sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A navalha na carne

Por UBIRAJARA CRESPO

A lei da causa e efeito cabe como uma luva em nossas relações interpessoais. Uma ação nossa provoca uma reação no outro. É dando que se recebe, mas se der para receber, atrairá "amigos" que só investem em quem pode dar retorno, assim como você fez com ele.
Da mesma forma, este efeito bumerangue também funciona em nosso relacionamento com Deus, onde tudo o que vai, volta.
O Pai, porém, não nos devolve o mal na mesma proporção, pois seríamos totalmente consumidos. A sua resposta não é destemperada nem a sua abordagem interesseira, mas justa.
Um justo não faz vista grossa para o erro, pois o salário do pecado ainda é a morte. Ele mostra o mal e avisa a respeito das consequências.
O Pai joga areia na fonte do mal e corta o seu abastecimento:
"Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria" (Cl 3.5).
Esta fonte produz material para a construção de um altar para a adoração de si mesmo, a mais nefasta forma de idolatria já inventada.
O hedonista visa somente a satisfação pessoal, mesmo que dure apenas um momento ou que alguém pague um alto custo por ele.
A Egolatria nos aproxima de pessoas com potencial para nos dar prazer, posição e dinheiro.
Me aproximo da moça porque é bonita, do empresário porque tem dinheiro e do político porque faz indicações.
O desejo maligno assume várias formas neste altar, provocando a ira de Deus.
Nele está a fonte geradora de problemas duráveis e eternos. "...por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência]".
Não se deixe enganar por quem ensina que seu algoz é o diabo e transfere para ele a responsabilidade de seus problemas.
Se durante uma batalha espiritual, fizer dele o seu alvo principal, desperdiçará munição.
Mire no seu próprio pé, a carne é a fonte que precisa secar.
Se não a balançarmos diante do olhar faminto do inimigo, ele não terá onde jogar os seus dardos.
Vamos terminar esta conversa como Paulo introduziu o assunto, dando a razão pela qual devemos suprimir a nossa natureza carnal:

"Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória" (Cl 3.4).

A luz produzida por Cristo, durante a sua manifestação, será tão intensa que nada ficará sem ser revelado.
Inclusive nós e a verdade a nosso respeito. Estaremos todos debaixo deste holofote. Até aquilo que escondemos debaixo do tapete se manifestará.
Podemos jogar tudo a sujeira debaixo de cobertas costuradas com linguagem Gospel e lacinhos litúrgicos.
A caca vai ser jogada no ventilador.
Para que a nossa natureza terrena não seja denunciada não adianta disfarçá-la, só matando, só enterrando.
Somente debaixo de muitos palmos de terra a carne não se manifestará.

Nenhum comentário: