sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O problema não é a unção, mas a noção! - Bruno dos Santos


O problema não é a unção, mas a noção!

Um levantamento feito pela organização Global Action (www.globalaction.com), concluiu que 62% dos pastores não possuem um treinamento formal, e a grande maioria deles, têm um nível escolar menor do que o 6º ano do ensino fundamental. O problema é que uma pesquisa feita pela mesma organização, também concluiu que mais de 79% de cristãos ocidentais não arriscaria fazer parte de uma igreja em que o pastor não tivesse o mínimo de qualificação educacional. Aliás, este tem sido um dos fatores predominantes no êxodo de evangélicos para outras religiões. Estes dados crescem a cada ano.
Esta notícia é uma estatística que revela um sintoma crescente no meio evangélico, a igreja denominada cristã, adoece por conta da falta de noção de muitos que se chamam cristãos. Falta-nos a vontade de sermos razoáveis com os nossos limites e convicções. Temos dificuldade em admitir nossos erros e exageros, e por isso ficamos estigmatizados e ridicularizados. Não adianta nos escondermos por detrás de uma “pretensa perseguição”, sejam de demônios, sejam de pessoas. O fato é que muitos evangélicos por não compreenderam a “unção”, erram na noção, e deixam marcas contrários ao Cristianismo na sociedade.
Cultos exageradamente místicos, como se Deus nos excluísse da realidade existencial e nos fizesse viver na “espíritosfera”. Crentes que conhecem mais o Diabo, a ira de Deus e o Inferno, e jamais revelam o amor de Deus, nem nas atitudes, nem nas palavras. Gente que cria uma verdadeira disputa ministerial, proclamando mais o ministério do que o Reino de Deus. Pessoas convertidas à homens, e não ao Evangelho de Cristo. Verdadeiros exércitos de séquitos, liderados por lobos vorazes e líderes que rejeitam a verdade e o amor, se apoiando em experiências que revelam mais o coração dele, do que o verdadeiro trabalho do Espírito. Tudo isso junto, é o que a Bíblia chama de joio.
Mas na verdade o problema não é esse joio crescendo no meio da igreja, Jesus nos advertiu a esse respeito (Mt 13:24-30). O problema é a falta de ação de quem é trigo, de quem é luz, de quem é imagem e semelhança de Cristo. Precisamos fazer mais, ir além, quebrar estes paradigmas e sair da zona de reclamação e conforto de nossas igrejas, interagindo mais do fazem os que são joio. Acreditamos que a simples reclamação e apontamento dos erros é suficiente para mudar um quadro. Mas isso é um erro, Jesus não apenas reclamou, ele interagiu com o povo e lutou contra o espírito de religiosidade de sua época. É isso que precisamos fazer, e por isso concluo dizendo: O nosso problema não é a unção, mas a noção!
Fonte: http://www.guiame.com.br/

Dar dinheiro na igreja - Ed René Kivitz


Dar dinheiro na igreja

Dar dinheiro na igreja tem sido uma prática cada vez mais questionada. Certamente em virtude dos abusos de lideranças religiosas de caráter duvidoso, e a suspeita de que os recursos destinados à causa acabam no bolso dos apóstolos, bispos e pastores, não são poucas as pessoas que se sentem desestimuladas à contribuição financeira. Outras tantas se sentem enganadas, e algumas o foram de fato. Há ainda os que preferem fazer o bem sem a intermediação institucional. Mas o fato é que as igrejas e suas respectivas ações de solidariedade vivem das ofertas financeiras de seus frequentadores e fiéis. Entre as instituições que mais recebem doações, as igrejas ocupam de longe o primeiro lugar na lista de valores arrecadados. Por que, então, as pessoas contribuem financeiramente nas igrejas?
 
Não são poucas as pessoas que tratam suas contribuições financeiras como investimento. Contribuem na perspectiva da negociação: dou 10% da minha renda e sou abençoado com 100% de retorno.  Tentar fazer negócios com Deus é um contra-senso, pois quem negocia sua doação está preocupado com o benefício próprio, doa por motivação egoísta, imaginando levar vantagem na transação. É fato que quem muito semeia, muito colhe. Mas essa não é a melhor motivação para a contribuição financeira na igreja.
 
Há quem contribua por obrigação. É verdade que a Bíblia ensina que a contribuição financeira é um dever de todo cristão.  A prática do dízimo, instituída no Antigo Testamento na relação de Deus com seu povo Israel foi referida por Jesus aos seus discípulos, que deveriam não apenas dar o dízimo, mas ir além, doando medida maior, excedendo em justiça. A medida maior era na verdade muito maior. Os religiosos doam 10%, os cristãos abrem mão de tudo, pois crêem que não apenas o dízimo pertence a Deus, mas todos os recursos e riquezas que têm em mãos pertencem a deus e estão apenas sob seus cuidados.
 
Alguns mais nobres doam por gratidão. Pensam, “estou recebendo tanto de Deus, que devo retribuir contribuindo de alguma maneira”. Nesse caso, correm o risco de doar apenas enquanto têm, ou apenas enquanto estão sendo abençoados. A gratidão é uma motivação legítima, mas ainda não é a melhor motivação para a contribuição financeira.
 
Existem também os que contribuem em razão de seu compromisso com a causa, com a visão, acreditam em uma instituição e querem por seu dinheiro em algo significativo. Muito bom. Devem continuar fazendo isso. Quem diz que acredita em alguma coisa, mas não mete a mão no bolso, no fundo, não acredita. Mas essa motivação está ainda aquém do espírito cristão. Aliás, não são apenas os cristãos que patrocinam o que acreditam.
 
Muitos são os que doam por compaixão. Não conseguem não se identificar com o sofrimento alheio, não conseguem viver de modo indiferente ao sofrimento alheio, sentem as dores do próximo como se fossem dores próprias. Seu coração se comove e suas mãos se apressam em serviço. A compaixão mobiliza, exige ação prática. Isso é cristão. Mas ainda não é suficiente.
 
Poucos contribuem por generosidade. Fazem o bem sem ver a quem. Doam porque não vivem para acumular ou entesourar para si mesmos. Não precisam ter muito. Não precisam ver alguém sofrendo, não perguntam se a causa é digna, não querem saber se o destinatário da doação é merecedor de ajuda. Eles doam porque doar faz parte do seu caráter. Simplesmente são generosos. Gente rara, mas existe. O relacionamento com Jesus gera esse tipo de gente.
 
Finalmente, há os que contribuem por piedade. Piedade, não no sentido de pena ou dó. Piedade como devoção, gesto de adoração, ato que visa apenas e tão somente manifestar a graça de Deus no mundo. Financiam causas, mantém instituições, ajudam pessoas, tratam suas posses como dádivas de Deus, e por isso  são gratos, e são generosos. Mas o dinheiro que doam aos outros, na verdade entregam nas mãos de Deus. Para essas pessoas, contribuir é adorar.
 
Fonte: http://www.guiame.com.br/

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Não esqueça: na Graça há disciplina! – C. H. Spurgeon




Por isso, afligirei a descendência de Davi; todavia, não para sempre.

1 Reis 11.39


Na família da graça existe disciplina, severa o bastante para tornar o ato de pecar uma coisa ruim e dolorosa. Salomão, desviado do Senhor por suas mulheres estrangeiras, estabeleceu outros deuses e provocou sensivelmente o Deus de seus pais. Por isso, dez partes de seu reino separaram-se e constituíram um Estado rival. Isto foi um aflição dolorosa para a casa de Davi, uma aflição que por obra de Deus mesmo sobreveio a esta dinastia como resultado de uma conduta ímpia.


O Senhor disciplinará os melhores dos seus servos amados, se eles se afastarem da plena obediência aos mandamentos dEle. Talvez no presente momento essa disciplina esteja sobre nós. Clamemos humildemente: O Senhor, mostra-me porque contendes comigo.


Que expressão extremamente animadora é esta: "Não para sempre"! A punição do pecado é eterna, mas a disciplina do Senhor contra o pecado em um de seus filhos dura apenas por um tempo. A enfermidade, a pobreza, a desânimo de espírito desaparecerão quando houverem realizado o efeito tencionado. Lembremos que não estamos mais debaixo da lei e sim da graça.


A vara da disciplina pode nos fazer sentir dores agudas, mas a espada jamais nos fará morrer. Nossa aflição presente tem o objetivo de nos trazer ao arrependimento, a fim de que não sejamos destruídos juntamente com os ímpios.

Fonte: http://www.charleshaddonspurgeon.com/

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Missões, um investimento de consequências eternas - Hernandes Dias Lopes



Jesus, o Filho de Deus, deixou a glória que tinha com o Pai, no céu, e veio ao mundo, encarnou-se e habitou entre nós. Veio como nosso representante e substituto. Veio para morrer em nosso lugar. Seu nascimento foi um milagre, sua vida foi um exemplo, sua morte foi um sacrifício vicário, sua ressurreição uma vitória retumbante. Jesus concluiu sua obra redentora e comissionou sua igreja a ir por todo o mundo, proclamando o evangelho a toda a criatura. Por essa razão, a obra missionária merece nossos melhores investimentos. Destacamos, aqui, dois investimentos que devemos fazer na obra missionária:

Em primeiro lugar, o investimento de recursos financeiros. A Bíblia diz que aquele que ganha almas é sábio (Pv 11.30). Investir na obra missionária é fazer um investimento para a eternidade; é fazer um investimento de consequências eternas. Nada trouxemos para este mundo nem nada dele levaremos. Os recursos que Deus nos dá não são apenas para o nosso deleite. Devemos empregar, também, esses recursos para promover o reino de Deus, levando o evangelho até aos confins da terra. A contribuição cristã não é um peso, mas um privilégio; não é um fardo, mas uma graça. Deus nos dá a honra de sermos cooperadores com ele na implantação do seu reino. Não fazemos um favor para Deus contribuindo com sua obra; é Deus quem nos dá o favor imerecido de sermos seus parceiros. Estou convencido, portanto, de que a melhor dieta para uma igreja é a dieta missionária. Quando Oswald Smith chegou à Igreja do Povo, em Toronto, com vistas a assumir o pastorado daquela igreja, fez uma série de conferências de uma semana. Nos três primeiros dias pregou sobre missões. A liderança da igreja reuniu-se e disse ao pastor que a igreja estava com muitas dívidas e que aquele não era o momento oportuno de falar sobre missões. Smith continuou nessa mesma toada e no final da semana fez um grande levantamento de recursos para missões. O resultado é que aquela igreja, por longas décadas, jamais enfrentou crise financeira. Até hoje, ela investe mais de cinquenta por cento de seu orçamento em missões mundiais.

Em segundo lugar, investimento de vida. A obra de Deus não é feita apenas com recursos financeiros, mas, sobretudo, com recursos humanos. Fazemos missões com as mãos dos que contribuem, com os joelhos dos que oram e com os pés dos que saem para levar as boas novas de salvação. Tanto os que ficam como os que vão são importantes nesse processo de proclamar o evangelho de Cristo às nações. Os missionários que vão aos campos e as igrejas enviadoras precisam estar aliançados. William Carey, o pai das missões modernas, disse que aqueles que seguram as cordas são tão importantes como aqueles que descem às profundezas para socorrer os aflitos. Os que guardam a bagagem e os que lutam no campo aberto recebem os mesmos despojos. Devemos fazer missões aqui, ali e além fronteiras concomitantemente. Devemos empregar o melhor dos nossos recursos, o melhor do nosso tempo e da nossa vida para que povos conheçam a Cristo e se alegrem em sua salvação. Alexandre Duff, missionário presbiteriano na Índia, retornou à Escócia, seu país de origem, depois de longos anos de trabalho. Seu propósito era desafiar os jovens presbiterianos a continuarem a obra missionária na Índia. Esse velho missionário, numa grande assembleia de jovens, desafiou-os a se levantarem para essa mais urgente tarefa. Nenhum jovem atendeu seu apelo. Sua tristeza foi tamanha, que ele desmaiou no púlpito. Os médicos levaram-no para uma sala anexa e massagearam-lhe o peito. Ao retornar à consciência, rogou-lhes que o levassem de volta ao púlpito, para concluir seu apelo. Eles disseram: "O senhor não pode". Ele foi peremptório: "Eu preciso". Dirigiu-se, então, aos moços nesses termos: "Jovens presbiterianos, se a rainha da Escócia vos convidasse para ir a qualquer lugar do mundo como embaixadores, iríeis com orgulho. O Rei dos reis vos convoca para ir à Índia e não quereis ir. Pois, irei eu, já velho e cansado. Não poderei fazer muita coisa, mas pelo menos morrerei às margens do Ganges e aquele povo saberá que alguém o amou e se dispôs a levar-lhe o evangelho". Nesse instante, dezenas de jovens se levantaram e se colocaram nas mãos de Deus para a obra missionária!

