompreensível – Não sabes de onde vem nem para onde vai. Ele não pode ser domesticado, controlado.
O Espírito Santo é sobrenatural – O homem não pode soprá-lo nem produzí-lo. “O que é nascido da carne é carne”. O homem não pode mudar a si mesmo.
3. O Espírito Santo é quem nos santifica – (Lc 3:3-6; 2 Ts 2:13; 1 Co 6:11; Ef 1:4).
O Espírito Santo nos transforma. Não é reforma, apenas uma caiação, um verniz.
Stanley Jones diz que o maior inimigo do cristianismo é o subcristianismo.
Maratma Gandi disse: “No vosso Cristo eu creio, eu só não creio no vosso cristianismo”.
Estamos desesperadamente precisando de santificação. Os crentes estão vivendo como aqueles que não conhecem a Deus: no lar, nos negócios, no lazer.
4. O Espírito Santo transforma o nosso corpo em santuário e habitação de Deus (1 Co 6:19).
Êxodo 25:8 diz que Deus fez um santuário para habitar no meio do povo.
Esse santuário foi feito de acácia. Depois corpo de ouro. Lá estava a arca da aliança onde a glória de Deus se manifestava. Onde ia o santuário, ia transportando a presença de Deus. Deus habita em nós. Onde você vai, você vai transportando a presença de Deus.
Seu corpo é um templo. Sua vida um culto. Suas ações uma liturgia.
5. O Espírito Santo é o nosso intercessor espiritual (Rm 8:26-27)
O Espírito Santo nos assiste em nossa fraqueza. Temos fraquezas. A força não vem de dentro, mas do alto. Ele não nos escorraça porque somos fracos, mas nos assiste.
O Espírito intercede por nós: 1) Intensamente; 2) Agonicamente; 3) Eficazmente.
6. O Espírito Santo é quem nos dá vitória sobre o pecado (Gl 5:16,24)
Só mediante a força, o poder do Espírito Santo pode crucificar a carne com suas paixões e desejos. Só quando somos cheios do Espírito Santo podemos vencer o pecado que tenazmente nos assedia.
Se alimentamos o Espírito, vencemos. Exemplo: o cão preto e o cão branco.
7. O Espírito Santo é a fonte da vida abundante (Jo 7:37-39)
Deus tem para nós uma fonte que jorra para a vida eterna.
Jesus falou de rios de água viva que fluem do nosso interior.
Dwight Limman Moody e sua experiência de plenitude.
Os crentes que foram cheios do Espírito Santo no Pentecoste viveram uma vida superlativa, abundante: oração, Palavra, comunhão, testemunho.
8. O Espírito Santo é a garantia da nossa Salvação (Ef 1:13-14)
O Espírito é o selo: Propriedade + Inviolabilidade + Autenticidade.
O Espírito é o penhor: garantia + anel de noivado.
9. O Espírito Santo é quem nos dá poder (Lc 3:16; 3:21-22; 4:1; 4:14; 4:17-18; 24:49; At 1:3-5,8; 2:4; 4:8; 4:31; 1 Co 2:3-5; 1 Ts 1:5)
Jesus não abriu mão do poder.
A igreja apostólica não abriu mão do poder. Os discípulos já eram regenerados. Eles já possuíam o Espírito Santo, mas eles não estavam cheios do Espírito Santo. Eles precisavam ser revestidos com o poder do Espírito Santo.
Nós, que cremos, também temos o Espírito Santo, mas precisamos do revestimento do poder para testemunhar, para viver, para morrer, para perdoar, para fazer a obra (Zc 4:6).
A ordem de Deus é: enchei-vos do Espírito: Imperativo + Plural + Voz Passiva + Presente Contínuo.
CONCLUSÃO
Conclamo a nossa igreja a honrarmos o Espírito Santo.
Temos pecado contra o Espírito:
a) Temos entristecido o Espírito – quando o desobedecemos, quando não seguimos sua direção, quando quebramos a comunhão, quando proferimos palavras torpes.
b) Temos apagado o Espírito – quando tiramos o combustível que o alimenta: Palavra, oração.
Conclamo a igreja a vivermos no Espírito, a andarmos no Espírito, a seguirmos a direção do Espírito, a exercermos os dons do Espírito, a produzirmos o fruto do Espírito, a sermos cheios do Espírito, a sermos reavivados pelo poder do Espírito! Amém!
domingo, 20 de março de 2011
Igrejas e franquias
Durante anos venho postando neste site opiniões a respeito do espírito denominacional que opera em igrejas que dizem ser indenominacionais, ou apenas igrejas locais.
Tenho profunda admiração por pastores que trabalham em denominações, mas não são denominacionais em seus corações. Conheço muitos pastores que pastoreiam igrejas históricas e pentecostais, e no entanto, têm uma visão de igreja que vai além do que creem seus líderes denominacionais. São homens de Deus que estão em denominações e não são denominacionais em seus corações. E sabem que estão na igreja!
Contrastando com esses, conheço muitos outros que são pastores de igrejas locais e têm um coração mais denominacional do que aqueles que estão em igrejas históricas ou pentecostais. Preciso esclarecer que tais líderes possuem uma visão de igreja e acreditam que alcançaram tal maturidade que se consideram seres espirituais superiores e não suportam conviver com os demais pastores de sua cidade.
O que vou abordar aqui, no entanto é mais sério que isto. Líderes de igrejas que declaram orgulhosamente que não são denominacionais, afirmando que seguem o princípio bíblico da igreja da localidade; e dizendo que suas igrejas locais têm presbitérios plurais, e que estão ligados em “cobertura” nacional ou internacional com alguma liderança. São igrejas que não tem nome ou que se intitulam apenas em seus sites e blogs como “igreja da cidade tal”. Isso mesmo, esses amados irmãos se declaram líderes da igreja da cidade, porque não querem ter nome algum que os identifique como denominação. Dizem que, quando se tem um nome, faz-se da congregação local, uma denominação. Sim, temem que tendo um nome sejam tidos por denominacionais.
E, na verdade, não tendo nome, são mais denominacionais em seu espírito do que pastores que trabalham numa denominação. Por isso, não possuem nome, nem local fixo de reunião, e os irmãos se reúnem sob a bandeira de que “somos a igreja da cidade”. Antes esse título era propriedade dos irmãos chineses ligados ao ministério de Witness Lee, já falecido; agora, o título é também propriedade desses novos irmãos, apóstolos.
Essas novas denominações que usam para si o adjetivo de “igreja local”, ou “igreja da cidade tal”, com poucas exceções estão ligadas a algum tipo de liderança estadual ou nacional que lhes dá cobertura espiritual. Não são apóstolos com título, mas são tidos por seus seguidores como apóstolos da igreja. Este é o modelo que escolheram, não fosse um quesito a mais: Os líderes nacionais recebem dinheiro de todas as igrejas espalhadas no país; seja através de quotas financeiras mensais proporcionais às entradas financeiras do grupo – geralmente de 10 a 30 por cento – ou quotas mensais fixas.
Venho observando duas coisas com esse tipo de liderança neo-apostólica:
1. Um estilo de vida marcante e nababesco nas cidades onde residem e onde mantêm sua sede.
2. Um estilo de vida mundano sob a capa da espiritualidade e da visão que Deus lhes deu da igreja.
Geralmente esses apóstolos ou coberturas, com a desculpa de que estão fazendo a obra de Deus, vivem bem abastados financeiramente, morando em belíssimas coberturas ou em condomínios de luxo, viajando constantemente para o exterior para atender um núcleo de vinte pessoas em uma cidade qualquer do Brasil, dos Estados Unidos, da Europa ou da Ásia, geralmente o Japão. Os brasileiros que vivem no exterior e que fazem parte das igrejas desses líderes cooperam financeiramente com grandes somas, o que dá um status maior ainda ao suposto apóstolo. Viajam constantemente para o exterior com a desculpa de que vão atender as igrejas, mas, na realidade para satisfazer a sanha da riqueza e da fortuna. Nem é preciso dizer que costumam ter amizade, apenas com pessoas ricas de sua comunidade ou das igrejas que vivem debaixo de sua franquia.
O estilo de vida mundano – totalmente diferente da cultura evangélica – é outra de suas marcas. Só frequentam os melhores restaurantes, não aceitam viajar em empresas que não lhes ofereça vantagens e bebem, comem e – pasmem! Até puxam uma cigarrilha, porque, com isto, pretendem mostrar que não são evangélicos nem cristãos, nomes tão pejorativos hoje em dia, mas apenas discípulos de Cristo!
Li relatos de que numa ocasião gastaram num almoço o equivalente ao preço de dois fuscas usados; de que esses apóstolos bebem tanto uísque – e preferem só os mais famosos, cerveja e vinho que foram observados em várias ocasiões pregando bêbados! Sim, são os novos apóstolos da igreja. Mas, ninguém lhes repreende, por que, quem ousaria falar alguma coisa a essas autoridades espirituais?
Esses novos líderes da igreja – que recusam ser evangélicos ou cristãos – e sim discípulos, mantêm uma estrutura de governo autoritária, a que chamam de autoridade espiritual. E por serem líderes espirituais, com autoridade espiritual determinam o que a igreja de cada cidade deve fazer, viver e doar financeiramente. São igrejas que não tem “estatuto” porque o estatuto é a Bíblia. Ou pior: O estatuto está na cabeça deles, e, portanto, podem mudar de ideia a respeito de qualquer coisa, porque eles são os iluminados de Deus, ou reformistas da igreja.
As igrejas locais que eles supervisionam são, na realidade, pequenas franquias. Não uma franquia de nome, nada disso. São franquias no sentido de que naquele pequeno grupo de discípulos todos devem pensar e viver conforme pensam e vivem seus líderes nacionais. Neste sentido desrespeitam o princípio magno de que a igreja da localidade deveria ser autônoma. E são franquias porque o grupo de discípulos da cidade tem de enviar os lucros para seus “apóstolos”. Esses líderes que afirmam não serem denominacionais, são os piores denominacionais que conheço!
Certa ocasião fui convidado pelo conselho de pastores de uma cidade para uma conferência. Pastores de todas as igrejas da cidade uniram-se para fazer a conferência levando-me até lá para lhes ministrar. Você acha que esses discípulos – que eu conhecia e sabia que viviam naquela cidade – participaram? Nada disso. Isso se repetiu três vezes. É esse espírito de divisão denominacional que faz desses grupos a pior das denominações, inda que continuem afirmando que não são denominações, mas igreja da cidade.
E estes novos apóstolos se consideram os novos reformadores da igreja – mas, não são reformadores nem mesmo da denominação que controlam com mão de ferro. E o que é pior, tais líderes costumam criticar as denominações, esquecendo que as principais denominações desse país operam nas vilas e bairros pobres, atendendo os necessitados, enquanto esses novos apóstolos vivem no luxo e na riqueza e seus “discípulos” nada conseguem fazer nas vilas e áreas pobres de sua cidade, afinal, o dinheiro tem que ir pras suas lideranças!
E existem vários centros operacionais desses novos apóstolos no Brasil, do Sul ao Norte, do Nordeste ao Centro Oeste. Estes novos apóstolos e presbíteros criticam os bispos e apóstolos das igrejas neopentecostais, mas vivem o mesmo estilo de vida destes. São líderes opressores, autoritários, que lideram com mão de ferro suas franquias espalhadas por todo o país e pelo exterior.
Que Deus tenha misericórdia desses novos apóstolos da igreja, e também de seus discípulos marionetes!
Se você é um verdadeiro apóstolo, nem seu preocupe com a crítica.
Continue a fazer a obra de Deus e a supervisionar a igreja de Jesus Cristo. Não se espelhe nos maus exemplos!
O homem que Deus usa
Tenho procurado conhecer as qualidades necessárias ao homem que Deus usa no serviço cristão e, até agora, tenho descoberto que há oito pontos essenciais. No entanto, estou absolutamente convencido de que qualquer homem que esteja disposto a pagar o preço pode ser usado por Deus, apesar da riqueza ou pobreza dos seus talentos e dons. Não talvez na medida de algumas outras pessoas, mas certamente na medida de sua capacidade, e se alguém não for usado a culpa é dele mesmo.
É possível que o preço seja grande. Deus não revela sempre no começo da caminhada o tamanho do preço a ser pago, mas quando chegamos ao ponto de estarmos dispostos para qualquer sacrifício, Deus começa a nos usar.