terça-feira, 17 de julho de 2012

A pregação triunfalista e a Fiel

 


Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas? Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus. 2Co 2:14-17

Indo direito ao ponto, a pregação moderna é triunfalista e falsa. Triunfalista por estar contaminada e comprometida com o chamado evangelho da prosperidade. Falsa por estar divorciada do puro evangelho, o evangelho da glória de Deus. Da pouca pregação que há nas igrejas, a maior parte é diluída para agradar o paladar dos que não suportam a sã doutrina e poluída com filosofias humanistas, para atender a interesses monetários dos profetas da confissão positiva.

E os tais não são poucos, pois Paulo se referiu aos "tantos outros" que estavam "mercadejando a Palavra de Deus". Se em seus dias era assim, nos nossos a proporção de mascates da fé parece ter aumentado, cumprindo-se o alerta de que viria um "tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências" (2Tm 4:3). Hoje, a sã doutrina não apenas é negligenciada, mas acusada de ser causa de divisão na igreja. Por isso rareiam os que firmam posição ao lado da verdade e pululam os que buscam popularidade e ganho fácil junto aos que preferem uma mensagem conforme às suas concupiscências.

Tais pregadores estão “mercadejando a Palavra de Deus”. Mercadejar refere-se a vendedores ambulantes, que percorriam ruas e cidades oferecendo suas mercadorias. Eles não tinham escrúpulos em adulterar seus produtos para lucrar mais, por isso o termo tanto significa comercializar como falsificar. Apropriadamente, a ARC os chama de "falsificadores da palavra de Deus”. O que a Bíblia está dizendo é que tais pregadores não apenas falsificam a Escritura, mas o fazem de forma deliberada com o sórdido objetivo de obter lucro para si. São comerciantes da Palavra de Deus, e comerciantes desonestos.

É o caso quando usam a declaração "graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo" (2Co 2:14) para afirmar que Deus faz o crente triunfar "sempre" (em todo o tempo, constantemente) e "em todo lugar". Pois não é isso que Paulo está ensinando. Pelo contrário, ele refere-se ao desfile em triunfo que um general romano fazia ao retornar vitorioso de uma batalha, trazendo despojos e cativos. Ele desfilava pela cidade, seguido pelos prisioneiros, enquanto o povo o aclamava e queimava incenso. Para os prisioneiros que seriam poupados e serviriam como escravos, o perfume era agradável, pois significava a vida, mas para os que estavam destinados à execução, era um cheiro de morte. Paulo se incluía entre os primeiros, colocando-se como um escravo voluntário do Conquistador Jesus.

Assim, mesmo aparentando estar frustrado com os resultados da sua pregação em Trôade, ele diz "graças sejam dadas a Deus", pois sendo um escravo conquistado e poupado da morte por Jesus, reconhecia o Seu direito de o levar num desfile triunfal por onde quisesse. Mas o triunfo, reitere-se, é de Jesus e não do escravo, que se contenta em ser "para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem", pois o Senhor, "por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento". E isso se dá pela pregação fiel.

Esse tipo de pregação fiel apresenta algumas características que a distingue da pregação triunfalista. Começa com o reconhecimento da posição do pregador como escravo conquistado e conduzido numa procissão triunfal, como vimos. Ele não prega onde quer ou quando quer, mas onde o seu Senhor o levar. E reconhece a própria incapacidade de responder à altura de seu chamado, dizendo: "quem, porém, é suficiente para estas coisas?". Reconhece também que a fonte de sua mensagem não é ele próprio, nem os engodos dos profetas da prosperidade, pois fala "da parte do próprio Deus". Sendo a mensagem de Deus, ele a prega ciente da supervisão divina, prega "na presença de Deus". E pregando na presença de Deus, não lhe resta outro modo de pregar que não seja "em sinceridade".