Eu me lembro muito bem de como andava de um lado para o outro no meu quarto exclamando: “Oh, Deus, usa-me, custe o que custar! Alegremente pagarei qualquer preço a fim de ser usado por Ti”. Estará você disposto a pagar o preço?
1. O HOMEM QUE DEUS USA TEM SÓ UM PROPÓSITO NA VIDA
Um coração dividido nunca pode ficar completamente satisfeito. O homem com interesses variados raramente fará sucesso em qualquer ramo. Quem quer ter sucesso no comércio deve dedicar a maior parte do seu tempo e o melhor esforço da sua mente ao seu negócio.
Um homem que passar uma parte do seu tempo no escritório e a outra na mesa do jogo, com certeza fracassará. Se as suas afeições forem consagradas uma parte à sua esposa e a outra parte a outra mulher, a vida matrimonial terminará em desastre. Nenhum homem pode estar satisfeito se não ocupa o primeiro lugar no coração da sua esposa.
O mesmo se observa com o homem que quer ser usado por Deus, mas num grau muito maior. A obra de Deus merece atenção integral. Não deve haver lugar para outras preocupações.
Paulo era um homem de “um propósito”. “Uma coisa faço”, disse ele. Isto era o segredo do seu sucesso. Tinha no seu coração uma grande paixão, a de tornar conhecido o Evangelho, e se entregou plenamente a este trabalho.
Escrevendo a Timóteo, deu-lhe este conselho:
“Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu progresso seja manifesto a todos” (1 Timóteo 4:15).
A grande dificuldade é que os homens hoje estão interessados em muitas coisas para serem usados por Deus. Tenho conhecido estudantes cujo interesse era tão dividido entre os seus estudos e as suas namoradas que suas vidas não causavam boa impressão a ninguém. Devo dizer que nenhum moço pode ser poderosamente usado por Deus se ele continuamente se ocupa com namoros.
Conheço alguns ministros que dão uma parte do tempo ao comércio. Não consagram todo o seu tempo à obra do ministério. Antes de entrar no ministério comprei um lote de terreno para com ele negociar, mas depois da minha ordenação ao ministério, vendi-o o mais cedo possível, para que pudesse ser inteiramente livre e me dedicar ao trabalho de Deus.
Não estou dizendo que não pode haver outros interesses na vida. Apenas insisto para que esses interesses sejam somente os indispensáveis, e acima de tudo que sejam considerados secundários, a fim de que Deus e os seus trabalhos tenham prioridade e constituam o grande propósito da vida.
2. HOMEM QUE DEUS USA É UM HOMEM LIVRE DE IMPEDIMENTOS
Ninguém precisa dizer-me o que o impede de ser usado por Deus. O Senhor sabe e a pessoa também. Ele precisa tratar isso com Deus. Pode ser somente um impedimento ou pode ser um pecado definido, possivelmente impureza de pensamento, palavras ou ações. Ainda pode ser ciúme, malícia, avareza, incredulidade ou interesse próprio de uma forma ou de outra. É possível que seja o uso do fumo. Seja qual for, é necessário que seja removido antes de poder ser usado por Deus.
Lembremo-nos de que Acã causou o fracasso de Israel. Haverá um Acã no seu coração, alguma coisa escondida atrás da porta, um pecado que ninguém vê a não ser Deus? O povo julga que você é o que parece ser. Mas será que realmente o conhece? Ousa você abrir a cortina para que possam vê-lo como é? (Isaías 59:1-2).
3. O HOMEM QUE DEUS USA É UM HOMEM QUE SE COLOCA ABSOLUTAMENTE À DISPOSIÇÃO DE DEUS
Às vezes procedemos como se tivéssemos medo de Deus, medo de dar-lhe controle pleno de nossas vidas. Que poderia fazer o oleiro se o barro recusasse render-se? Que poderia fazer o médico se o doente recusasse confiar nele? Que valor tem o soldado insubordinado?
“O que anda em caminho reto, esse me servirá” (Salmo 101:6).
4. O HOMEM QUE DEUS USA É UM HOMEM QUE SABE PREVALECER EM ORAÇÃO
Os homens grandemente usados por Deus eram poderosos em oração. Pelas suas biografias se descobre que o desejo de oração predominava. Jacó exclamou:
“Não te deixarei ir, se não me abençoares.”
Deus respondeu:
“… lutaste com Deus e com os homens, e prevaleces-te”.
Jesus, em meio às suas grandes atividades, retirava-se do meio da multidão à procura de um lugar deserto para orar; às vezes passava noites inteiras só com o Pai, orando com tanto fervor de Espírito que o seu suor era como sangue. Esta é a história de todos os homens usados por Deus. Você está disposto a pagar o preço?
O homem pode ser maravilhosamente preparado e habilitado para o serviço de Deus, mas se não tiver aprendido a prevalecer em oração não pode esperar a bênção de Deus no seu trabalho. Quero enfatizar a necessidade de cada um retirar-se para um lugar secreto a fim de prevalecer em oração, a oração que alcança o que se busca. Precisamos orar eficazmente e receber a resposta. Que possamos experimentar uma vida de oração semelhante a de homens como Fransell, Ostoby, Carvasso, John Smith e Finney!
5. O HOMEM QUE DEUS USA É UM HOMEM ESTUDIOSO DAS ESCRITURAS SAGRADAS
A Palavra de Deus é nossa arma. Como pode alguém usá-la eficazmente sem uma fé inabalável no seu poder? É a única fonte de informação para o crente. Somente o homem que estuda intensa e diariamente a Palavra de Deus pode manejá-la como Deus quer. Você crê que o texto acerca do qual prega é a Palavra de Deus viva? E tem certeza de que não voltará vazia? Deus não pode usar o homem que duvida da sua Palavra.
6. O HOMEM QUE DEUS USA É UM HOMEM QUE TEM UMA MENSAGEM VIVA E EFICAZ PARA O MUNDO PERDIDO
Você espera ir a uma terra estrangeira? Muito bem, o que vai dizer ao povo? Você tem uma mensagem? Por que você vai?
Se a sua missão é meramente o serviço social, educação religiosa ou reforma política, será melhor que fique em casa e deixe o serviço para os peritos em serviços sociais, para os professores, os médicos e os reformadores. Se a sua missão for levar a civilização ocidental ou meramente a religião cristã aos pagãos, será melhor deixar que os agentes do governo o façam.
Não! Há somente uma mensagem de bastante importância para tirar-nos de nossos lares confortáveis, levar-nos através do mar e dos ares, e colocar-nos no meio da perseguição, das zombarias, dos sacrifícios e grandes saudades, e esta mensagem é:
“Cristo morreu por nossos pecados” e, “… Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Esta é a mensagem da cruz. Nada menos será suficiente. “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”.
O resto é da competência do Estado. Mas que mensagem tem você para a própria Pátria? Por que está entrando no ministério? Se quer oferecer apenas divertimento ao povo deve deixá-lo aos teatros porque eles o farão melhor do que você. Se a sua missão é educar o povo, será melhor aconselhá-lo a ler os livros de Carlyle, Emerson, Browning e Shakespeare. Assim as despesas serão menores e o povo escapará do transtorno de assistir reuniões em tempos difíceis. Além disto, o povo poderá adquirir o gosto pela poesia em clubes organizados para esse fim. Os que querem apenas encantar com oratória ou grandes composições musicais, poderão conseguir isto melhor em salões de concertos, pois, em nada somos melhores do que os outros. Meu irmão, o seu trabalho é de bem maior importância do que isto! A mais alta, mais gloriosa e mais importante vocação é a sua. Outras pessoas têm suas vocações individuais mas a sua abrange a todas, porque tem que tratar com todas as classes em todas as condições. E você não terá tempo para discussões e controvérsias. A mensagem é a que Deus lhe mandou entregar, a mensagem de vida e morte, e você terá de dar conta da sua mordomia. Quem dera que você reconhecesse a grandeza da sua tarefa!
Não estamos no púlpito para agradar e divertir, nem tampouco para nos exibir. O artista que canta para demonstrar o seu talento será louvado por sua capacidade, pela harmonia da voz, mas o mensageiro que leva uma mensagem, será esquecido por causa das suas mensagens. Meu irmão, o que os homens pensam de nós? Será que dizem: “Que sermão!”? ou “Que grande Cristo! Que Salvador maravilhoso!”?
Lembre-se que nós representamos a Jesus, isto quer dizer que devemos agir com grande sinceridade, porque a alguns a nossa mensagem será para vida e a outros para a morte.