O pregador fiel não tem dúvidas quanto aos resultados de seu ministério. Sabe que a Palavra não volta vazia, antes cumpre o que Deus determinou. Nos eleitos, produzirá fé salvadora, como“aroma de vida para vida”. Mas para os réprobos, a mesma pregação produz mais endurecimento, como um “cheiro de morte para morte”. De uma forma ou de outra, Deus é glorificado e o pregador regozija-se nisso. Logo, o pregador fiel não se ilude quanto à levar multidões à fé, nem se aflige se os resultados parecem poucos, pois não se desespera sabendo que nenhum eleito deixará de ouvir e crer no Senhor. E que os que não derem crédito à pregação e forem após os vendilhões de um evangelho corrompido é porque foram entregues à operação do erro, por não aceitarem a verdade.
Soli Deo Gloria



Qual é o coração do evangelho? - John MacArthur


Fonte: http://www.vemver.tv/

Um só livro




Por Norma Braga

Não entendo que muitos que se denominam “cristãos” hoje consigam tranquilamente negar a base de toda a nossa fé: a unidade da Bíblia.

Em primeiro lugar, eles demonstram com isso uma tremenda falta de confiança nos irmãos que tanto trabalharam, antes deles, durante séculos, nas mais variadas áreas, para reconhecer e confirmar a autenticidade de todos os 66 livros das Escrituras. Exibem-se assim não só como pretensos “descobridores da pólvora” – e Deus sabe o quanto a tentação do ineditismo, em nossos dias, é avassaladora – , mas sobretudo como desdenhosos (e, não duvido, ignorantes) de todo o generoso encaminhamento investigativo que Deus permitiu para que tivéssemos esse impressionante Livro, coeso, em nossas mãos.

Em segundo lugar, fazem com a Bíblia algo que jamais fariam com seu autor literário predileto: ignoram pedaços inteiros como “corpos estranhos” para dar coerência a uma ideia previamente estabelecida por eles, imputando-a ao todo como uma camisa-de-força. Agem assim como verdadeiros Jacks Estripadores do livro que sustenta todo o cristianismo. Fico imaginando um crítico literário que, diante de um romance de Albert Camus como A peste, tentasse provar intenções espúrias do personagem principal, doutor Rieux, argumentando que todas as páginas que descrevem seus esforços contra a praga “não foram, na verdade, escritas por Camus e não pertencem ao livro”. Será que daríamos tanta atenção a esse crítico quanto damos aos teólogos universalistas, por exemplo – que, contra toda palavra do próprio Cristo sobre o inferno, preferem “pular” os trechos que os tiram de sua zona de conforto ou, pior, preferem interpretá-los esotericamente? Por que levaríamos as Escrituras menos a sério, em sua inteireza, do que consideramos uma obra de literatura? Posso entender essa leitura afrouxada por parte de um descrente, mas não de um crente em Cristo, sobretudo quando pensamos o quanto Cristo conhecia, estudava e amava a Palavra que tinha em suas mãos: o Antigo Testamento.

Diante de qualquer texto, requer-se do leitor que não projete seus próprios anseios e preconceitos por sobre a leitura. Caso proceda assim, será um mau leitor e não conseguirá formar uma ideia adequada do que está lendo, seja uma narração, uma descrição ou uma peça argumentativa. A Bíblia precisa de leitores que a abordem, no mínimo, como a um texto coerente, não um amontoado de frases ou livros sem conexão entre si. Mas, sobretudo, precisa de leitores que se aproximem dela como se aproximariam do próprio Cristo: com “ouvidos para ouvir”, ou seja, humildade para aprender e coração fértil para as mudanças que Deus quer operar em nós, para a Sua glória. Só para esse leitor humilde a Bíblia será, como foi para Timóteo, “as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm 3.15).