Um grande artista uma vez explicou a diferença entre o ator e o ministro, dizendo: “O clero fala das coisas reais como se não fossem reais, enquanto que o ator fala de coisas não reais como se fossem reais”.
Escute, meu amigo: Se você está firmemente convencido de que “todos pecaram” e que estão perdidos, e que Jesus Cristo é o único Salvador, e sair para proclamar esta mensagem, Deus será com você; e eu lhe asseguro: o seu ministério será glorioso.
Então permita-me perguntar mais uma vez: Você tem uma mensagem honrada pelo Espírito Santo? Ele convence do pecado quando você prega? A sua pregação salva as almas e edifica os crentes? Está proclamando sermões humanos ou mensagens dadas por Deus? Se a sua mensagem é do Espírito Santo não precisa envergonhar-se. Milhares se têm congregado para ouvir essa mensagem durante todos os séculos, e milhares ainda o farão. Multidões têm ficado comovidas pelo Evangelho simples e muitos ainda ficarão. Não há necessidade de se ter medo. Vá então, confiando no poder do Senhor.
7. O HOMEM QUE DEUS USA É UM HOMEM DE FÉ, QUE ESPERA RESULTADOS
O nosso maior erro é que não esperamos que algo aconteça. Não estamos esperando resultados. Estamos contentes por continuar na mesma formalidade, e se uma alma angustiosa clamasse: “O que farei para me salvar?”, ficaríamos estupefatos.
Nunca pude ficar contente em ver tudo acontecer como de costume. Se nada diferente acontece, sinto que tenho falhado. Tenho sempre esperado o extraordinário, e nisto não tenho sido desapontado.
Lembro-me do jovem pregador que se aproximou do Rev. Spurgeon, desanimado porque não estava vendo resultados em seu trabalho evangelístico.
Então, você quer dizer-me — exclamou Spurgeon —, que espera resultados cada vez que prega?
Bem, não — respondeu o jovem um pouco acanhado.
Então é por isso que você não vê o que deseja — replicou o grande homem de Deus.
Tenho notado que os homens que jogam futebol não chutam a bola de qualquer maneira, mas procuram acertar o gol, e assim acontece com outros desportistas. E, graças a Deus, podemos também procurar acertar um alvo definido.
Nunca vi uma corrida em que os homens corressem em todas as direções. Eles sempre tinham um objetivo em vista, e corriam para um ponto determinado. E nós também participamos de uma corrida, mas nossa corrida, graças a Deus, tem como alvo a salvação de almas.
Quando o advogado está tratando de uma causa, ele não procura meramente agradar. Ele procura uma decisão favorável para o seu cliente. E, louvado seja Deus, nós estamos também procurando uma decisão. Portanto, não devemos ficar satisfeitos com uma só.
No concurso de tiro cada participante atira ao alvo. Nós temos um alvo. Estamos acertando-o?
Durante a Segunda Guerra Mundial havia reuniões para recrutamento de homens, não para diversão, mas para se obter recrutas. E sem esses resultados as reuniões seriam rebeldes. Será que nós estamos procurando recrutas para o nosso Rei. E será que estamos esperando consegui-los? Tenhamos fé para alcançar resultados definidos.
8. O HOMEM QUE DEUS USA É UM HOMEM QUE TRABALHA COM A UNÇÃO DO ESPÍRITO SANTO.
“Envio sobre vós a promessa de meu Pai; mas ficai na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder”.
“Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos”.
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.
E nunca sequer pensaram em ser testemunhas sem aquele poder.
Leia as biografias dos homens de Deus e você descobrirá que cada um buscou e recebeu este revestimento de poder lá do alto. Uma pregação feita na unção do Espírito Santo vale mais que mil na energia da carne.
Este, então, é o homem que Deus usa. Tem um só propósito na vida. Está livre de todos os impedimentos. Coloca-se inteiramente ao dispor de Deus. Sabe prevalecer em oração. É um estudioso da palavra de Deus. Ele tem uma mensagem vital para o mundo perdido. Espera resultados definidos e trabalha com a unção do Espírito Santo. Oh! meu irmão, busquemos estas oito qualificações a fim de que Deus nos possa usar da melhor maneira possível. Então nosso ministério será verdadeiramente glorioso.
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